O avô do menino que foi abandonado pela mãe na BR 101, na Serra, entrou com o pedido de guarda provisória da criança. A família, que é argentina, e mora na cidade de Itacaré, na Bahia, chegou ao Espírito Santo neste sábado (19). O menino segue em um abrigo da Serra.
A família buscou ajuda no plantão judiciário do Tribunal de Justiça (TJES) e agora aguarda a decisão do juiz para que a criança seja entregue aos cuidados do avô. O pedido de guarda provisória foi feito no sábado (19) pela defensora pública Priscila Libório.
"Entrei com o pedido de guarda provisória porque o avô foi o primeiro parente que apareceu, e porque considerei urgente uma criança ficar longe da família. Ontem (sábado), até as 20 horas o juiz de plantão ainda não tinha analisado o caso. Hoje (domingo), é outra equipe no plantão, cabe ao juiz autorizar ou não. Se não for feito pelo plantão de hoje, o caso deve ser analisado na segunda-feira (21)", explicou.
Ainda de acordo com Priscila, o avô confirmou que a criança é brasileira, nasceu na cidade de Serra Grande, na Bahia, e reside com o avô e a mãe de 29 anos, que são argentinos, em Itacaré. A mãe é divorciada e o pai da criança mora no Canadá.
MÃE AMOROSA
Em depoimento, o avô disse que mãe e filho faziam uma viagem e ainda não sabe o que motivou o abandono. "O avô contou que a mãe é muito amorosa, cuida bem da criança e que nunca teve qualquer tipo de surto", afirmou a defensora.
O CASO
Um menino, de aproximadamente 3 anos, foi abandonado pela mãe em um ponto de ônibus na BR 101, próximo à Avenida Eudes Scherrer, na Serra, por volta das 14 horas da tarde de sexta-feira (18). O garotinho foi resgatado por um motorista de aplicativo. A mãe foi encontrada logo depois, desorientada e agressiva, pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), em um carro parado na região de Timbuí, em Fundão.
O motorista William Moreira contou que uma mulher parou o carro e logo em seguida a criança saiu do veículo e seguiu para o ponto de ônibus. Fiquei sem saber o que fazer. O menino deve ter uns três anos, estava usando fralda.
Segundo William, assim que ele viu a cena, estacionou o carro que conduzia e abordou a mulher, perguntando se ela ia deixar a criança sozinha naquele local.
Quando a vi dentro do carro, perguntei se ela ia deixar o menino naquele local. E ela disse que era para eu cuidar dele e arrancou com o carro, relatou o motorista.
A mulher parecia não ser brasileira pelo sotaque. E, quando a criança viu que o carro desapareceu da sua vista, começou a chorar muito e a gritar pela mãe. Na hora eu liguei para o Ciodes e avisei sobre o ocorrido, conta.
O tenente Flávio, que atendeu ao chamado feito ao Ciodes, contou sobre como encontraram a criança. Fomos ao local e vimos uma criança chorando sem nenhum responsável. Encaminhamos para o Conselho Tutelar, esclarece.
A coordenadora do Conselho Tutelar de Laranjeiras, Marusa Pereira, contou que, durante as duas horas em que esteve no local, o menino chamou pela mãe e chorava muito. Ele gritava mama, mama. Falou até bastante coisa, mas era tudo muito embolado. O garoto não aparentava nenhum ferimento no corpo. Nós o encaminhamos para o 1º Juizado da Infância e Juventude da Serra.
De acordo com o superintendente da PRF-ES, Willis Lyra, equipes foram acionadas porque havia um carro parado na BR 101 e uma mulher que atravessava constantemente a pista. Quando chegamos no local identificamos o veículo como sendo o da mulher que abandonou a criança, disse.
Lyra descreveu também o estado da mulher, uma argentina de 29 anos que mora com a família em Itacaré, na Bahia.
Ela estava desorientada e agressiva. Parecia ser um surto. Tinha uns cones isolando a área, ela tentava derrubá-los. Ela foi contida e levada para a ambulância, lá precisou ser presa na maca, contou o superintendente.
Durante a abordagem, o celular da mulher foi localizado. Os policiais entraram em contato com a família, que veio para o Estado. O irmão dela disse que ela não tem problemas de saúde, não toma medicamentos e nunca teve um crise como essa antes, disse Lyra.
A mulher foi encaminhada para o Hospital Estadual de Atenção Clínica (Heac), antigo Adauto Botelho, em Cariacica. A Polícia Civil irá investigar o caso.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta