A Defesa Civil Estadual interditou o prédio ocupado pela Delegacia Especializada Antissequestro, que deverá deixar o local em 90 dias. O prazo começou a contar no último dia 1º. Localizado na Enseada do Suá, em Vitória, o prédio possui problemas estruturais e corre o risco de desabar, o que afeta a vida de 11 servidores que lá atuam, além da população que demanda os serviços da unidade.
A vistoria no local foi solicitada pelo Ministério Público do Estado (MPES), por intermédio da Promotoria de Controle Externo da Atividade Policial de Vitória. Foi aberto um procedimento administrativo para investigar a situação após a realização de cinco inspeções, sendo a última em maio deste ano.
Foi constatado que a delegacia não possui estrutura física e nem condições mínimas para as atividades policiais. Nem para a habitação humana, haja vista o iminente risco de desabamento, assinalou a portaria de abertura do procedimento administrativo.
O documento aponta ainda que após a realização de cinco inspeções pela Promotoria de Controle Externo da Atividade Policial, onde foram constatada as irregularidades, nenhuma providência havia sido adotada pela Polícia Civil. No sentido de providenciar a mudança de local de funcionamento da unidade policial, que continua no imóvel, assinala a portaria do MPES.
COMPROMETIDA
O prédio da delegacia, composto por três pavimentos, apresenta várias rachaduras no subsolo. Segundo o laudo da Defesa Civil, todos os ambientes do subsolo apresentam recalque (afundamento), tanto do piso interno quanto da área externa.
O laudo alerta ainda para os riscos que existem dentro do prazo de 90 dias, dado para a desocupação do imóvel. Informam que é preciso acompanhar a evolução brusca das patologias enquanto a edificação estiver ocupada.
Fotos feitas durante as inspeções da Promotoria de Controle Externo, realizadas em 2016, 2017 e 2018, mostram que as escadas estão se descolando da parede e há corredores onde o piso afundou, criando degraus onde antes era plano.
No primeiro pavimento, além do afundamento do piso, paredes também apresentam rachaduras e deslocamentos. Uma das vigas desceu a ponto de esmagar os fios que estavam instalados na altura da porta.
Há imensas rachaduras que percorrem todo o subsolo. Há ainda vigas, do lado de fora, que estão rachadas na horizontal. Ao lado delas, degraus das escadas com afundamento.
E as atividades da delegacia ocorrem, normalmente, em meio ao cenário de destruição. Há salas e paredes onde parte do reboco já caiu e outras com tetos mofados. Não é diferente do lado de fora, onde reina o abandono.
Segundo o laudo da Defesa Civil, os fundos do imóvel que abriga a delegacia estão sendo afetados pelo mar, com a força das marés impactando o muro de delimitação do local. Os muros laterais também apresentam problemas de verticalidade.
A edificação ocupada pela delegacia faz parte de um conjunto de imóveis que foram desapropriados pelo governo do Estado em 2010. Só pelo prédio que a delegacia ocupa o Estado desembolsou um total de R$ 3 milhões.
OUTRO LADO
O delegado José Monteiro Júnior, subsecretário de Estado de Inteligência da Sesp, informa que até antes da interdição ocorrer a Secretaria já estava procurando um novo imóvel para abrigar a Delegacia Especializada de Antissequestro.
Segundo ele, um chamamento (um tipo de licitação) foi publicado para alugar um imóvel. A expectativa é de que o processo seja concluído em janeiro do próximo ano, antes de vencer o prazo estipulado pela Defesa Civil, 1º de fevereiro. Se isto não ocorrer, vamos fazer uma reforma na antiga Delegacia de Maruípe e transferir a Antissequestro para lá, diz, revelando sua outra alternativa para solucionar o problema.
Em relação ao laudo de 2015, Monteiro relata que ele não foi definitivo sobre os riscos iminentes de desabamento. Interditamos a parte de trás do imóvel, por recomendação dos engenheiros, que não foram taxativos em relação à parte da frente, ocupada pela delegacia, por não haver perigo iminente, relata, destacando que o laudo atual da Defesa Civil deu prazo de 90 dias. Se houvesse risco iminente, determinariam a saída imediata, assinala.
Segundo Monteiro, desde 2015, por orientação dos engenheiros, vem sendo feito um tipo monitoramento da estrutura do imóvel. E neste intervalo de tempo não houve sinais de risco iminente, caso contrário, teríamos retirado todos do local, pontuou.
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