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Publicado em 23 de dezembro de 2021 às 08:03
Em um novo desdobramento do caso envolvendo a paralisação das atividades da Itapemirim Transportes Aéreos (ITA), braço aéreo do grupo Itapemirim, a Polícia Federal de São Paulo abriu um inquérito para investigar os atos da empresa, que deixou milhares de clientes no prejuízo neste fim de ano. >
Segundo as informações, que foram divulgadas pela revista Veja, os investigadores buscam apurar desvios envolvendo a operação de voos que prejudicou passageiros e também os negócios com criptomoedas de Sidnei Piva de Jesus, dono do grupo.>
Centenas de investidores estariam acusando o executivo de não devolver cerca de R$ 400 mil investidos nas criptomoedas CrypTour, moeda digital lançada em julho deste ano pelo grupo de transporte, e de não terem mais acesso à plataforma da Extrading, que foi retirada do ar, para pedir o resgate ou pelo menos ter acesso a informações sobre o destino do dinheiro. >
De acordo com informações divulgadas na coluna Capital, do jornal O Globo, no dia 17, quando quando anunciou a suspensão das operações da ITA, deixando no prejuízo mais de 45,8 mil passageiros que tinham passagens compradas para voar na alta temporada, Piva retirou quase R$ 1 milhão do caixa do grupo Itapemirim para a companhia aérea.>
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Segundo a coluna, a informação, que foi divulgada no final da tarde de terça-feira (21), consta de uma petição protocolada pelo Administrador Judicial, a EXM Partners.>
A Polícia Federal foi procurada para comentar as investigação, mas não se manifestou até a conclusão do texto, que será atualizado quando houver resposta. >
As movimentações realizadas por Piva já vinham sendo alvo de especulação, sendo que, em meio à crise, o dono da Itapemirim expandiu a área de seus negócios e abriu, no segundo trimestre deste ano, uma empresa offshore no Reino Unido, a SS Space Capital Group UK LTD.>
A informação foi divulgada pelo site Congresso em Foco e confirmada por A Gazeta. O relatório do site aponta que a companhia, com sede em Londres, na Inglaterra, teve as primeiras movimentações no fim de abril. A proposta é atuar como uma holding de serviços financeiros e fundos de investimentos. >
Segundo o site OpenCorporates, consultado por A Gazeta, que mostra as companhia constituídas no exterior, principalmente em paraíso fiscal, a firma de Piva tem um capital de 785 milhões de libras, aproximadamente R$ 6 bilhões.>
Ao ser questionado sobre a empresa, no dia 16 - véspera da paralisação das atividades da ITA -, a Itapemirim informou que a SS está devidamente registrada e regular em todos os órgãos competentes do Reino Unido, e que se trata de uma iniciativa particular do empresário, sem relação societária com o grupo Itapemirim.>
Uma das maiores empresas de transporte rodoviário do país, a Viação Itapemirim entrou em recuperação judicial em março de 2016, junto com outras empresas que pertenciam à família de Camilo Cola. A empresa alegou ter, na época, R$ 336,49 milhões em dívidas trabalhistas e com fornecedores, além de um passivo tributário de cerca de R$ 1 bilhão.>
Cerca de sete meses após a recuperação ter sido deferida pela Justiça capixaba, a família Cola vendeu o grupo para Camila Valdívia e Sidnei Piva de Jesus, empresários de São Paulo. Hoje, Piva é o presidente e controlador da empresa.>
Após assumir a gestão do grupo, Piva conseguiu aprovar, em 2019, um acordo com os credores do grupo para pagamento das dívidas da Itapemirim através da realização de leilões.>
As coisas pareciam melhorar até que chegou 2020. Logo no início do ano, Piva afirmou ao jornal Folha de S. Paulo que tinha conseguido um aporte de R$ 2 bilhões de um fundo soberano dos Emirados Árabes Unidos para financiar o projeto de criação de uma companhia aérea.>
O projeto foi visto com surpresa pelo mercado, diante das condições do grupo e também da pandemia do coronavírus, que fez os passageiros passarem longe dos aeroportos. Além disso, gerou desconfiança e revolta dos credores desde o primeiro minuto, sendo que muitos chegaram a pedir na Justiça a destituição do comando da companhia e a proibição de que recursos do grupo em recuperação judicial fossem destinados à ITA.>
A Justiça manteve Piva no comando e não barrou os planos de criação da ITA que, em 2021, acabou sendo lançada com aprovação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O voo inaugural foi feito no início do segundo semestre do ano.>
Já com a ITA no ar, a Justiça de São Paulo chegou a atender um pedido dos credores proibiu a Itapemirim de destinar recursos das empresas do grupo que estão em recuperação judicial - como a Viação Itapemirim - para a ITA.>
Como A Gazeta mostrou, a decisão ainda nomeou um auditor, figura judicial conhecida como "watchdog" (que significa cão de guarda na tradução do inglês), que será responsável por fiscalizar toda a gestão da companhia, como entradas e saídas de recursos.>
Uma das missões desse auditor seria fiscalizar de perto as relações entre o grupo em recuperação judicial desde 2016 e a ITA, que apesar de pertencer ao mesmo conglomerado, não faz parte do processo judicial. O nomeado deveria fazer um pente-fino nas transferências já feitas para a companhia aérea.>
No entanto, após recorrer na Justiça, a Itapemirim conseguiu se livrar do watchdog, como mostrou a revista Veja.>
Questionada, nesta quarta-feira (22), sobre as novas acusações, a Itapemirim ainda não se manifestou.>
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