Publicado em 31 de março de 2020 às 20:11
Um cenário positivo, com economia em crescimento, reformas estruturantes no radar político e diversas privatizações sendo programadas. A série de notícias positivas fez com que a Bolsa de Valores de São Paulo (a B3) começasse o ano de 2019 com seguidos recordes de pontuação. Já em 2020, 0 pregão chegou a alcançar 119 mil pontos em 23 de janeiro. >
Mas com o coronavírus essa realidade mudou. O preço do barril de petróleo caiu, o dólar disparou e a Bolsa registrou queda em cima de queda. Por diversas vezes o pregão precisou ser suspenso para evitar prejuízos ainda maiores. Até o momento o patamar mais baixo foi registrado em 23 de março, com 62 mil pontos. >
Atualmente a Bolsa já se recuperou um pouco 73 mil pontos, nesta terça-feira (31). Mas especialistas avaliam que o retorno ao patamar em que estava antes da crise deve demorar ainda mais se o cenário econômico pós-coronavírus apresentar grande retração e desemprego.>
Essa dúvida de quando a Bolsa vai se recuperar é uma dúvida de todo mundo. Se compararmos com a crise de 2008, por exemplo, a Bolsa só recuperou seu valor em 2017. Mas nesse meio tempo houve vários acontecimentos foi como se uma crise se sobrepusesse a outra, explica Yamin Melo, especialista do mercado de investimentos e fundadora do Instituto Nacional do Agente Financeiro.>
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Já na crise dos Tigres Asiáticos, em 1997, a recuperação foi mais rápida, em 1999. Só que hoje ainda não é possível dizer com certeza se essa crise atual será mais parecida com a de 2008 ou com a de 1997, pondera.>
Yasmin Melo
especialista do mercado de investimentos e fundadora do Instituto Nacional do Agente FinanceiroNa mesma direção vão os gestores do banco Itaú. Na última semana a instituição financeira divulgou a expectativa para a pontuação da Bolsa de Valores ao final do ano. A expectativa caiu de 130 mil pontos imaginada no início de 2020 para 94 mil pontos, neste cenário de coronavírus e crise econômica.>
Charo Alves, assessor de investimentos da Valor, acredita que seja possível chegarmos ao fim do ano com 100 mil pontos na Bolsa de Valores. Mas chegar ao patamar pré-coronavírus deve demorar mais mas sem ultrapassar 2021.>
Vejo que essa crise tem algo melhor do que a que tivemos em 2008. Dessa vez os governos estão entrando de cabeça para salvar a economia, coisa que não aconteceu em 2008. Naquele ano, na verdade, a queda foi muito mais rápida e não deu tempo de que medidas fossem tomadas, compara.>
As primeiras semanas de março foram duras para quem investe na Bolsa de Valores. Por seis vezes o pregão precisou acionar o circuit braker e suspender a sessão para reduzir as perdas. >
Desde 1995, tal interrupção só aconteceu 11 vezes. As outras cinco vezes em que o circuit braker foi acionado aconteceram em 1997 (duas vezes crise asiática), 1998 (crise na Rússia) e 2008 (duas vezes também crise financeira internacional).>
Para se ter uma ideia da importância do momento vivido, o mestre em economia Marcel Balassiano destaca outras duas importantes datas em que a Bolsa caiu sem atingir os 10% e atingir o circuit braker.>
Marcel Balassiano
Mestre em EconomiaYasmin Melo destaca que as crises fazem parte desse processo de investimentos e que é esperado que tais eventos aconteçam. Da mesma forma pensa Charo Alves. O mundo estava caminhando de forma muito boa, mas crises acontecem. A situação vai voltar ao normal na medida em que as medidas forem tomadas e o controle da doença for evoluindo, resume.>
A grande questão a saber é como os efeitos do coranavírus vão afetar essas e outras variáveis nas próximas semanas e meses. Tomara que tudo se resolva, na medida do possível, o mais rapidamente, e os impactos, tanto na vida das pessoas quanto na economia, sejam os menores, conclui Marcel Balassiano.>
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