Publicado em 2 de novembro de 2020 às 22:24
O volume de recursos injetados na economia do ES pelo auxílio emergencial e pelo benefício de redução de jornada e salário (BEm) superou a queda na massa de rendimento dos trabalhadores entre abril e setembro deste ano, período mais crítico da pandemia e quando foram criados os programas de socorro aos profissionais formais e informais. >
Os repasses já somam cerca de R$ 3,8 bilhões. Do total, cerca de R$ 3,28 bilhões se referem ao pagamento do auxílio, que beneficiou 1,29 milhão de capixabas, segundo informações do Portal da Transparência do governo federal.>
Além disso, já foram emitidas cerca de 632 mil parcelas do BEm no Estado, que somam R$ 506,2 milhões, de acordo com a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, do Ministério da Economia.>
Até o mês passado, 178,2 mil trabalhadores no Espírito Santo tiveram a jornada e o salário reduzidos em 25%, 50% ou 70%, ou tiveram o contrato temporariamente suspenso. A medida foi autorizada pelo governo a fim de aliviar os gastos das empresas com folha de pagamento e evitar o maior número de demissões durante a pandemia do novo coronavírus.>
>
Como forma de compensação pelas reduções, o governo federal arca com uma parte do salário, equivalente ao percentual que o trabalhador receberia de seguro-desemprego.>
Já a perda de massa de rendimentos dos trabalhadores no Estado alcançou R$ 2,89 bilhões entre abril e setembro, segundo dados das Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios (Pnad) Covid e Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É essa a diferença entre os rendimentos normalmente recebidos e os valores efetivamente recebidos.>
Desta forma, observa-se um que há um ganho extra de quase R$ 900 milhões. A principal contribuição nesse sentido foi o auxílio emergencial, que elevou a renda de milhares de pessoas e reduziu a pobreza, ainda que temporariamente, conforme já mostrado por reportagens de A Gazeta.>
"Com esses benefícios, o governo tentou compensar perdas. A intenção não era exatamente aumentar os rendimentos, mas aconteceu. Houve um impacto acima do esperado", avalia o economista Marcelo Loyola Fraga.>
Ele destaca que essa é uma das explicações para o aumento da inflação e a falta de alguns produtos no mercado, como é o caso dos alimentos. "O produtor estava esperando uma queda, mas o aumento de rendimento da população, somado ainda a outros fatores, acabou pressionando os preços.">
Nos últimos meses, tem sido observada uma tendência de redução dessas diferenças. A perda de massa salarial, que chegou a atingir R$ 715 milhões em maio, caiu para menos da metade no último mês, passando para R$ 324 milhões. >
Um dos fatores que contribuem para esse resultado é a retomada gradual das atividades econômicas, que implica em novas contratações e também na diminuição de acordos de redução ou suspensão de jornada e salários. >
Ricardo Paixão
Economista"A gente sabia que os benefícios ajudariam a amortecer os efeitos da crise, mas não tinha uma dimensão real do impacto. A tendência é que a gente tenha um final de ano até melhor do que se pensava", avaliou o economista Ricardo Paixão.>
Por outro lado, ele observa que o auxílio emergencial não apenas teve o valor cortado pela metade, para os pagamentos a partir deste mês, como os critérios para permanência na segunda fase do programa se tornaram mais rígidos, o que significa que será repassada uma quantia menor para um número ainda menor de pessoas.>
"O auxílio não foi pensado para durar para sempre, claro. O país nem tem condições para tanto. Mas o governo deveria ir reduzindo gradativamente, em vez de fazer um corte tão brusco. Vai haver um impacto negativo muito forte, e a população vai sentir isso no bolso. Mas não acredito que a queda vá ser na mesma proporção do ganho", reforçou Paixão.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta