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Entidades defendem maior tributação às bets após apostas afetarem o consumo

Entidades defendem maior tributação às bets após apostas afetarem o consumo

Presidente da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores destaca como as apostas on-line estão reduzindo o poder de compra das famílias e prejudicando o setor

Publicado em 16 de junho de 2025 às 17:22

Convenção da Abad em Atibaia, São Paulo
Convenção da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores em Atibaia (SP) Crédito: Leticia Orlandi

O setor atacadista e distribuidor registrou alta de 6,2% de janeiro a maio de 2025 na comparação com o ano anterior. Até o fim do ano, a perspectiva é chegar a 7% de crescimento. Mesmo assim, esse mercado tem avaliado algumas ameaças e desafios, como as bets ou apostas on-line.

Durante a 44ª Convenção Nacional e Anual do Canal Indireto da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad), realizada nesta segunda-feira (16) em Atibaia, São Paulo, o presidente da entidade, Leonardo Miguel Severini, que também representa a União Nacional das Entidades de Comércio e Serviços (Unecs) fez um alerta sobre o impacto das apostas on-line (bets) no poder de compra do consumidor brasileiro e na economia do país.

Segundo Severini, o setor, que movimentou mais de R$ 100 bilhões no Brasil nos últimos 12 meses (de acordo com estimativa da Confederação Nacional do Comércio), atua como um grande entrave para o varejo ampliado. Entre os motivos, está o fato de que, na prática, famílias com hábito de apostas acabam tendo o poder de compra reduzido.

O presidente da Abad enfatizou que, embora a entidade seja a favor do livre mercado e do livre arbítrio do cidadão em optar por apostar, o problema reside na falta de um regramento adequado para as bets. "O que não está certo, por enquanto, é o regramento que está sendo colocado para as bets e a não comparação das bets a um efeito prejudicial na saúde e na vida das pessoas", afirmou.

Severini lembrou ainda que muitas famílias acabam fazendo as apostas pensando num complemento de renda, o que, segundo ele, não acontece na prática.

Já Domenico Filho, diretor de Varejo da NielsenIQ no Brasil, acrescentou que estudos indicam que pelo menos 15% das famílias brasileiras utilizam as bets como uma segunda fonte de renda, o que nem sempre se concretiza.

Segundo ele, estudos conduzidos pela Nielsen mostram que o consumo nos lares que se declaram apostadores cai muito mais do que aqueles que não apostam. Ele afirma que a frequência de compra nesses lares diminui, e o dinheiro destinado às apostas, quando não retorna, impacta a capacidade de compra de itens essenciais como arroz e feijão.

Além disso, o nível de endividamento e o índice de inadimplência são maiores nos lares que fazem apostas, e o consumo geral é menor. "Essa é uma preocupação real", pontuou Domenico.

Diante disso, Severini afirmou que uma das bandeiras da Abad e da Unecs junto ao Poder Legislativo é a conscientização sobre o impacto das apostas e a necessidade de tributação e regulamentação mais justas.

Severini traçou um paralelo com outros vícios, como o cigarro, que tem tributação de 60% no Brasil, e outras categorias que chegam a 30%. Ele sugere que as bets deveriam ter "minimamente um imposto similar a isso" e serem classificadas na categoria chamada "Imposto do Pecado" na reforma tributária.

O presidente da Abad reforça ainda que o montante de R$ 100 bilhões movimentado pelas bets em 12 meses é comparável ao faturamento do maior varejista brasileiro, evidenciando o volume de recursos envolvidos.

Desempenho do setor em 2025

O desempenho do setor atacadista em 2025 foi apontado pelo documento Termômetro Abad, apresentado no evento em Atibaia. O avanço de 6,2% em 2025 é resultado de quase um semestre com dinâmica positiva: janeiro registrou alta de 8%; fevereiro, de 6,7%; março, de 8,4%; e, em maio, o aumento no faturamento foi de 3,6%.

Em relação ao mês de abril, o crescimento foi de 9,1%, após uma queda de 5,1% naquele mês frente a março. Até o final deste ano, a expectativa é de fechar em crescimento, na casa dos 7%.

Para o presidente Leonardo Miguel Severini, os números divulgados reforçam a solidez e a resiliência do setor.

“O crescimento acumulado de 6,2% até maio, com resultados positivos e consistentes ao longo dos primeiros meses do ano, mostra que o canal indireto segue desempenhando um papel fundamental no abastecimento do varejo em todas as regiões do país.”

A reportagem viajou a convite da Abad.

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