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Sedu ainda não sabe se diploma de professor premiado é falso

Sedu ainda não sabe se diploma de professor premiado é falso

Wemerson da Silva Nogueira, de 27 anos, que concorreu a prêmio considerado o Nobel da Educação é investigado por certificado de Química falso

Publicado em 30 de maio de 2018 às 21:27

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Wemerson da Silva Nogueira chegou a ser eleito o professor nota 10 de 2016. (Divulgação/Globo)

Após um ano, a Secretaria Estadual de Educação do Espírito Santo (Sedu) ainda não concluiu as investigações por suspeita de uso de diploma falso do professor Wemerson da Silva Nogueira, de 27 anos, conhecido por ter sido o primeiro capixaba a concorrer ao prêmio Global Teacher Prize, considerado o prêmio Nobel da Educação, em 2017. Enquanto isso, o professor vive de palestras e pretende se lançar como deputado federal nas eleições deste ano.

O processo administrativo para averiguação do diploma teve início em maio de 2017. Mas não houve conclusão quando terminou o prazo determinado, que era de 180 dias. A justificativa da Sedu é que os processos tiveram as apurações encerradas, mas que agora se encontram em fase de apresentação de recursos de defesa.

“O prazo (de recursos) vencerá em julho. Caso seja apresentado o pedido de reconsideração, a Corregedoria da Sedu terá 30 dias para análise e depois encaminhará a decisão para o Conselho Estadual de Correição (Consecor) da Secretaria de Estado de Controle e Transparência (Secont) para apreciação e julgamento”, diz nota da Sedu.

Segundo informações divulgadas em maio do ano passado pelo governo, mais de 100 professores estão sendo investigados, entre eles Wemerson. A suspeita é que eles possuem diplomas fraudados de instituições públicas e privadas, de graduação e pós-graduação.

PALESTRAS

Wemerson era professor em designação temporária na Escola Estadual Antônio dos Santos Neves, em Boa Esperança, onde desenvolveu com alunos do 8º ano do ensino fundamental o projeto Filtrando as Lágrimas do Rio Doce. Ficou conhecido internacionalmente e conquistou diversos prêmios.

Na época em que começou a ser investigado, alegou ser vítima de um golpe. Garantiu ter feito o curso de licenciatura em Química e conquistado o diploma pela Universidade Metropolitana de Santos (Unimes), no polo localizado em Pancas, Noroeste do Espírito Santo.

Além da Sedu, Wemerson é investigado pelo Ministério Público Estadual, processo que também não foi conluído e que, segundo o órgão, está em fase final.

Com as investigações em curso, Wemerson não leciona, mas participa de diversos eventos pelo país. Até participou do programa Caldeirão do Huck, da TV Globo, em dezembro. Em 2017, ele começou outra graduação e é aluno do curso de Ciências Biológicas à distância em uma faculdade particular que tem polo em Vitória.

“Eu espero que a investigação seja resolvida da melhor forma possível e que seja preservado o meu direito a defesa. A espera causa muita pressão psicológica. Mas uma coisa é certa: eu vou provar minha inocência e mesmo que a Sedu venha aplicar a penalidade prevista em lei, ainda haverá recursos, enquanto isso, eu vou continuar seguindo minha vida”, diz Wemerson agora.

DESTINO

Para o próximo ano o seu destino é indefinido. Ele alega que pode voltar a dar aula como “professor estagiário” ou “não habilitado”, já que a conclusão do novo curso ocorre somente em 2019. No entanto, também pode partir para a vida política, caso ganhe como deputado federal no Espírito Santo pelo partido Rede Sustentabilidade, ao qual se filiou.

“Ano que vem eu quero voltar pra sala de aula tenho propostas para trabalhar em algumas escolas privadas, porém vem a política e tudo pode mudar. Já sou pré-candidato federal pela Rede Sustentabilidade. Eu acredito que essa é a oportunidade de renovação. Pretendo conseguir recursos principalmente para investir na educação do Estado”, afirma.

ENTREVISTA

O professor Wemerson Nogueira, 27, investigado por uso de diploma falso de Química, afirma que é inocente e que vai provar. Impedido de dar aula, pelo menos até que terminem as apurações, ele tem dado palestras. Mesmo com a acusação, ele defende o projeto que lhe deu notoriedade. “Não precisei devolver nenhum troféu, não perdi nenhum título”, diz.

Em que ponto está a investigação?

Até o presente momento foram apurados os fatos, apresentadas as testemunhas de defesa, a documentação que comprova meu vínculo com a Unimes. Antes da Sedu tomar a decisão, eles precisam me oferecer todas as oportunidades de defesa, isso geralmente acarreta prazos a se cumprir, por esse motivo há uma certa demora.

Quais mudanças ocorreram em sua vida profissional?

Graças a Deus a minha vida continua a mesma. Uma coisa que precisa ser clara é que eu ganhei os prêmios pelo meu projeto Filtrando as Lágrimas do Rio Doce e ele é real. Não precisei devolver nenhum troféu, não perdi nenhum título, continuo fazendo palestras pelo Brasil. Tive a honra de visitar 33 países em cinco continentes desde 2017 estou viajando, contando minha história de vida para jovens, professores, pessoas da sociedade, e isso me enche de orgulho. Isso é o mais importante para mim, quero seguir fazendo isso, pois foi o que sempre fiz. Passar por toda essa situação fez me tornar uma pessoa mais forte, com determinação. Sinto uma resiliência.

Ainda cursa Ciências Biológicas?

Sim, já estou quase me formando e no ano que vem estou de volta a sala de aula com meu diploma validado pela Unip (Universidade Paulista, no curso que faz à distância de Ciências Biológicas). Recentemente ganhei um prêmio no Equador como melhor pesquisa científica da América Latina, isso me deu uma bolsa de mestrado em Harvard, no Estados Unidos para pós formação acadêmica, pretendo ir em 2020.

O que espera com o fim das investigações?

Eu espero que seja resolvido da melhor forma possível, que seja preservado o meu direito à defesa. E que não só o meu caso, mas o de todos os outros professores do nosso Estado seja resolvido, porque é uma pressão psicológica que sofremos com a espera. Mas uma coisa é certa, eu vou provar minha inocência e mesmo que a Sedu venha aplicar a penalidade prevista em lei, ainda haverá recursos, enquanto isso eu vou continuar seguindo minha vida.

Quais mudanças ocorreram em sua vida profissional?

Graças a Deus a minha vida continua a mesma. Uma coisa que precisa ser clara é que eu ganhei os prêmio pelo meu projeto Filtrando as Lágrimas do Rio Doce e ele é real. Não precisei devolver nenhum troféu, não perdi nenhum título, continuo fazendo palestras pelo Brasil.

O que acha da demora para terminar a investigação?

É como eu disse a Sedu não pode tomar uma decisão final sem antes me dar a oportunidade de apresentar todos os recursos de defesa. Eu não sei quanto tempo ainda vai demorar, mas enquanto necessitar apresentar documentos que comprovem minha inocência eu vou manifestar. Eu sei que fui enganado e os culpados por isso precisam pagar.

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