> >
Mais que atualizar tecnologia, bancos terão de mudar cultura, diz CEO do Nubank

Mais que atualizar tecnologia, bancos terão de mudar cultura, diz CEO do Nubank

O empresário afirmou que será desafio imenso para as grandes instituições acompanhar o ritmo acelerado do mundo digital

Publicado em 5 de novembro de 2020 às 23:11

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
David Vélez, empresário e fundador do Nubank, no 8º Fórum Liberdade e Democracia, em Vitória. (Luciane Ventura / Divulgação)

A pandemia do coronavírus acelerou a entrada dos grandes bancos na era digital, mudança que já vinha sendo forçada pela presença cada vez mais relevante das fintechs no setor. Contudo, apesar dos esforços de muitos deles em se enquadrar nessa nova cultura, o desafio é enorme. Mais do que se transformar tecnologicamente, eles precisarão fazer um esforço de mudança na cultura dentro das próprias empresas. A opinião é do CEO do Nubank, David Vélez, que participou do 8º Fórum Liberdade e Democracia, em Vitória, nesta quinta-feira (5).

"Todos os bancos hoje, no Brasil e no mundo, estão se adaptando ao conceito digital. Não é uma opção. A Covid acelerou isso. A grande pergunta é como eles estão fazendo isso. Os que terão sucesso são os bancos e instituições que entendem que, além de ser um desafio tecnológico, há um desafio cultural", disse o empresário colombiano.

Ele aponta que a cultura da empresa é como uma "constituição" com valores e objetivos da companhia e que estão profundamente enraizados na conduta de gestores e demais trabalhadores. Para Vélez, essas diretrizes são fundamentadas pela primeira dezena de pessoas que integraram a empresa, nos primeiros meses de sua existência.

No caso dos grandes bancos, essas regras e fundamentos foram criados há décadas, em um contexto social e tecnológico muito diferente, e hoje estão nos hábitos e na maneira de atuar de milhares de funcionários. 

"É preciso mudar a cultura de organização de 100 mil, 120 mil pessoas. Em uma startup, você consegue mudar, mas numa organização que tem trabalhado 40 anos do mesmo jeito é um desafio absurdo", avalia.

Vélez criticou ainda a maneira com que algumas dessas instituições têm mostrado em campanhas publicitárias que estão mais "conectadas", mais próximas do cliente.

"A gente fala no Nubank que não vendemos produto, vendemos uma cultura, um propósito. Os consumidores hoje são muito atentos a isso. Eles (bancos) não podem, de um dia para o outro, falar que têm impacto na sociedade. O consumidor já não vai ouvir isso como autêntico", afirma.

CRISE É TAMBÉM MOMENTO DE OPORTUNIDADE

O CEO do Nubank também compartilhou durante o evento sua história de vida e descreveu como aprendeu a transformar desafios  em oportunidades.

"Aprendi com meu pai a ver problemas como oportunidade. Muitas vezes, a gente se vê parado pelo obstáculo. Mas aprendi a pensar o obstáculo como uma oportunidade. A forma como você reage, pode ser como uma vítima ou como alguém que  consegue construir uma solução", diz.

Do ponto de vista do empresário, os fracassos de um empreendedor o ensinam mais do que as vitórias. Vélez diz que, por essa razão, sempre optou pelo caminho mais difícil, por menos promissor que ele pareça.

"Quando estava apresentando o Nubank, eu tinha várias ideias potenciais de empreendimento. Mas eu me fazia a pergunta: qual a ideia mais difícil que eu consigo imaginar? E criar um banco no Brasil era sempre a que parecia mais desafiadora. Por isso escolhi essa", lembra.

O Nubank tem hoje cerca de 30 milhões de clientes e, além da sede em São Paulo, também tem escritório em outros quatro países. 

Recentemente, a fintech se viu sob acusações de racismo nas redes sociais após a declaração de uma das fundadoras, Cristina Junqueira, no programa "Roda-Viva". 

Na ocasião, ela disse que a fintech estava investindo em programas de formação voltados a negros, mas afirmou que o nível de exigência para ingressar na empresa é alto e que não poderia "nivelar por baixo".

Em carta divulgada dois dias depois, o banco digital afirmou que errou no tratamento da questão racial e que vai adotar ações de transformação nessa área.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais