Em fevereiro deste ano, a pedagoga Bianca Paz, 25, recebeu uma ligação desesperada. A mãe dela tinha recebido em um grupo de WhatsApp do trabalho a informação de que a filha havia sido presa em Minas Gerais acusada de tráfico de drogas.
A acusação se espalhou por Aracruz, Norte do Estado, cidade onde ela vive, e desde então provoca danos na vida da jovem. Com dificuldade até de encontrar emprego, ela procurou a Justiça para tentar encontrar uma solução para a questão.
Bianca não está sozinha. Como a dela, mais de 200 ações por calúnia, injúria e difamação chegam ao Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) todo mês. Apenas nos primeiros meses deste ano, já foram registradas mais de 700 ações desse tipo, a maioria ocorreu por situações nas redes sociais.
A informação falsa sobre Bianca circulou rapidamente por grupos e por mensagens através do aplicativo.
Mesmo tendo passado os dias seguintes à divulgação se explicando para familiares e amigos, Bianca passou a sofrer com os olhares de reprovação nas ruas. Teve um dia em que eu fui ao banco pagar uma conta. Quando percebi, todos estavam me encarando e olhando pra mim. Fui embora chorando, conta.
Ela completa a lembrança ruim: Aracruz é uma cidade pequena, então eu dava dois passos nas ruas e alguém me parava para falar dessa mensagem. Chegou uma hora que eu não queria mais falar do assunto, não queria mais cumprimentar ninguém.
Bianca procurou a polícia e registrou um boletim de ocorrência por injúria, calúnia e difamação.
Ela procurou ainda a advogada Lorrany Oliveira para entrar com um processo pedindo indenização por danos morais à pessoa suspeita de ter originado a mensagem falsa.
Foi um estrago muito grande. Estou tendo até que fazer tratamento psicológico. Minha mãe, meu pai e minha irmã sofreram constrangimento no trabalho, foi horrível, relata a jovem.
AMEAÇA
Em Cariacica, uma técnica em saúde bucal de 24 anos também procurou a Justiça após receber ameaças e xingamentos pelas redes sociais. No caso dela, a responsável pelos crimes é conhecida e não deixa de mostrar o rosto.
Ela chegou a ser condenada por ameaça no início deste ano. No entanto, a vítima alega que as ameaças continuam mesmo após o fim do processo. Ainda tenho medo de sair na rua e encontrar com ela, diz.
DEPOIMENTO
Falava para eu tomar cuidado, que ia me bater
Começou em setembro de 2016. A ex-namorada do meu atual namorado usou as redes sociais para me ameaçar e falar mal de mim. Falava para eu tomar cuidado, que iria me bater e eu não teria ninguém para me ajudar. Também me xingava. Entrei com um processo e ganhei este ano. Mas ela voltou a me ameaçar depois disso. Ainda tenho medo de sair na rua e encontrar com ela.
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