A dona de casa Rosângela da Silva Pereira, 44 anos, ainda tinha esperança de encontrar a filha viva. Foram três meses de angústias, sem nenhuma notícia. A desconfiança de que o corpo encontrado concretado em uma obra, no início de abril, na Praia da Costa, em Vila Velha, fosse da estudante Lorena da Silva Pereira Martins, 17 anos, veio depois de uma entrevista que a mãe da garota viu na televisão, com a delegada que investigava o caso.
A descrição das tatuagens batiam com as de Lorena: uma estrela de Davi em uma panturrilha, e uma imagem composta por um coração, uma âncora, um laço de fita cor de rosa e a palavra 'Jesus' na outra. A certeza, veio para a família na manhã desta quarta-feira (17).
O acusado de cometer o crime, Lucas Raphael dos Santos Silva, 33 anos, foi preso na semana passada, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Como o prazo para identificação e retirada do corpo é de 30 dias, o corpo de Lorena foi sepultado sem identificação, no cemitério de São Domingos, na Serra.
Quando teve certeza de que era o corpo da sua filha naquela obra?
Meu coração já estava aflito por não ter notícias dela há muito tempo, e quando eu vi a entrevista da delegada na televisão, descrevendo as tatuagens da vítima, meu coração apertou. Ali, tive certeza de que pudesse ser a minha Lorena.
Por quanto tempo ela ficou desaparecida?
Ela sempre sumia, mas voltava. Nunca ficou muito tempo na rua, sem dar notícias. Se não aprecia, arrumava um jeito de me avisar que estava viva. Ela também não ficava muito tempo sem ver o filho.
Quantos anos ele tem?
Um ano e quatro meses, é a luz da nossa casa.
Como era a Lorena?
Uma filha muito boa, atenciosa. Tinha seus rompantes normais de toda adolescente.
Quando ela começou a usar drogas?
Quando o primeiro bebê dela morreu, logo após nascer. Ela queria tanto aquele filho e tão nova, não teve estrutura para suportar a perda. Entrou numa depressão profunda e encontrou as drogas. Daí, foi só o fundo do poço.
Ela dizia que queria fazer tratamento?
Sim, dava sinais que queria mudar, cuidar do filho. Na última vez que nos vimos, ela pediu ajuda e disse que aceitaria fazer um tratamento, depois sumiu. Nesse tempo, ficamos procurando uma clínica enquanto também procurávamos por ela. Fomos em todos os lugares que ela costuma estar. Nunca desisti de achar minha filha. Meu coração tinha esperanças de achá-la viva. Queria poder abraçar ela agora.
Como foi não poder estar presente no enterro da sua filha?
Muito dolorido. Ela foi enterrada como indigente. Mas, agora com a identificação do corpo e com a Certidão de Óbito na mão, vou poder colocar uma lápide no túmulo dela e saber onde minha filha está.
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