Elias Wagner, cantor e compositor capixaba
Elias Wagner, cantor e compositor capixaba
Elias Wagner

“A deficiência me ajudou a ser visto”

Deficiente físico desde os 2 anos de idade, o cantor e compositor fala sobre seus 21 anos de carreira, parcerias com artistas renomados e a projeção no cenário nacional

Elias Wagner, cantor e compositor capixaba
Publicado em 01/03/2020 às 08h05

Mais de três milhões de visualizações em um clipe e uma trajetória de 21 anos na música que já acumula 12 álbuns e 3 DVDs. Assim poderia ser resumida a carreira de Elias Wagner, de 51 anos. Mas a história do capixaba vai muito além dos números.

Nascido na cidade de Rio Bananal, no Norte do Espírito Santo, e hoje morador de Linhares, o cantor foi lançado no cenário nacional e passou a ser reconhecido em várias partes do país em 2016, quando gravou "Sou Igualzinho a Você" junto a Amado Batista. Porém, dez anos antes, ele já despontava para o sucesso aqui no Estado com "Eu Não Tomei a Gotinha", que vendeu 100 mil cópias em todo o Espírito Santo.

A música relata a história do próprio Elias. Aos dois anos de idade, o artista foi diagnosticado com paralisia infantil, o que provocou a perda dos movimentos das pernas, o que nunca foi um obstáculo em sua vida. Pelo contrário, o músico afirma que a deficiência fez com que ele fosse visto.

Agora com foco no digital, o cantor já é acompanhado por uma legião de fãs nas redes sociais. A música “A Dor Um Dia Vai Passar”, por exemplo, ultrapassou a marca de 3 milhões de visualizações desde seu lançamento em 2019. Além disso, as parcerias com artistas renomados o ajudaram a se lançar no cenário nacional, aumentando o público e o número de shows. Na entrevista, ele conta como começou na música, os desafios e os projetos para 2020.

Você é deficiente físico, como isso aconteceu?

Bom, eu fiquei deficiente físico com 2 anos de idade. Eu tive paralisia infantil porque eu não tomei a gotinha, aquela gotinha que toma de 0 a 5 anos, então eu tive poliomielite, que me ocasionou a perda dos movimentos das pernas. Inclusive uma das minhas canções descreve essa minha história.

Quando decidiu que iria seguir carreira na música?

Eu cresci ouvindo meu pai tocar gaita. Ele chegava da roça e todos os dias eu pedia pra ele tocar, então eu nasci nesse berço de música, meu pai tocava, meus irmãos cantavam na igreja, e eu cresci nesse meio. Como eu sou deficiente físico, não podia acompanhá-los na roça, e a música já fazia parte da minha vida. Eu fui descobrindo aos pouquinhos que dava para viver de música, comecei tocando em barzinhos de Governador Lindenberg, em 1995, por aí, mas, só gravei meu primeiro CD em 1999.

Quais foram suas inspirações para se tornar cantor?

Eu cresci ouvindo rádio, ouvia muito Amado Batista, Roberto Carlos, e acredito que foram as minhas inspirações, principalmente o Amado. Eu gosto muito das músicas dele e ele me inspirou muito a cantar.

Como foi o primeiro show como cantor?

Meu primeiro show foi na cidade de Governador Lindenberg. Quando eu despertei pra vida assim, eu tinha em torno de 16 para 17 anos. Lá, meus primos tinham uma banda e me chamaram pra cantar com eles. As minhas primeiras apresentações foram ali com os meus primos, que se chamavam Os Irmãos Klippel.

Já são quase 21 anos de carreira, como avalia essa trajetória?

Bom, eu conto a minha história musical a partir de 1999, que foi quando eu gravei o meu primeiro CD e meu trabalho se tornou mais amplo. Eu comecei a viajar pelo Espírito Santo. Para mim é muito gratificante, saber que eu sempre sonhei com tudo isso e tudo isso aconteceu na minha vida até agora. Poder sobreviver das minhas músicas me deixa muito feliz. Sei que tenho muito chão pela frente, muito trabalho e muita luta e muitas coisas a conquistar. Sei que enquanto eu tiver muita vontade, muito brilho no olhar, vou cada vez mais para frente.

A deficiência em algum momento foi um obstáculo para sua carreira?

Olha, eu não acho, eu nunca pensei na minha deficiência me tirando coisas, me tirando oportunidades. Acho até que a minha deficiência me ajudou de alguma forma a ser visto, ou pelo menos por um público, um público sem preconceito, um público amoroso, que me acompanha até hoje.

Durante a carreira, sempre conseguiu se dedicar exclusivamente à música?

A minha vida inteira foi música. Eu nem sei o que seria de mim sem música, eu vivo exclusivamente da minha música, esses anos todos, e sou muito feliz e grato a Deus por tudo isso e às pessoas que gostam do meu trabalho, que compraram por muito tempo os meus CDs e hoje ouvem minhas músicas nas plataformas digitais.

Na sua visão, o que foi determinante para alcançar o reconhecimento que você tem hoje?

Acho que foi encontrar bons parceiros, pessoas que me ajudaram, fãs realmente que lutaram junto comigo e levaram minha música para frente. Ter parcerias com pessoas especiais modificou minha vida para melhor. Uma das pessoas que alavancaram a minha carreira foi o Amado Batista.

Como muitos artistas, você também fez parcerias ao longo da carreira?

rios artistas locais aqui do Estado do Espírito Santo e a parceria que me levou para o Brasil inteiro, foi uma parceria que nós gravamos em 2016, a música lançada “Sou Igualzinho a Você”, lançada com o Amado Batista. Ele me convidou para participar do DVD dele e essa foi uma parceria que me apresentou aos fãs do Amado que passaram a gostar das minhas músicas. Sou muito grato a essas parcerias, a todas elas, tanto essas daqui do Estado como essa com o Amado Batista.

Como surgiu essa amizade com o cantor Amado Batista?

Em 2006, um fã do Amado e que gosta das minhas músicas também, não sabemos quem é, entregou uma fita cassete para ele em um show que ele veio fazer no Espírito Santo. O Amado ouviu a música “É Assim Que Eu Amo” e gravou, com direitos reservados, não sabia que a música era minha. Ele colocou o nome da música como “Força do Amor”, e não sabia o nome da música porque a fita era uma fita pirata. Ele colocou direitos reservados no DVD e CD, e fez uma homenagem aos compositores das músicas que ele gravou. Aí surgiu a amizade com o Amado Batista. Dez anos depois ele me convidou para participar de outro DVD dele e isso ajudou demais para que a minha música chegasse ao Brasil inteiro.

Você se tornou um artista conhecido nacionalmente, como avalia isso?

É gratificante você saber que você lutou tanto para chegar até aqui. O fato de ter chegado até aqui te deixa sentir um sabor especial. É muito gratificante. Depois da aparição nacional os shows aumentaram, o público aumentou e as pessoas passaram a me olhar com um olhar diferente. O público cresceu muito.

Com bastante experiência na música, como você avalia o mercado capixaba?

Eu acho que a música no Espírito Santo tem melhorado com o passar do tempo. O público aumentou e muito, eu acho que os artistas locais também começaram a olhar para o show de uma forma diferente. Eu acho que o que precisava acontecer era isso mesmo, que é o investimento da parte do artista para que o público quando vá ao show veja realmente um espetáculo. Acredito que nós estamos no caminho certo.

Quais são os projetos atuais?

Eu estou trabalhando muito com as redes sociais, investindo muito em novos clipes. Eu tenho um canal no YouTube no qual eu posto tudo que eu faço, as novas músicas e outras coisas. Lancei uma canção no ano passado que deu um grande resultado, chegamos a mais de 3 milhões de pessoas e estou muito feliz com tudo isso. As pessoas têm gostado do nosso trabalho.

O que os fãs podem esperar para 2020?

A gente já vem fazendo uma sequência de coisas novas na internet, investindo muito e nossos fãs podem esperar neste ano de 2020 um novo show, com uma melhor estrutura, com a exibição da minha história antes do show, uma coisa que eu sempre quis fazer e nesse ano será possível. 2020 promete um show muito emocionante, muito divertido.

Qual o conselho você deixa para os fãs que se inspiram em você?

A mensagem que eu deixo para todos é que se você quer algo, que você busque de todo o seu coração, tenha certeza absoluta que Deus vai te ajudar a conseguir. Acredite, você é capaz.

Cantor e compositor capixaba Elias Wagner ao lado de Amado Batista. Crédito: Divulgação
Cantor e compositor capixaba Elias Wagner ao lado de Amado Batista. Crédito: Divulgação

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