Repórter / [email protected]
Publicado em 29 de novembro de 2022 às 15:34
Dezembro já está quase chegando e a Prefeitura de Vitória ainda não se reuniu com os organizadores dos blocos de rua para definir como será a programação do carnaval de 2023. Os grupos reclamam de falta de diálogo e da demora para se chegar a uma definição a respeito da festa, que será a primeira desde o início da pandemia de coronavírus, há mais de dois anos. >
Diante da incerteza e do tempo curto, há blocos que já desistiram de desfilar, e os que permanecem temem não conseguir patrocínio para bancar a folia, o que também pode inviabilizar a participação.>
O carnaval de 2023 acontece entre 18 e 22 de fevereiro. Normalmente, o protocolo da prefeitura em anos anteriores incluía a publicação, no Diário Oficial, de uma definição acerca dos integrantes da comissão de carnaval, composta por membros de diversas secretarias e também dos blocos, da Polícia Militar e do Ministério Público. >
A comissão define quais blocos desfilam em que horário e por qual percurso. Quem se interessa em desfilar tem que protocolar um pedido. Mas esse edital também não saiu.
>
>
Segundo Samantha Broks, membra da associação que reúne os blocos de carnaval de rua do Centro de Vitória (Blocão) e do Conselho Municipal de Cultura, já foram protocolados pedidos de reunião e de informação perante a prefeitura. Um dos pedidos foi respondido, mas, após ser marcado e desmarcado três vezes, o encontro acabou não acontecendo. >
"Além de ser um carnaval emblemático, após a pandemia, tem chance de lotar muito. As pessoas não estão com condições de viajar, as viagens estão muito caras, são dois anos sem carnaval. A gente pensa nesse diálogo muito até por uma questão de organizar a cidade. Se não houver preparativo, a cidade 'explode'. No último carnaval, só meu bloco colocou 100 mil pessoas na Beira Mar", conta Samantha, que organiza o Puta Bloco, que sai normalmente no domingo de carnaval.
>
Ela lembra que, em 2021 e 2022, os organizadores dos blocos assinaram um documento junto à prefeitura se comprometendo em não desfilar. Ainda assim, centenas de pessoas foram ás ruas em diversos pontos da Capital. >
O receio dos organizadores dos blocos é de que, sem apoio logístico e de estrutura da prefeitura, o carnaval de rua do ano que vem acabe prejudicando a cidade e os moradores. >
"O nosso medo é de acabar virando um carnaval feito de uma forma que vai agredir a cidade, que não vai ter controle, banheiro químico, ambulância, lixeiras extras, guarda municipal preparada. Esse é o pior dos nossos cenários. As pessoas vão para a rua de qualquer forma", afirma Samantha.
>
Além disso, há o receio de que a realização dos próprios blocos fique prejudicada. Eles são, atualmente, financiados por empresas patrocinadoras. >
"Com tudo o que aconteceu, com a pandemia, a maioria dos blocos está sem fundos. A gente precisa pelo menos ter o alvará da prefeitura, porque o patrocinador grande, que pode nos dar essa verba, não vai nos dar sem saber se a gente vai sair ou não.">
Procurada, a Prefeitura de Vitória informou que "entende a importância e valoriza o carnaval de rua e atua para garantir que os dias de folia sejam realizados com ordem e segurança". Diz ainda que pretende "ampliar o diálogo" com os organizadores. >
O município afirmou, porém, que está fazendo um cadastro dos blocos que existem na cidade para só então marcar a reunião com os organizadores. "Não havia um cadastro oficial dos blocos que desfilam na Capital e, por isso, está sendo feito um levantamento de todos eles.">
Na sexta-feira (25), o município enviou aos organizadores dos blocos um convite para uma reunião a respeito do carnaval de rua da Capital. O encontro será na tarde desta quarta-feira (30).
>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta