> >
Auditoria: risco de rompimento de barragens em Linhares é grave

Auditoria: risco de rompimento de barragens em Linhares é grave

Alerta foi dado em audiência pública por empresa que fez um acordo com o MPE para realizar uma auditoria; caso haja rompimentos, ondas de até 40km/h podem ser geradas

Publicado em 14 de setembro de 2018 às 20:37

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Barragem entre o Rio Pequeno e o Rio Doce, em Linhares. (Prefeitura de Linhares)

Um total de 48 famílias que vivem às margens do Rio Pequeno, em Linhares, precisam deixar suas casas. Há risco grave de rompimento das barragens emergenciais construídas na região, alertou Caio Prado, diretor da Aecom do Brasil. A empresa fez um acordo com o Ministério Público Estadual para realizar uma auditoria no processo de construção das barragens. 

Ainda de acordo com Prado, em caso de rompimento, pode ser gerada uma onda de 40 km/h que causaria dano inestimável. 

As barragens foram construídas para proteger as lagoas de Linhares da contaminação dos rejeitos de minério advindos do rompimento da barragem da Samarco, ocorrido em Mariana, Minas Gerais, em 2015, já que a captação de água para a população vem dessas lagoas.

AUDIÊNCIA PÚBLICA

O relato sobre o risco de rompimento em Linhares foi feito durante audiência pública realizada na quinta-feira (13), com o objetivo de apresentar aos moradores da região afetados pelos alagamentos o panorama dos trabalhos realizados na Barragem do Rio Pequeno e o Plano de Contingência elaborado para resguardar a integridade das famílias no decorrer das obras emergenciais no local.

Barragem entre a Lagoa Juparanã e o Rio Pequeno. (Carlos Palito | TV Gazeta)

O problema é que as barragens estão elevando o nível das lagoas e já alagaram as casas de cerca de 50 famílias, preocupação que se intensifica com o fato de que estamos entrando no chamado período chuvoso. Obras estão previstas para melhorar as condições das barragens, mas até que elas sejam concluídas, permanecem os riscos não só de alagamentos, mas ainda de rompimento.

No encontro, Prado mostrou as próximas etapas de construção para garantia da segurança da estrutura da barragem e trazer uma vazão de água para diminuir o nível da lagoa. O representante da Aecom mostrou, ainda, quão importante é a retirada das famílias do local.

DÚVIDAS E RISCOS

Joelson mora às margens do Rio Pequeno e ainda não sabe se sairá de casa. (Tiago Queiroz Curty)

O procurador da República em Linhares, Paulo Henrique Trazzi, contou que objetivo da audiência, além de esclarecer as dúvidas da população, era justamente o de deixar claro, principalmente para as famílias que estão na região que foi alagada pelo aumento do nível da lagoa, dos riscos que elas correm de permanecer no local.

“Riscos primeiro por conta da água contaminada de esgoto, a que estão expostas diariamente, e também os riscos que elas correm com o eventual rompimento dessa barragem provisória, porque, sendo provisória, não há ainda a estrutura completa de garantia 100% de que não possa romper. Como a empresa explicou, existem obras que estão sendo feitas para garantir a segurança dessa barragem mas numa situação excepcional, ainda que não provável de rompimento, essas pessoas poderiam vir a falecer”, destacou.

O processo de garantia para essas famílias que estão na área alagada de uma alternativa de residência será custeado pela Fundação Renova, para que possam viver em segurança. “A intenção era esclarecer ainda outras dúvidas que surgiram da população e estabelecer um diálogo transparente acerca desse processo”, lembrou o procurador.

Cerca de 80 pessoas participaram do evento que aconteceu na sala do Tribunal do Júri da cidade e contou com a participação de moradores e representantes das comunidades do entorno das lagoas de Linhares, da prefeitura, Ministérios Públicos Federal e do Estado, Defensoria Pública do Espírito Santo e Fundação Renova. A questão decorre de uma ação civil pública (ACP), em andamento na Justiça Estadual, proposta pelo Município de Linhares, para proteger as lagoas da cidade contra os rejeitos da Samarco.

OUTRO LADO

Por nota a fundação Renova informa que está em andamento o rebaixamento do canal para aumentar a vazão da água acumulada da lagoa Juparanã para o rio Pequeno. A previsão é que a obra seja concluída na próxima semana. A expectativa é que, com essa medida, a vazão alcance 100 m³ por segundo e o nível da Juparanã fique entre 6,5m a 7,5m quando começar o novo período chuvoso.

Este vídeo pode te interessar

Ainda estão sendo realizadas obras para reforçar as proteções das encostas e da ponte que cruza o rio Pequeno para segurança dessas estruturas. O barramento também está sendo reforçado e foi implantado um sistema de monitoramento do nível do rio Doce, da lagoa Juparanã e do rio Pequeno.
Como medida de prevenção, em parceria com a Defesa Civil de Linhares, está em andamento a realocação das famílias que moram à margem do rio Pequeno.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais