> >
Universitários ajudam família da Grande São Pedro a reformar casa

Universitários ajudam família da Grande São Pedro a reformar casa

Alunos de Arquitetura e Engenharia fazem parte de um projeto que transforma imóveis em locais mais apropriados à moradia

Publicado em 8 de novembro de 2019 às 17:03

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Juliana Ribeiro do Nascimento Santos e a pequena Flavia Helena diante da casa que esta sendo reformada. (Fernando Madeira)

No Beco 28 de Dezembro, em Redenção, na Grande São Pedro, em Vitória, as casas são erguidas umas bem coladinhas às outras. Por lá, é difícil a luz entrar e, definitivamente, não é “lugar onde o vento faz a curva” porque também falta ventilação. Nessas condições, problemas de saúde são recorrentes. Assim vivia a operadora de caixa Juliana Ribeiro do Nascimento dos Santos, num imóvel que não tem número, mas que agora, após ser selecionado em um projeto de reformas, está se tornando apto à moradia.

Juliana foi contemplada pelo “Adote uma Casa”, projeto de extensão da Universidade de Vila Velha (UVV), que reúne alunos de Arquitetura e Engenharia Civil para oferecer assistência técnica à população de baixa renda, transformando imóveis em ambientes adequados para as pessoas viverem. A família da operadora de caixa é a quinta a ser beneficiada.

Além de desenvolver projetos que eliminam problemas como infiltração, vazamento de esgoto, baixa luminosidade e pouca ventilação, que favorecem o aparecimento de doenças, a equipe do “Adote uma Casa” também busca parceiros para viabilizar a execução da reforma.

A mão de obra da residência de Juliana está sendo paga com recursos do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Espírito Santo (CAU-ES), enquanto os materiais são doados por empresas da área de construção. O custo das reformas varia de R$ 12 mil a R$ 15 mil e, em geral, os donos da casa precisam se mudar para outro local durante as obras.

Aspas de citação

Para evitar contratempos, só começamos uma obra quando já conseguimos pelo menos 70% dos recursos que vão ser necessários. Temos uma responsabilidade com essas famílias

Alexandre Ricardo Nicolau
Professor e coordenador do projeto
Aspas de citação

SELEÇÃO

Entre os critérios para a família ser selecionada para o projeto, estão: ter renda de até três salários mínimos (R$ 2.994) e o imóvel estar situado em uma Zona Especial de Interesse Social (Zeis). Nessa região, a equipe conta com o apoio de agentes comunitários para mapear as casas que precisam de intervenção.

Alexandre Nicolau explica que, quando a casa tem risco de desabamento, o custo fica muito elevado e o projeto não tem condições de assistir. Nessa situação, a Defesa Civil é comunicada para que sejam adotadas as providências necessárias. O foco do "Adote uma Casa" é, sobretudo, eliminar problemas que afetam a saúde e a qualidade de vida das famílias. "Já atendemos uma família que, num espaço de 28 metros, moravam oito. Ampliamos a casa e a tornamos habitável", conta.

Na casa de Juliana, a dificuldade ia além do espaço. Com chuva ou sol, a família sofria. Insetos se proliferavam, bem como eram recorrentes os problemas respiratórios. 

Aspas de citação

Sempre morei aqui. Nesta época do ano, não tinha ventilador que desse jeito no calor. Quando chovia, eram goteiras, água escorrendo pela parede, o beco alagava e entrava água pela porta também. Não tinha móvel que aguentasse. Também apareciam baratas, ratos. Muito complicado, principalmente para as crianças

Juliana dos Santos
Operadora de caixa
Aspas de citação

MELHORIAS

Aos 34 anos, casada com Carlos José Souza dos Santos Nascimento e mãe de três meninas, Juliana é só alegria com a perspectiva de ocupar a casa nova. O local agora tem dois quartos, o teto foi elevado, as janelas foram melhor posicionadas, foram tratados problemas de vazamento de esgoto e infiltração. A casa também recebeu uma demão de tinta e novo piso, entre outros serviços de acabamento.

Para a mudança, que deve acontecer até o início de dezembro, está sendo  colocado o forro no teto. A equipe do "Adote uma Casa" ainda está em busca de parceiros para poder colocar um armário na cozinha, já que o anterior não cabe porque houve a necessidade de instalar uma janela para aumentar a ventilação. 

"O que estou vendo aqui é um sonho realizado. A palavra que tenho é gratidão por esse projeto em minha vida. A gente é acostumada a ver essas coisas na tevê, e quando meu esposo falou que iam reformar a nossa casa, nem acreditei. Estou muito, muito feliz. Quando chegar o final do ano, vou falar: 'Ano novo, vida nova!'"

ESTUDANTES 

Além das famílias atendidas, o projeto também colabora com a formação dos estudantes, colocando no mercado um novo perfil de arquitetos e engenheiros, com uma visão mais ampla sobre o problema das moradias no Estado e no país. No Espírito Santo, conforme o número inscritos no CadÚnico, o déficit habitacional atinge mais de 220 mil pessoas, o equivalente a 74 mil famílias. 

"Estar nesse projeto foi uma boa oportunidade porque é um ramo que não é muito falado, e os arquitetos também trabalham pouco. Foi uma oportunidade grande estar com as famílias, conhecer e saber dos problemas que enfrentam no dia a dia", destaca Clara Sorrentino, 21 anos, aluna de Arquitetura. 

"No projeto, eu aprendi coisas que não tive contato tão íntimo em sala de aula, como a arquitetura social. Sinto que isso é um diferencial na minha graduação", acrescenta Brunna Pauli Rios de Souza, 22, também estudante de Arquitetura.

Este vídeo pode te interessar

Para o estudante de Engenharia Civil, Gabriel Monteiro Flegler, 21, outro aspecto fundamental desse processo é ver o impacto sobre as famílias. "Foi muito bom ver a felicidade da Juliana pelo nosso trabalho de conseguir deixar a casa dela um ambiente mais vívido. Da primeira vez que estivemos aqui, eram nítidos todos os problemas que ela apontava. Depois, quando retornamos com a casa toda pintadinha, mais ventilada do que antes, ela ficou muito feliz e isso traz felicidade para a gente também".

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais