Estela Tesch segue os passos da avó, a empreendedora Selene Hammer Tesch
Estela Tesch segue os passos da avó, a empreendedora Selene Hammer Tesch. Crédito: Fernando Madeira

Mais de 25 mil mulheres com mais de 60 anos lideram negócios no Espírito Santo

No Espírito Santo, do total de 604.466 empreendedores capixabas registrados no primeiro trimestre de 2025, 90.519 têm 60 anos ou mais — sendo 25.685 mulheres nessa faixa etária

Tempo de leitura: 5min
Vitória
Publicado em 08/06/2025 às 07h38

Em um cenário onde envelhecer ainda carrega estigmas, mulheres na terceira idade transformam suas experiências em negócio. No Espírito Santo, mais de 25 mil empreendedoras com 60 anos ou mais mostram que nunca é tarde para ir atrás de seus sonhos. 

Segundo dados do DataSebrae, do total de 604.466 empreendedores capixabas registrados no primeiro trimestre de 2025, 90.519 têm 60 anos ou mais — sendo 25.685 mulheres nessa faixa etária. Elas representam uma força crescente entre os 209.714 negócios liderados por mulheres no Estado.

Com 62 anos, Selene Hammer Tesch se destaca há 35 anos na produção de chás orgânicos e temperos diversos. Responsável pela Horta Viva Selene, ela explica que busca trabalhar com qualidade e excelência para que seu produto chegue ao consumidor com amor e sabor.

“Eu sempre tive esse desejo, porque eu acho que não existe nada melhor do que uma mulher independente. Hoje eu tenho minha própria agroindústria pequena, mas que me ajuda a manter meus negócios e ter uma renda boa”, explicou Selene Hammer.

Empreendedora, Selene transforma o solo em sustento e inspiração
Empreendedora, Selene transforma o solo em sustento e inspiração. Crédito: Fernando Madeira

Para os negócios, ela envolve o marido e oito filhos. Hoje, eles desenvolvem uma segunda atividade na agricultura: a floricultura.

Selene conta que encontrou no empreendedorismo uma forma de alinhar seus valores à sua atuação cotidiana — dentro e fora de casa.

“Na época, nossos filhos eram todos pequenos, e uma das coisas que nos levou a buscar uma alternativa foi a questão da saúde da família. Porque agrotóxicos não trazem benefícios para ninguém. Com o tempo, isso gera grandes danos à saúde" disse.

Esse processo de autoconhecimento e mudança de hábitos impactou não só a rotina da família, mas também a forma como ela passou a enxergar o trabalho. “Eu falei com o meu marido, na época: a gente muda de hábito, de trabalho e até de alimentação. E a gente decidiu mudar. Tivemos grandes dificuldades com os filhos no início, porque você precisa se readaptar a uma cultura que você não conhecia, aprender, fazer testes, ver se dá certo.”

Há 35 anos de empreendedorismo rural com a horta Viva Selene

Há 35 anos, Selene planta saúde, colhe autonomia e inspira gerações
Há 35 anos, Selene planta saúde, colhe autonomia e inspira gerações. Fernando Madeira
Estela Tesch segue os passos da avó, a empreendedora Selene Hammer Tesch
Estela Tesch segue os passos da avó, a empreendedora Selene Hammer Tesch. Fernando Madeira
Empreendedora, Selene transforma o solo em sustento e inspiração
Empreendedora, Selene transforma o solo em sustento e inspiração. Fernando Madeira
Empreendedora, Selene transforma o solo em sustento e inspiração
Empreendedora, Selene transforma o solo em sustento e inspiração. Fernando Madeira
Empreendedora, Selene transforma o solo em sustento e inspiração
Empreendedora, Selene transforma o solo em sustento e inspiração. Fernando Madeira
Para os negócios, Selene envolveu a família
Para os negócios, Selene envolveu a família. Fernando Madeira
Empreendedora e avó, Selene inspira sua neta, Estela Tesch, de 3 anos
Empreendedora e avó, Selene inspira sua neta, Estela Tesch, de 3 anos. Fernando Madeira
Selene conta que encontrou no empreendedorismo uma forma de alinhar seus valores à sua atuação cotidiana
Selene conta que encontrou no empreendedorismo uma forma de alinhar seus valores à sua atuação cotidiana. Fernando Madeira
Selene criou seu próprio negócio: a Horta Viva Selene
Selene criou seu próprio negócio: a Horta Viva Selene. Fernando Madeira
Selene criou seu próprio negócio: a Horta Viva Selene
Selene criou seu próprio negócio: a Horta Viva Selene. Fernando Madeira
Selene Hammer Tesch conta que busca trabalhar com qualidade e excelência
Selene Hammer Tesch conta que busca trabalhar com qualidade e excelência. Fernando Madeira
Com 62 anos, Selene Hammer Tesch se destaca há 35 anos na produção de chás orgânicos e temperos diversos
Com 62 anos, Selene Hammer Tesch se destaca há 35 anos na produção de chás orgânicos e temperos diversos. Fernando Madeira
Com 62 anos, Selene Hammer Tesch se destaca há 35 anos na produção de chás orgânicos e temperos diversos
Com 62 anos, Selene Hammer Tesch se destaca há 35 anos na produção de chás orgânicos e temperos diversos. Fernando Madeira
Com 62 anos, Selene Hammer Tesch se destaca há 35 anos na produção de chás orgânicos e temperos diversos
Com 62 anos, Selene Hammer Tesch se destaca há 35 anos na produção de chás orgânicos e temperos diversos. Fernando Madeira
Selene Hammer Tesch conta que encontrou no empreendedorismo uma forma de alinhar seus valores à sua atuação cotidiana
Selene Hammer Tesch agora desenvolve com a família uma segunda atividade na agricultura: a floricultura . Fernando Madeira
Selene Hammer Tesch agora desenvolve com a família uma segunda atividade na agricultura: a floricultura
Selene Hammer Tesch agora desenvolve com a família uma segunda atividade na agricultura: a floricultura . Fernando Madeira
Selene fez dos chás e temperos um negócio
Selene fez dos chás e temperos um negócio. Fernando Madeira
Selene fez dos chás e temperos um negócio
Selene fez dos chás e temperos um negócio. Fernando Madeira
Selene fez dos chás e temperos um negócio
Selene fez dos chás e temperos um negócio
Selene fez dos chás e temperos um negócio
Selene fez dos chás e temperos um negócio
Selene fez dos chás e temperos um negócio
Selene fez dos chás e temperos um negócio
Selene fez dos chás e temperos um negócio
Selene fez dos chás e temperos um negócio
Selene fez dos chás e temperos um negócio
Selene fez dos chás e temperos um negócio
Selene fez dos chás e temperos um negócio
Selene fez dos chás e temperos um negócio
Selene fez dos chás e temperos um negócio
Selene fez dos chás e temperos um negócio
Selene fez dos chás e temperos um negócio
Selene fez dos chás e temperos um negócio
Selene fez dos chás e temperos um negócio
Selene fez dos chás e temperos um negócio

Negócio de família

Outra história que traduz a força das mulheres empreendedoras na terceira idade é a de Ana Venturim Porto, 62 anos. À frente dos negócios familiares, localizado às margens da BR 262, em Venda Nova do Imigrante, ela se destaca não apenas pela gestão, mas pelo olhar inovador e acolhedor. Inaugurado em 1991, o negócio atualmente compreende um posto de gasolina, restaurante, hotel, fábrica de massas e de biscoitos.

Em 2024, foi reconhecida com o 1º lugar na categoria Pequenos Negócios do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios e recebeu também o troféu Destaque Inspiração no Turismo.

“Não comecei sozinha, estava com meus pais e alguns irmãos. Depois eu acabei herdando. Meu professor principal foi meu pai. Foi um aprendizado. É robusto, mas não fácil, porque ele era muito exigente. Quando meus pais me entregaram a herança, fluiu naturalmente, porque eu já estava no negócio”, conta Ana Venturim.

Foram muitos desafios, como mulher empreendedora, e com as mudanças no mundo dos negócios. Após a morte da mãe, em 2020, Ana, que tinha 58 anos, e o marido se mudaram para Vitória e abriram uma cafeteria. Dois anos depois, o negócio expandiu e inauguraram uma segunda cafeteria.

Ana Venturim Porto

Empreendedora

Eu acho que o empreendedorismo traz para mulheres a certeza da sua capacidade, da sua potência. A mulher tem visões muito diferentes de negócios e normalmente, a mulher trata de uma forma maternal e a tendência é que os negócios nas mãos das mulheres sejam mais humanizados

Costura

A costura sempre esteve presente na vida de Maria da Penha Sacramento, de 60 anos, mas foi apenas após décadas de trabalho em empregos formais que ela conseguiu transformar esse ofício em um negócio próprio. Apoiada pela família e impulsionada por um desejo antigo de empreender, ela encontrou no corte e na linha não apenas uma profissão, mas um caminho de realização pessoal e autonomia.

“Por aprender a costurar com minha mãe, não tive dificuldades nessa área. Fiz vários cursos, tive acesso a várias modelagens. Aí decidi fazer a faculdade de design de moda e essa faculdade também já veio bem tardia na minha vida. Eu comecei com 40 anos”, contou Maria da Penha.

Mesmo com a formação acadêmica e a experiência prática, a costureira reconhece que o maior desafio foi conquistar espaço em um mercado competitivo.

“O meu maior desafio foi construir um nome e conquistar uma clientela. Ainda mais no começo, quando o medo batia. Será que realmente vão valorizar o que eu estou fazendo? E aí eu fui vencendo um passo de cada vez. Hoje eu tenho uma marca de moda autoral, com foco em roupas femininas, que valoriza mais os corpos reais de mulheres”, explicou.

Apesar dos avanços e reconhecimentos, muitas empreendedoras com mais de 60 anos ainda enfrentam a sensação de invisibilidade em espaços voltados ao empreendedorismo. A falta de iniciativas específicas para esse público e de espaços de troca entre mulheres maduras é uma lacuna apontada por quem vive essa realidade no dia a dia.

Maria da Penha Sacramento

Costureira

A costura é uma arte de contar histórias por meio dos tecidos e linhas, e assim estou contando a minha história

Dificuldades

Segundo a gerente de Relações Institucionais do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Espírito Santo (Sebrae/ES), Alline Zanoni Batista, mulheres na terceira idade enfrentam diversas dificuldades para empreender, entre elas o acesso limitado a crédito e capital inicial. Além disso, a burocracia e os processos de formalização representam obstáculos, tornando o caminho mais complexo. A isso se soma o preconceito social relacionado à idade e ao gênero, que pode minar a confiança e as oportunidades dessas mulheres.

“Segundo o Sebrae, mais da metade das empreendedoras com mais de 60 anos inicia por necessidade, mas muitas relatam alto grau de satisfação e sentimento de utilidade”, explicou Alline .

Ainda de acordo com Alline, o Sebrae tem ampliado suas ações voltadas para o público com mais de 50 e 60 anos, oferecendo uma educação empreendedora adaptada às necessidades dessa faixa etária.

“O Programa Sebrae Delas (Desenvolvendo Empreendedoras Líderes Apaixonadas pelo Sucesso), embora não exclusivo para mais de 60 anos, inclui ações voltadas para empreendedoras maduras. A inclusão desse público no empreendedorismo é vista como um caminho para fortalecer a economia e promover inclusão social. ”, disse a gerente de Relações Institucionais do Sebrae/ES.

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