Publicado em 31 de março de 2020 às 19:31
A crise do coronavírus levou a Bolsa de Valores brasileira a registrar, no primeiro trimestre de 2020, a maior desvalorização trimestral da história. De janeiro até esta terça-feira (31), o Ibovespa acumulou queda de 36,85%, superando o recuo de 1986, segundo dados da Economatica. Naquele ano, a Bolsa caiu 36,25% no terceiro trimestre com o fracasso do Plano Cruzado.>
Em março, o Ibovespa acumula desvalorização de 29,90%, o quarto pior desempenho mensal da história, atrás de março de 1990 e junho de 1989, períodos marcados pela hiperinflação, e de agosto de 1998, ano da crise russa.>
Já o dólar tem a terceira maior alta trimestral do Plano Real. A valorização de 29,5% nos três primeiros meses de 2020 perde apenas para o terceiro trimestre de 2002, antes da eleição de Lula para o primeiro mandato presidencial, e para o primeiro trimestre de 1999, quando quando o Banco Central (BC) encerrou a política do câmbio fixo.>
Nesta terça, a moeda terminou o pregão cotada a R$ 5,1990, alta de 0,34%. Na máxima, chegou a R$ 5,2150, mas perdeu força com o leilão de US$ 755 milhões à vista do BC. O patamar do dólar é próximo ao recorde nominal (sem contar a inflação) do dia 18, de R$ 5,2020.>
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Em termos reais (corrigidos pela inflação), a moeda americana ainda está longe de sua máxima de 2002. Se for considerado apenas o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), calculado pelo IBGE, o pico de R$ 4 naquele ano, equivale a cerca de R$ 10,80 hoje. Caso também seja levada em conta a inflação americana, o valor corrigido seria cerca de R$ 7,50.>
Já o Ibovespa está no menor patamar desde julho de 2018. Em mais uma sessão volátil, o Ibovespa passou de alta para queda de 2,17%, a 73.019 pontos.>
O índice brasileiro seguiu o desempenho de Wall Street. Dow Jones fechou em queda de 1,84%, no pior trimestre desde 1987, ano da Segunda-Feira Negra, índice americano desabou 22,61% em uma única sessão.>
Nesta terça, S&P e Nasdaq caíram 1,60% e 0,95%, respectivamente, encerrando os piores trimestres desde 2008, ano da crise financeira.>
Neste mês, a Bolsa brasileira e Bolsas americanas registraram volatilidade recorde, acionando sucessivos circuit breakers (paralisação temporária das negociações), devido ao pânico de investidores diante da Covid-19. Para conter a pandemia, as principais economias globais paralisam atividades, o que, segundo economistas, deve gerar uma das piores recessões da história.>
As bruscas quedas dos índices desencadearam um efeito cascata. Os fundos de investimento têm mecanismos de "stop loss" (interrupção de perdas) que os força a vender ações diante de fortes desvalorizações - geralmente, em quedas de 7% a 10% do Ibovespa.>
O movimento leva a uma forte pressão vendedora que reduz os preços de ativos bruscamente. Enquanto ações caem, ativos menos arriscados, como ouro e dólar, tendem a disparar.>
Contudo, com uma corrida de investidores para salvar investimentos, os fundos sofreram muitos saques, o que os fez buscar mais liquidez, se desfazendo até de ouro e dólar.>
Nos últimos dias do mês e do trimestre, os fundos tendem a rebalancear as carteiras, fazendo apostas para as próximas semanas. O movimento trouxe uma certa calmaria ao mercado nos últimos dias, explicam analistas.>
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