Após o massacre na Escola Professor Raul Brasil, em Suzano, São Paulo, o governo capixaba decidiu reforçar a segurança nas unidades de ensino da rede estadual. Maior controle no acesso, ampliação da presença da Patrulha Escolar e instalação de novas câmeras de monitoramento são algumas das medidas que já estão sendo implementadas.
A Secretaria de Estado da Educação (Sedu) ontem, um dia após a tragédia na cidade paulista, quando dois ex-alunos invadiram a escola e mataram alunos e funcionárias, encaminhou uma circular à direção das escolas para que orientem as equipes de vigilância sobre o reforço nos procedimentos de acesso às unidades.
São normas que já estão em nossos manuais, mas pedimos atenção redobrada. No calor da hora desse acontecimento pode haver trote ou não, e por isso toda atenção é pouca, ressalta o secretário das pasta, Vitor de Angelo. Uma das medidas é pedir identificação de pessoas que sejam estranhas à escola e ter sempre algum supervisor na saída dos alunos.
Outra iniciativa é redimensionar a atuação da Patrulha Escolar. Atualmente, há 40 militares à disposição da Sedu e muito do trabalho é voltado a palestras e oficinas. Neste curto prazo, segundo Vitor de Angelo, os policiais terão as escalas reorganizadas e vão focar sua atividade na visitação às mais de 160 escolas da Grande Vitória, marcando presença. Com essa mudança, mais unidades serão contempladas diariamente com o policiamento.
CÂMERAS
Também está em discussão o envio de recursos para os diretores adquirirem câmeras, por meio do Programa Estadual Dinheiro Direto na Escola. Valores e número de unidades que vão receber a verba ainda serão definidos.
Todas as medidas visam dar mais tranquilidade a quem trabalha e estuda nas escolas, e também a suas famílias. Depois de uma tragédia como essa, entendemos que os pais fiquem com medo e queiram respostas. Mas nossas escolas são seguras; foi um ato isolado do padrão. De todo modo, assim como voar de avião é seguro e quando ocorre um acidente aéreo são revisados os procedimentos, estamos revendo o que pode ser feito por aqui, aponta.
Mesmo com as providências tomadas, Vitor de Angelo considera que um ataque como o ocorrido em Suzano está além da questão de segurança. Lá, eram ex-alunos. Sempre abririam a porta para eles. Isso pode acontecer em qualquer lugar. Não é um problema de escola. Ou é de segurança pública, que tem a ver com o acesso a armas, ou de saúde, por conta de patologias ou problemas de natureza psicológica.
Assim, o secretário sustenta que a escola pode dar uma colaboração importante ao observar o comportamento de alunos, às vezes mais instrospectivos, ajudando na integração e valorização dessa criança ou jovem. A escola não pode fazer política de segurança pública. Colocar detector de metal, aumentar muro, gradear. A escola precisa ser aberta à comunidade.
Questionado sobre a incidência de bullying no ambiente escolar, que poderia favorecer reações violentas, e é uma hipótese no caso de Suzano, e as medidas da Sedu para combater o problema, Vitor de Angelo foi claro: Estruturado como secretaria, nada. Há iniciativas adotadas por diretores, mas se muda a direção, o projeto pode se perder.
O secretário diz que o tema já é objeto de sua atenção, e que o momento atual, de construção de novos currículos, favorece o trabalho. Porque a questão não precisa vir como um programa antibullying, mas estar diluída no currículo com temas que tratem de respeito, tolerância, diversidade, convivência, construção de projetos de vida, acrescenta.
A motivação para o massacre em Suzano ainda está sendo apurada, mas o saldo da violência foi de 10 mortes: cinco estudantes, duas funcionárias, os dois assassinos e o tio de um deles. Desde quarta-feira, muro da escola está recebendo homenagens para os mortos, como flores e mensagens.
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