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População de moradores de rua cresce em Vitória

População de moradores de rua cresce em Vitória

População de sem-teto em Vitória chegou a 290 pessoas

Publicado em 15 de fevereiro de 2019 às 01:55

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Mulher com seus cachorros vive embaixo de lona na região da Avenida Marechal Campos, em Vitória. (Fernando Madeira)

Na calçada, em bancos de praça, embaixo de marquises, na porta de prédios e em outras áreas revirando lixo. Nesses lugares é comum encontrar a qualquer hora do dia pessoas em situação de rua. Nos últimos meses a percepção de moradores é que houve aumento dessa população na Capital, o que foi confirmado pela Prefeitura de Vitória.

A subsecretária de Assistência Social da Prefeitura de Vitória, Anabel Araújo Gomes Pereira, diz que há cerca de 100 pessoas em situação de rua a mais na Capital novembro. Dessa forma, o número, que girava em torno de 150 a 180 pessoas, saltou para 280 a 290. No resto da Grande Vitória, apenas a Serra respondeu à reportagem que houve aumento na população de rua, que hoje é de 140, mas não informou de quanto foi o crescimento.

Anabel explica que o número deve se manter até o fim do carnaval, período de grande movimentação devido à época de férias e em que há aumenta de circulação de pessoas. “Vitória, por ser capital, tem toda uma rede de serviços e eventos nesse período. Dessa forma, muitas pessoas em situação de rua saem de outros locais e chegam a Vitória. Isso é uma estratégia de sobrevivência encontrada por eles, que aproveitam a grande movimentação para tentar fazer bicos e conseguir mais doações”, esclarece. 

Em 30 minutos de trajeto desde a Praia do Canto seguindo pela orla até a Praia da Guarderia, A GAZETA flagrou mais de 10 moradores de rua ocupando espaços. Alguns criaram grandes estruturas e montaram barracas de camping, transformando a área em lar.

Quem tem percebido esse aumento é o presidente da Associação Comunitária de Jardim Camburi, Enock Sampaio Torres. Ele diz que a população de rua tem trazido problemas. Moradores do bairro já registraram boletins de ocorrência por causa do uso de drogas, prática de sexo na rua, roubo e arrombamentos.

“Nem todos os moradores de rua são criminosos. Estão em situação difícil, e não somos contra eles. Mas alguns ameaçam e xingam moradores do bairro, principalmente quando não querem ajudar. O poder público tem que fazer alguma coisa”, afirma.

Para o professor do mestrado em Segurança Pública da UVV Pablo Lira, um dos fatores que contribui para esse aumento é a crise econômica vivida no país nos últimos anos. Ela fez com que muitas pessoas perdessem postos de trabalho e deixassem de ter renda para suprir necessidades básicas, como moradia e alimentação.

Ele diz que esse fenômeno se torna mais intenso nas áreas urbanas. E para tentar driblá-lo é necessário agir em duas frentes. A primeira seria a eficácia de políticas públicas na área da assistência social, saúde e geração de emprego, por exemplo. Um outro ponto seria na parte de planejamento urbano, com fiscalização de imóveis abandonados para evitar invasão.

“Se tiver um número menor de lugares abandonados, menos opções eles terão de ficar aglomerados. Dessa forma, as pessoas em situação de rua podem buscar abrigos especializados e podem até aceitar ajuda”, diz.

PERFIL

A subsecretária afirma que há um grupo heterogêneo no município: são pessoas em busca de emprego, outras que usam substância psicoativas (álcool e outras drogas), quem não tem residência e aquelas que têm casa, mas não querem voltar para o lar por conta de conflitos.

A última pesquisa, divulgada no ano passado, pela Prefeitura de Vitória traçou o perfil dessa população de rua. A maioria é formada por homens negros, com idades entre 19 e 59 anos. Parte dessa população veio de outros Estados como Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

A subsecretária observaque a prefeitura não pode obrigar ninguém a sair da rua. Um dos projetos implementados é o Escola da Vida, com o objetivo de promover a reinserção familiar e social e a recuperação da autonomia dessas pessoas. “É uma rede de serviços para ajudar esse público que vai desde acolhimento, tratamento e o encaminhamento para o mercado de trabalho”, diz.

A Prefeitura da Serra informou em nota que realiza a abordagem. Também faz acompanhamento especializado, que viabiliza o processo gradativo de saída da situação de rua.

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No Centro, um homem dorme na Praça Ubaldo Ramalhete. (Fernando Madeira)

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