Pescadores de Nova Almeida, na Serra, estão encontrando dificuldades para trabalhar devido ao assoreamento no encontro do Rio Reis Magos com o mar. São três grandes bancos de areia na região que dificultam a passagem dos barcos. Eles alegam que o problema existe há anos, mas que piorou muito após a captação de água do rio começar a funcionar em outubro passado, com o novo sistema de abastecimento da Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan).
A presidente da Colônia de pescadores da Serra, Renata dos Santos Pereira, 36 anos, diz que a captação está trazendo prejuízo para cerca de 60 famílias de pescadores que dependem diretamente do Reis Magos ou precisam dele como um canal para chegar até o mar e conseguir seu sustento com a pesca.
O rio está assoreado há tempos, mas depois que a Cesan começou a captação a situação está cada vez pior. Um acidente neste mês, inclusive, foi provocado devido aos bancos de areia que estão perceptíveis com a maré baixa, comenta.
O sistema de captação do Reis Magos tem capacidade de puxar 500 litros de água por segundo. O recurso é tratado e encaminhado para o reservatório de Serra-Sede para abastecer 150 mil pessoas ao Norte da Região Metropolitana, principalmente na Serra.
Mas, segundo os pescadores, a consequência da captação foi o aumento dos três bancos de areia que estão localizados próximo à praça de onde saem os barcos. O pescador Juarez Messias de Jesus, de 49 anos, diz que, na verdade, um deles apareceu neste ano. As ilhas criadas pelo assoreamento são próximas. Em menos de dois minutos, a reportagem pegou uma embarcação e conseguiu sair de um ponto e chegar no outro.
Durante o trajeto foi encontrado outro problema: embaixo da ponte que passa sobre o rio foi preciso passar entre dois pontos estreitos que possuíam mais profundidade para conseguir atravessar. O cuidado é necessário para evitar que os barcos sofram danos ou possam até mesmo encalhar.
Juarez reforça que com o agravamento da situação nos últimos meses já aconteceram acidentes com embarcações que bateram nos bancos de areia.
ROTINA
Alguns pescadores tiveram até que mudar a rotina devido ao problema de assoreamento, tendo que esperar a maré subir para sair com a embarcação. Na parte da manhã, por exemplo, barcos grandes não conseguem passar e até os pequenos acabam encontrando dificuldade.
Eu preciso esperar a maré subir para conseguir trabalhar, agora eu saio à noite e volto bem cedo, contou Juarez.
Preocupado com o problema que tem dificultado a pesca, Juarez já recolheu cerca de mil assinaturas para enviar um documento ao poder público como forma de reivindicar melhorias. Eu peço que as autoridades olhem para gente e ouçam os pescadores, precisamos de ajuda, finaliza o pescador.
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