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Publicado em 9 de maio de 2024 às 12:12
As chuvas que assolam o Rio Grande do Sul desde o fim de abril podem trazer impactos à economia do Espírito Santo, principalmente ao mercado varejista de alimentos. Com mais de 400 de suas 497 cidades afetadas por inundações, o Estado gaúcho acumula danos à produção agrícola e tem dificuldade para distribuir seus produtos. >
Entre os alimentos vindos do Rio Grande Sul para o Espírito Santo estão arroz, soja, milho, carne bovina, frango, maçãs e batatas. Segundo a Central de Abastecimento do Estado (Ceasa-ES), os itens continuam chegando, mas, se houver uma menor quantidade de produtos oriundos de terras gaúchas, os preços poderão aumentar.>
“Apesar do atraso na chegada de alguns produtos, os caminhões têm passado por rotas alternativas para chegar à Ceasa”, divulgou a Central de Abastecimento capixaba, por meio de nota.>
De acordo com o economista Felipe Storch Damasceno, o Rio Grande do Sul é responsável por 70% da produção de arroz no Brasil. Na safra atual, 30% dos grãos ainda não haviam sido colhidos. >
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“Isso traz problemas para a produção nacional. Além da possível perda dessa colheita, há também a dificuldade de escoamento dos produtos. No caso do arroz, havia previsão de um decréscimo de 5% no preço, ainda neste ano. Porém, com o cenário atual, isso já está sendo invertido”, diz Damasceno, que também é doutor em Contabilidade e Administração.>
Para sanar o problema da possível falta de arroz, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) foi autorizada, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a comprar um milhão de toneladas de arroz, importados de países da América do Sul.>
Segundo Felipe Storch, é possível haver, também, um impacto em produtos derivados do trigo. "Logo, produtos como pão, macarrão e outros que dependam do grão podem ser afetados", salienta o economista.>
De acordo com o especialista, com as inundações no Rio Grande do Sul, grandes empresas de transporte, energia e logística paralisaram suas operações, o que também traz reflexos aos preços das prateleiras. Já no caso de produtos derivados do leite, preocupação em outras regiões do Brasil, Felipe explica que o Espírito Santo não depende do envio do Sul.>
"Nossos lacticínios costumam ser capixabas e mineiros. Minas Gerais é muito forte em pecuária de leite e acredito ser capaz de suprir a necessidade de oferta que tenhamos. É possível que tenhamos um impacto de preço, mas falta de produtos é um cenário mais improvável", conclui o economista.>
Segundo a Associação Capixaba de Supermercados (Acaps), ainda não há falta de produtos, já que os estabelecimentos capixabas possuem estoques para reposição. Ainda assim, o órgão não descarta impactos.>
“A enchente no Rio Grande do Sul trará impactos não somente para o Espírito Santo, mas para muitos outros Estados, devido às dificuldades logísticas pontuais relacionadas a produtos como aves e suínos, que dependem em boa parte da soja e do milho do Rio Grande do Sul”, divulgou a Acaps, por meio de nota enviada à reportagem.>
De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal, dez unidades produtoras de carne de aves e de suínos estão paralisadas ou com dificuldades para operar. De acordo com o portal UOL, a associação relata a impossibilidade de processar insumos e de transportar funcionários em meio às inundações.>
O economista Eduardo Araújo observa que o Rio Grande do Sul tem um montante significativo de endividamento com o governo federal. Em decorrência do desastre, o Estado gaúcho e a União podem negociar algum tipo de perdão ou abatimento da dívida pública. >
"Isso pode repercutir, de forma indireta, nas finanças públicas do país. Além de o governo federal ter que fazer os investimentos na reconstrução do Rio Grande do Sul, esse aspecto, de que a União possa oferecer algum perdão de dívida, gera um custo que pode, eventualmente, ser repassado aos outros Estados", analisa Eduardo. >
Ainda segundo o economista, isso leva a uma tendência de aumento de impostos e escassez de recursos federais para fazer investimentos em outros Estados, incluindo o Espírito Santo.>
Atingido por fortes chuvas desde fim de abril, o Estado do Rio Grande do Sul vive um cenário de destruição, com alagamentos que já deixaram pelo menos 107 mortos, 128 desaparecidos e milhares de desabrigados e desalojados. Dos 497 municípios, mais de 400 foram afetados e, segundo o boletim da Defesa Civil local, mais de 370 pessoas foram encontradas com ferimentos e mais de 1,3 milhão foram diretamente afetadas.>
Segundo o governador Eduardo Leite, o estado vai precisar de R$ 19 bilhões para sua reconstrução.>
Em meio à tragédia, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta de "grande perigo" para o extremo sudeste do Rio Grande do Sul. Segundo a previsão, a região pode ser atingida por chuva de granizo e ventos acima de 100 km/h.>
Escolas, rodovias e outras estruturas também sofrem com os impactos dos alagamentos, assim como o Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, que está inundado e não tem previsão para retorno de suas operações.>
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