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Publicado em 20 de abril de 2023 às 07:34
O Supremo Tribunal Federal (STF) marcou para esta quinta-feira (20) o julgamento de uma ação que pode mudar a taxa de correção monetária do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). De acordo com dados do Painel de Informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), cerca de 821.695 trabalhadores do Espírito Santo e, ao todo, 80 milhões no país podem ser afetados pela decisão. >
O processo chegou ao Supremo em 2014, devido a um estudo encomendado pelo partido Solidariedade, que apontou perdas aos trabalhadores por causa da taxa de correção aplicada atualmente.>
Atualmente, o índice aplicado para correção monetária é a Taxa Referencial (TR), uma taxa de juros definida pelo Banco Central (BC). A ação que será julgada questiona a constitucionalidade da utilização dessa alíquota por ser inferior à inflação. O Solidariedade argumenta que a TR se aproximava do índice inflacionário na década de 1990, mas passou a sofrer defasagem a partir de 1999 devido a mudanças feitas pelo BC. Por isso, a legenda pede que os valores do FGTS sejam corrigidos desde então.
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Outro índice pode ser estabelecido pelo STF para a correção do FGTS, como o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) ou o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que são usados para medir a inflação.
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Uma possível mudança pode beneficiar milhões de trabalhadores, justamente porque a nova taxa de correção aumentaria o valor disponível no fundo. Por outro lado, pode gerar um impacto negativo nas contas da União.>
Em manifestação enviada ao STF na última segunda-feira (17), a Advocacia-Geral da União (AGU) apresentou uma estimativa de impacto aos cofres públicos de R$ 661 bilhões. O órgão aponta que o FGTS, que tem cerca de R$ 118 bilhões disponíveis em caixa, pode deixar de operar caso a ação seja aceita pelo Supremo.>
O cenário traçado pela União é o mais extremo e leva em consideração a possibilidade de o STF decidir que os valores corrigidos devem ser pagos retroativamente, de 1999 até hoje. Uma das situações possíveis, porém, é que o Supremo limite a correção até 2013, porque a ação do Solidariedade, ajuizada em 2014, não pede que os efeitos sejam aplicados para o futuro. Também é possível que a Corte estabeleça a data do julgamento como marco temporal para a correção, livrando a União do impacto bilionário.
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No Espírito Santo, mais de 820 mil trabalhadores podem ser impactados pela decisão, segundo informações do Caged. O número de contas do FGTS, no entanto, pode ser ainda maior, já que, em algumas circunstâncias, o trabalhador pode ter se desligado de uma empresa sem sacar o sado existente no fundo, como em um pedido de demissão.
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Algumas decisões tomadas anteriores pelo STF podem favorecer os trabalhadores. “O Supremo já decidiu pela inconstitucionalidade da TR como taxa de correção monetária de depósitos trabalhistas e também de dívidas judiciais", afirma o advogado Franco Brugioni, MBA em Gestão e Business Law pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), em entrevista à Agência Brasil.
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A troca da taxa de correção também pode ter um impacto em programas do governo, como o Minha Casa, Minha Vida, que utiliza recursos do FGTS para financiar a construção ou aquisição de moradias para famílias de baixa renda.
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Com informações de Agência Brasil e da Agência Estado>
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