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Publicado em 4 de fevereiro de 2022 às 17:45
- Atualizado há 4 anos
Desde o início da vacinação, mortes repentinas por Acidente Vascular Cerebral (AVC), infarto e outros problemas de coração têm sido ligadas à imunização contra a Covid-19. A percepção geral é que esses casos têm aumentado desde que a população passou a ser vacinada. >
No entanto, é consenso entre os profissionais da saúde de que essa percepção é falsa. Na verdade, os dados de óbitos dos Cartórios de Registro Civil do Brasil apontam para o oposto desse cenário. >
José Aid Sad
cardiologistaPara o médico cardiologista José Aid Sad, o potencial de proteção do imunizante foi determinante para salvar a vida de pacientes que já tinham comorbidades.>
"O vírus aumenta muito o risco para esses pacientes, por isso, inclusive, eles fizeram parte do grupo prioritário. E essa eficiência foi comprovada com a diminuição da morte desse público", explicou.>
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As doenças cardiovasculares e o AVC são um problema de saúde pública mundial e no Brasil. “Segundo dados do IBGE, 30% da mortalidade geral no Brasil é causada por doenças cardiocerebrovasculares, como o infarto e o AVC, que é um número significativo”, aponta o cardiologista Melchior Luiz Lima.>
O portal da transparência dos Cartórios de Registro Civil do Brasil, que atualiza os dados de óbitos da população brasileira, aponta que os números de mortes por AVC e infartos tiveram pouca variação, ou seja, se mantiveram estáveis desde 2019.>
Naquele ano, antes da pandemia começar, 102.240 pessoas morreram em decorrência de AVC. Em 2021, o número foi de 105.885. Já as mortes por infartos foram 100.247 em 2019, e, em 2021, cerca de 101.332 pessoas morreram pela mesma causa. >
“Não houve aumento. Esse tipo de desinformação só faz com que mais pessoas tenham medo de tomar a vacina e acabam morrendo em decorrência do vírus. Mortes que poderiam ser evitadas quando nós já temos imunizantes seguros”, afirma Sad. >
REAÇÕES À VACINA>
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que casos raros de trombose foram associadas as vacinas AstraZeneca (Oxford/Fiocruz) e a Janssen (Johnson & Johnson), que já contêm em suas bulas informações sobre este tipo de evento adverso.>
Mesmo com o registro desses casos raros, a Agência reforça que, até o momento, os benefícios das vacinas superam os riscos do uso desses produtos e mantém a recomendação da continuidade da vacinação com os imunizantes, dentro das indicações descritas na bula. >
“A vacina pode causar reações assim como qualquer outra vacina e medicamento, mas são raros os casos entre milhões de pessoas que são vacinadas todos os dias”, afirma José Aid Sad.>
De acordo com o Ministério da Saúde, a incidência nos países europeus, onde os casos foram descritos, é de 1 a 8 casos por milhão de indivíduos vacinados (menos de 0,008%). O risco é bem menor do que a porcentagem de casos de trombose associados ao uso de anticoncepcional, por exemplo. Cerca de 5 casos para cada 100.000 mulheres.>
“O risco de trombose da vacina existe, mas é muito pequeno. Pode ocorrer um episódio trombose coronária, nas artérias ligadas ao coração, ou a trombose cerebral”, explica Melchior. >
“Pode ser uma reação de defesa do organismo. O paciente que tem essa tendência pode realizar uma consulta e o médico avalia a necessidade de receitar um anticoagulante, para evitar um efeito adverso”, afirma. Mas o cardiologista orienta que a vacina ainda é recomendada.>
“Mesmo nesses casos, a incidência de eventos é rara. E os médicos recomendam a vacinação, porque os riscos de complicações causadas pela Covid-19 são maiores para esses pacientes”, diz.>
O QUE EXPLICA AS MORTES SÚBITAS?>
Na verdade, algumas das mortes súbitas por AVC ou problemas no coração podem ter relação com a pandemia da Covid-19. Isso porque o vírus obrigou a população a se manter isolada dentro de casa. As mudanças de hábitos alimentares, falta de exercícios físicos e aumento dos estresse podem ser fatores que desencadeiam tais condições.>
As doenças que antes eram ligadas a pessoas mais velhas, atualmente, não são mais raras na população jovem. “O AVC pode ocorrer em pessoas de qualquer idade, até mesmo uma criança pode ter. Não é raro que jovens sofram desse mal, e está se tornando cada vez mais comum, principalmente devido a fatores como consumo de álcool, sedentarismo e obesidade”, explicou o neurologista Fabio Fieni Toso.>
De forma geral, a população passou a apresentar mais casos de obesidade, diabetes e hipertensão. Doenças que estão diretamente relacionadas aos acidentes vasculares cerebrais e infartos. >
Segundo o neurologista, é possível evitar a doença. “Os maiores condicionantes são os fatores vasculares que podem ser evitados com exercícios. Com uma vida mais saudável, diminuem as chances de ter um AVC”, afirmou.>
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