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Reforma tributária: infográfico mostra como 5 impostos vão se tornar o IVA

Reforma tributária: infográfico mostra como 5 impostos vão se tornar o IVA

Texto aprovado na Câmara prevê a substituição de cinco impostos por dois e a unificação de alíquotas; entenda como isso vai funcionar e afetar o consumidor final

Publicado em 3 de agosto de 2023 às 10:50

Ícone - Tempo de Leitura 4min de leitura
Felipe Sena
Estagiário / [email protected]

Um dos principais objetivos da reforma tributária é simplificar o modo como os impostos são cobrados no Brasil. Mas falar de cálculos, tributos e valores costuma dar um nó na cabeça. Por isso, A Gazeta conversou com especialistas para ajudar a explicar alguns dos pontos fundamentais dessa mudança na tributação, com o auxílio de infográficos.

reforma tributária já foi aprovada em dois turnos na Câmara dos Deputados, no dia 7 de julho. Agora, o texto segue para análise no Senado, onde também será votado. Federações e sindicatos ligados à indústria, ao comércio e à exportação no Espírito Santo emitiram posicionamentos favoráveis à reforma, mesmo que com algumas ressalvas e destacando pontos que julgam precisar de atenção.

Cincos impostos resumidos em dois

Quando o consumidor compra uma camisa, por exemplo, cinco impostos incidem sobre o produto ao longo da cadeia de produção. Isso quer dizer que, entre o plantio do algodão, passando pela tecelagem até chegar à sacola de compras, foram pagos três impostos geridos pela União (IPI, PIS e Cofins), um pelo Estado (ICMS) e outro pelo município (ISS). Após a reforma, o CBS vai substituir os três tributos federais, e o IBS vai englobar o ICMS estadual e o ISS municipal.

"Hoje, cada um dos mais de cinco mil municípios do Brasil legisla sobre o seu ISSQN (Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza), apenas seguindo as diretrizes da lei complementar. De semelhante maneira, cada Estado e o Distrito Federal têm suas leis estaduais e regulamentos do ICMS e oferecerem benefícios próprios aos seus contribuintes, o que acaba gerando a conhecida guerra fiscal", explica advogada Martina Varejão, especialista em Direito Tributário.

Vale ressaltar que diminuir o número de tributos não significa reduzir a carga tributária. A ideia principal é, também, que não haja aumento. "O objetivo da reforma é a simplificação da tributação, não a redução de impostos. O Imposto sobre Valor Agregado (IVA) é moderno, utilizado em países desenvolvidos", explica o advogado tributarista Samir Nemer.

Imposto na cadeia produtiva

Como apontado por Nemer, o IVA é um imposto mais moderno. O advogado destaca que a legislação tributária no pais não se atualizou e, com o passar do tempo, passou a não refletir as necessidades do setor produtivo. "Nosso código tributário é de 1966. Na época, o Brasil era um país agrário. Ao longo dos anos, houve um descompasso entre a forma de fazer negócios e a legislação." 

Vamos voltar ao exemplo da compra de uma camisa para ver quais impostos são pagos ao longo da fabricação. Confira no infográfico abaixo.

A líder do Comitê de Economia do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo (Ibef-ES), Flávia Rapozo, explica que as múltiplas variáveis do modelo atual são o motivo de tanta complicação. "IPI é federal, ICMS é estadual, PIS e Cofins são contribuições federais com uma destinação específica e cada uma delas tem sua forma de calcular", explica.

Após a aprovação final da reforma, haverá uma transição de 7 anos, entre 2026 e 2033, até a mudança e a unificação dos tributos. A partir de 2033, os impostos atuais seriam totalmente extintos. O novo CBS vai substituir três tributos federais — IPI, PIS, Cofins — e o IBS vai englobar o ICMS estadual e o ISS municipal.

Mesma alíquota: o wafer pode virar bombom de novo

No sistema atual, alguns impostos são calculados com base na classificação do produto. Lembra da história do bombom que virou wafer? Um dos possíveis motivos para essa mudança é o planejamento tributário. Enquanto bombons estão sujeitos a 5% da alíquota do IPI, para o wafer essa alíquota é zero atualmente. A mesma coisa acontece com perfumes, cuja alíquota é de 40%, e água de colônia, que é de apenas 10%. Produtos parecidos, que têm a mesma função, foram reclassificados por causa do imposto.

Com a reforma, isso não precisa acontecer. Um dos pontos é a alíquota única.  Para Samir Nemer, essa situação de reclassificação de produtos tende a diminuir. O especialista, no entanto, enfatiza que o trabalho de planejamento tributário segue fundamental para as empresas no Brasil.

Mas qual será a alíquota após a reforma tributária?

A reforma tributária inclui uma série de diretrizes. Porém as listas de produtos que farão parte da Cesta Básica Nacional de Alimentos com imposto zerado e a de produtos que serão considerados prejudiciais à saúde e ao meio ambiente e pagarão um tributo maior ainda não foram definidas. Esses pontos vão ser acertados via lei complementar, a serem editadas e votadas posteriormente. 

"Embora a alíquota não tenha sido definida ainda, já que será votada posteriormente mediante lei complementar, com a reforma tributária e a fixação deste imposto único, o Brasil se aproximará de países mais desenvolvidos. A apuração do imposto sobre o produto se tornará mais fácil, já que bastará o consumidor fazer uma conta aritmética aplicando sobre o preço base do produto a alíquota incidente", disse o advogado Luiz Alberto Musso Leal Neto, especialista em Direito Tributário.

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