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Justiça tem 10 processos contra Sindirodoviários por abusos em greves

Justiça tem 10 processos contra Sindirodoviários por abusos em greves

Entre as ações contra trabalhadores, há atos sindicais abusivos

Publicado em 5 de dezembro de 2018 às 02:32

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Motoristas parados em frente à garagem da Viação Satélite, em Cariacica: dissídio do movimento grevista é um dos processos na Justiça. (Bernardo Coutinho)

Contra o Sindicato dos Rodoviários tramitam na Justiça do Trabalho um total de dez processos, dos quais dois são referentes a dissídios coletivos – procedimentos abertos quando não há acordo nas negociações trabalhistas entre patrões e empregados – do ano passado e o referente a greve que se encerrou na terça-feira (04).

O levantamento foi realizado, a pedido da reportagem, pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). A maioria dos processos, incluindo ações civis públicas tratam, além dos dissídios, de outras irregularidades. Dentre elas ilegalidades em acordos, atos sindicais abusivos ou irregulares, problemas com as eleições, problemas de representatividade e ainda problemas em negociações coletivas.

Desde o ano de 2015 foram abertos um total de 63 processos, entre procedimentos e ações, contra o mesmo sindicato. Muitos destes casos acabaram sendo arquivados ou encerrados ou mesmo concluídos após a realização de acordos.

OUTRO

Em levantamento anterior realizado por A GAZETA, de 1998 a 2015, haviam sido feitas contra o Sindirodoviários um total de 257 denúncias junto ao MPT. Um total de 45 delas se transformou em ações judiciais. Dessas, 25 foram arquivadas e 17 continuavam sendo acompanhadas pelos procuradores do trabalho.

O motivo das ações e denúncias naquela época era bem variado, mas parecido com as atuais: situações de ilegalidades em convenção coletiva, fraudes financeiras, cobrança ilegal de taxas, vandalismo, desrespeito a jornadas de trabalho e até o uso ilegal da Justiça arbitral para solucionar problemas trabalhistas.

Também foram registradas ações referentes às paralisações ocorridas nos anos de 2004, 2005, 2006, 2007, 2008, 2010, 2013 e 2014. Uma delas motivada pela disputa eleitoral interna do sindicato.

Processos que acabaram sendo arquivados ou extintos porque a greve acabou ou porque as partes chegaram a um acordo. São situações onde as multas aplicadas pela Justiça por não cumprimento das exigências – como não liberar o percentual da frota determinado em decisão judicial –, acabaram sendo “perdoadas” durante as negociações do dissídio.

Fato semelhante ao ocorrido na tarde de ontem, quando patrões e trabalhadores firmaram acordo durante audiência de conciliação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-ES).

UNIDADES DE SAÚDE FICARAM FECHADAS E ESCOLAS SUSPENDERAM AS AULAS

Com poucos coletivos, quem estava nos pontos de ônibus perdeu aula, compromissos e até consultas médicas. O atendimento das unidades de saúde de Vila Velha ficou prejudicado já que vários servidores não conseguiram chegar nos postos. Ao todo, seis unidades ficaram com as salas de vacinas fechadas.

As unidades que tiveram o atendimento prejudicado foram em Vila Nova, Terra Vermelha, Dom João Batista, Jardim Colorado, Santa Rita e São Torquato. Segundo a prefeitura, as consultas e marcação de exames vão ser reagendados, assim que a normalidade for retomada no transporte coletivo. Em Cobilândia, o pronto-atendimento ficou lotado com pacientes á espera de enfermeiros, que não conseguiram chegar ao local.

A doméstica Ilda Conceição, que precisa fazer uma cirurgia no coração, tinha um teste ergométrico marcado no hospital, mas não conseguiu chegar a tempo. “Estava com uma esteira para risco cirúrgico no Hospital das Clínicas marcada há três meses. Vou perder porque simplesmente não tem ônibus”, lamentou.

Os alunos de faculdades e escolas públicas e particulares da Grande Vitória também foram prejudicados. Duas creches municipais de Vitória tiveram as aulas suspensas por conta da paralisação: Dom João Batista da Motta e Albuquerque e Zenaide Genoveva Marcarini Cavalcanti. Segundo a prefeitura, o dia letivo será reposto dentro do calendário escolar de cada unidade.

As aulas de duas escolas particulares também não ocorreram, são elas Ping Pong Educação Infantil, em Vitória, e Grão de Areia Educação Infantil, em Vila Velha. O Ifes de Cariacica também ficou fechado. Na Ufes, não houve fornecimento de refeições no Restaurante Universitário do campus de Maruípe, em Vitória, porque os funcionários não conseguiram chegar.

CORRIDA DE ATÉ R$ 170 EM APLICATIVO

Com poucos ônibus nas ruas, a procura por corrida de aplicativo cresceu na Grande Vitória. O presidente da Associação dos Motoristas por Aplicativos do Espírito Santo (Amapes), Luiz Fernando Müller, diz que o aumento no preço foi de 140% ontem. Teve corrida que chegou custou R$ 170 de Civit, na Serra, até a Barra do Jucu, em Vila Velha.

“O preço ficou dinâmico o dia inteiro devido a greve de ônibus. Somente por volta das 20 horas que o valor voltou ao normal. O aumento na corrida no segundo dia de greve foi muito maior que no primeiro, que chegou em torno de 40%”, destaca.

A consultora de negócio Samira Meirelles, de 23 anos , desistiu de pegar Uber ao sair do trabalho devido ao preço da corrida. Ela teria que pagar R$ 80 reais num trajeto que custaria R$ 35. Por isso, ficou mais de uma hora no ponto em frente a um shopping na Praia da Costa, em vila Velha.

“Eu preciso ir para o Terminal de Laranjeiras, mas o ônibus não passa. Não tem como nem pegar Uber, a corrida está R$ 80”, disse. (Raquel Lopes)

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