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Parque Tecnológico: vereadores serão a favor do uso misto

Parque Tecnológico: vereadores serão a favor do uso misto

Câmara deve acompanhar opção defendida pela população

Publicado em 16 de março de 2018 às 01:33

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Área destinada ao Parque Tecnológico, em Goiabeiras: descampado aguarda decisões sobre uso do espaço. (Vitor Jubini | AG)

Para o presidente da Comissão de Políticas Urbanas da Câmara de Vitória, o vereador Davi Esmael, tanto as empresas de tecnologia da informação como os empresários da construção civil estão irredutíveis quanto à destinação do uso do solo na região de Goiabeiras, onde está prevista a instalação de um Parque Tecnológico. “Não vou entrar na briga das empresas. Nessa disputa, fico com a população. Se querem que a área tenha uso misto, é essa proposta que irá para a votação”, assinalou, mostrando que a Câmara deve ser favor do uso misto.

Mas ele considera que a emenda sugerida pelas lideranças comunitárias de Goiabeiras demonstra equilíbrio entre “posições antagônicas”. Com ela, pontua, será possível assegurar o Parque Tecnológico, corrigir o déficit habitacional da cidade e melhorar as condições do trânsito local.

Segundo o vereador, a redução proposta resultará em uma perda de 9% na área do parque, que poderá ser compensada com o potencial construtivo, ou seja na área de construção dos prédios. “Se a emenda for aprovada, a área do parque será reduzida, mas ele ficará do mesmo tamanho, em salas. O ganho na altura dos prédios vai assegurar a manutenção do tamanho do parque”, detalha.

OUTRO LADO

A Prefeitura de Vitória acompanha a proposta dos empresas de tecnologia, no sentido de que a área seja exclusiva para uso do parque, como explica o presidente da Companhia de Desenvolvimento de Vitória (CDV), Leonardo Krohling. “A posição da prefeitura é a que está no projeto encaminhado para a Câmara, com o uso da área destinada 100% para o uso empresarial”.

Krohling lembra ainda que a prefeitura iniciou, em 2017, a construção de um Centro de Inovação no local. Obra que deverá ser concluída em dezembro de 2019, quando deverá entrar em operação. “Ele será o indutor do projeto, um local para troca de conhecimento e desenvolvimento de tecnologias, que permitirá a interação entre os empresários e a mão de obra”, diz.

Quanto ao tamanho da área do parque, Krohling explica que já é um dos menores do país. E cita como exemplo o parque da cidade de Florianópolis, Santa Catarina, o Sapiens, que tem área de 4,5 milhões de m 2. E no caso de Vitória, com a ocupação para outras finalidades, não haveria novos espaços para expansão da área. O que afetaria não só a capacidade de instalação das empresa, mas também de geração de empregos e renda para a cidade.

VOTAÇÃO

Após três audiências públicas na Câmara, a decisão final sobre a situação do parque, no novo Plano Diretor Urbano (PDU), está prevista para o próximo dia 27 e, segundo o vereador Davi Esmael, deve seguir para a apreciação dos parlamentares com a emenda proposta para uso misto.

Se for aprovada pelos vereadores, o passo seguinte é o encaminhamento do projeto para a prefeitura. Caberá ao prefeito vetar, ou não, as mudanças feitas ao projeto. A Câmara também pode derrubar o veto e sancionar a proposta.

TEMOR DE QUE REGIÃO “SEM MOVIMENTO”

A principal preocupação das lideranças comunitárias é de que, com a exclusividade para uso do parque, a região se torne um local ermo. “Somos uma comunidade antiga e precisamos que haja movimento na região. Não um local onde as pessoas trabalhem e depois vão embora”, pondera Hélida Regina Loreto Rangel, presidente da Associação de Moradores de Goiabeiras.

A comunidade, segundo ela, é composta em sua maioria por famílias antigas na região, com filhos morando ao redor dos pais e avós. “Todos se conhecem. Queremos manter estes laços, uma cordialidade que já não existe mais em muitos bairros de Vitória”, relata Hélida.

Ela afirma ainda que as associações não são contrárias a instalação do Parque Tecnológico. “Mas também queremos pessoas morando na região, além de comércios e serviços. Não uma área fantasma”, pondera.

Outra liderança que apoia o uso misto da área é Walter Guedes, presidente da Associação de Moradores Bairro República. “O que a comunidade ficou mais preocupada foi com a com a maneira como a área será usada e que não fique num marasmo”, diz.

Mas ele avalia que faltou ampliar o debate e oferecer explicações mais detalhadas para a comunidade sobre o funcionamento das empresas e sobre o tipo de pessoas que nelas irão trabalhar. “Tinha que ter um debate maior, mostrar os prós e os contras, mais informações para evitar o impasse. Acho que faltou diálogo”, assinala Guedes.

NOVO CONCEITO MISTURA CASAS E EMPRESAS

Por nota, o representante do Grupo Dadalto, Leonardo Dadalto, destacou que o novo conceito de Parque Tecnológico, chamado de quarta geração, mescla o uso de empresas de tecnologia, com comércio e residências. “O que permite criar um ambiente mais adequado às necessidades das pessoas que trabalham com tecnologia no local.”

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Acrescentou que, em julho do ano passado, o Facebook anunciou a construção de 1.500 residências no Vale do Silício. “A nova geração que trabalha com tecnologia valoriza um translado rápido e barato entre sua residência e o local de trabalho. Morar perto do trabalho é fator relevante para qualidade de vida deles. Não tenho dúvidas que os empreendedores de tecnologia que forem sensíveis as necessidades dos seus funcionários terão um engajamento e resultados melhores. Portanto residência não inviabiliza o projeto, apenas o aperfeiçoa”, assinala.

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