Publicado em 9 de outubro de 2019 às 23:19
O governo do Espírito Santo apresentou nesta quarta-feira (09) um projeto de lei que visa reformular regras de cobranças de multas por descumprimento das chamadas obrigações acessórias - declarações mensais, trimestrais e anuais, onde constam informações sobre a empresa. Com isso, quando o texto for aprovado, multas aplicadas pelo Fisco serão extintas ou reduzidas.>
Todos os autos de infração em aberto, se somados chegam a R$ 1,24 bilhão. Do montante, R$ 14,8 milhões serão extintos, conforme explicou o governo. O restante poderá sofrer algum abatimento. Os descontos podem variar de 50% a 90%. O valor total que pode ser abatido não foi calculado.>
A Sefaz mapeou 5.188 autos de infração aplicados às empresas que descumpriram obrigações acessórias nos último dois anos. Não quer dizer automaticamente que são mais 5 mil empresas com multas desse tipo, uma vez que a mesma companhia pode ter recebido vários autos de infração.>
O projeto de lei com as mudanças foi apresentado nesta quarta, no Palácio Anchieta, em Vitória, a um grupo de representantes de entidades, empresários e políticos. Após aprovado pela Assembleia Legislativa e sancionado, os contribuintes deverão pedir a adesão à Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz).>
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Segundo o chefe da Sefaz, Rogelio Pegoretti, não adianta aplicar multas acessórias de alta monta. Elas inviabilizam os negócios e, por isso, não são pagas. Há cobranças que giram na casa dos R$ 200 milhões. O resultado é melhor quando os valores são mais moderados. >
A nossa experiência mostra que nenhum auto de obrigação acessória desses valores é recolhido, a maioria deles vai para a Justiça, que dá a decisão a favor da empresa, comentou, antes de completar: "Um valor impagável você não recebe, mas o valor mais justo você acaba recebendo".>
O governo identificou que 26 tipos de infrações representam 91% de todos os autos lavrados, equivalem a 99,8% do valor total de imposto lançado e 99% do valor das multas aplicadas. Dos 26, 14 foram considerados dentro dos parâmetros ideais. >
Os outros 12 serão alterados por meio do projeto de lei, com redução de multa ou extinção. (Confira a lista no final do texto).>
A proposta de alteração sobre as obrigações acessórias deve melhorar o ambiente de negócios do Estado, segundo o governador do Estado, Renato Casagrande.>
Esse projeto dá passos largos para melhorar o ambiente de negócios. Melhora com inovação, com desburocratização, com a compreensão que não podemos sugar o contribuinte. Temos que ter equilíbrio na hora de aplicar as penalidades. Essa é a primeira etapa e já tomamos diversas decisões este ano, afirma.>
Rogelio Pegoretti destacou que algumas das empresas multadas até cogitavam deixar o Estado por conta do valor elevado das multas acessórias. "Quando a lei for aprovada e sancionada, outras empresas verão que não correm o risco de serem penalizadas de forma tão grave pelo Fisco", apontou.>
A advogada especialista em Direito Tributário Luciana Mattar Vilela Nemer atua em casos que envolvem obrigações acessórias. Ela elogiou a iniciativa governamental. Para ela, os autos de infração devem ter papel educativo, e não punitivo. >
"Elas não devem ser aplicadas de forma que prejudique as empresas. Existem casos hoje onde o valor da multa é superior ao da operação realizada por ela", conta.>
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