Foi lembrando da violência sofrida pela mãe que um adolescente interno do Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases), de 17 anos, encontrou inspiração para escrever uma redação sobre a violência contra a mulher. As imagens presenciadas por ele se transformaram em palavras que o fizeram ganhar o Concurso de Redação do Conselho Estadual de Direitos Humanos, no mês de junho.
No texto, a violência foi caracterizada como física e emocional, do mesmo jeito que ele via acontecer com a auxiliar de serviços gerais, de 40 anos, durante o relacionamento de 14 anos com seu pai.
Ele relatou que, muitas vezes, a mulher sofre de forma silenciosa devido a dependência financeira de seus parceiros e o receio de ver os filhos passando necessidade. No entanto, no caso de sua mãe, foi pelo medo dos filhos crescerem sem a presença do pai.
Nunca gostei de agressão, minhas palavras foram sinceras na redação. Minha mãe é um exemplo de vida, relata o estudante, que disputou pela primeira vez com cerca de 300 internos do Iases.
O interno ressaltou que a sociedade ainda é marcada por comportamentos machistas e a punição chega de forma lenta para os homens, fazendo com que muitas vezes percam o medo de cometer certos atos. Alguns processos levam anos para serem julgados, disse.
HISTÓRICO
O que foi descrito pelo adolescente em sua redação sobre sua mãe na verdade é apenas uma parte da história dela. A auxiliar de serviços gerais têm um histórico violento na família. Ela cresceu vendo sua mãe apanhar do padrasto e foi vítima de maus-tratos na época.
A mulher se casou com 19 anos, e o primeiro tapa do companheiro recebeu quando teve seu terceiro filho; o socioeducando do Iases é o quarto de cinco irmãos. Em 2008, o filho que hoje é interno presenciou um episódio de agressão física, e no mesmo ano ela decidiu dar um basta na relação. Atualmente, a auxiliar de serviços gerais é moradora da Serra.
De toda a história vivida por mãe e filho, o que fica nítido na relação é o carinho e respeito. Para mãe do interno, mais importante do que vencer o concurso de redação é saber do comportamento do filho perante a mulher.
A sociedade brasileira é marcada por comportamento machista, o que pode levar à agressão e até à morte de mulheres. Saber que homens estão mudando o modo de pensar é importante, principalmente quando essa pessoa é meu filho, destacou.
No Iases, o adolescente está detido há cerca de um ano e meio, e quer sair em busca um futuro melhor.
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