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Vacina contra Covid não causa AVC ou problemas de coração. Entenda

Vacina contra Covid não causa AVC ou problemas de coração. Entenda

Cardiologistas afirmam que não há relação entre as mortes e a vacina contra a Covid-19. Dados apontam que os números de óbitos por AVC e infartos se mantiveram estáveis desde o início da pandemia

Publicado em 4 de fevereiro de 2022 às 17:45- Atualizado há 2 anos

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Vacinas servem como escudo para proteção contra doenças
Vacinas servem como escudo de proteção contra doenças. (Pexels)

Desde o início da vacinação, mortes repentinas por Acidente Vascular Cerebral (AVC), infarto e outros problemas de coração têm sido ligadas à imunização contra a Covid-19. A percepção geral é que esses casos têm aumentado desde que a população passou a ser vacinada.

No entanto, é consenso entre os profissionais da saúde de que essa percepção é falsa. Na verdade, os dados de óbitos dos Cartórios de Registro Civil do Brasil apontam para o oposto desse cenário.

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Não há nenhuma relação entre as mortes por AVC ou infartos com a vacina contra a Covid-19. Muito pelo contrário, a vacina diminuiu a mortalidade de pacientes cardiopatas

José Aid Sad
cardiologista
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Para o médico cardiologista José Aid Sad, o potencial de proteção do imunizante foi determinante para salvar a vida de pacientes que já tinham comorbidades.

"O vírus aumenta muito o risco para esses pacientes, por isso, inclusive, eles fizeram parte do grupo prioritário. E essa eficiência foi comprovada com a diminuição da morte desse público", explicou.

As doenças cardiovasculares e o AVC são um problema de saúde pública mundial e no Brasil. “Segundo dados do IBGE, 30% da mortalidade geral no Brasil é causada por doenças cardiocerebrovasculares, como o infarto e o AVC, que é um número significativo”, aponta o cardiologista Melchior Luiz Lima.

portal da transparência dos Cartórios de Registro Civil do Brasil, que atualiza os dados de óbitos da população brasileira, aponta que os números de mortes por AVC e infartos tiveram pouca variação, ou seja, se mantiveram estáveis desde 2019.

Naquele ano, antes da pandemia começar, 102.240 pessoas morreram em decorrência de AVC. Em 2021, o número foi de 105.885. Já as mortes por infartos foram 100.247 em 2019, e, em 2021, cerca de 101.332 pessoas morreram pela mesma causa.

“Não houve aumento. Esse tipo de desinformação só faz com que mais pessoas tenham medo de tomar a vacina e acabam morrendo em decorrência do vírus. Mortes que poderiam ser evitadas quando nós já temos imunizantes seguros”, afirma Sad.

REAÇÕES À VACINA

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que casos raros de trombose foram associadas as vacinas AstraZeneca (Oxford/Fiocruz) e a Janssen (Johnson & Johnson), que já contêm em suas bulas informações sobre este tipo de evento adverso.

Mesmo com o registro desses casos raros, a Agência reforça que, até o momento, os benefícios das vacinas superam os riscos do uso desses produtos e mantém a recomendação da continuidade da vacinação com os imunizantes, dentro das indicações descritas na bula.

Sesa autoriza dose de reforço com Pfizer e AstraZeneca para quem recebeu Janssen
Sesa autoriza dose de reforço com Pfizer e AstraZeneca para quem recebeu Janssen. (Divulgação | Sesa)

“A vacina pode causar reações assim como qualquer outra vacina e medicamento, mas são raros os casos entre milhões de pessoas que são vacinadas todos os dias”, afirma José Aid Sad.

De acordo com o Ministério da Saúde, a incidência nos países europeus, onde os casos foram descritos, é de 1 a 8 casos por milhão de indivíduos vacinados (menos de 0,008%). O risco é bem menor do que a porcentagem de casos de trombose associados ao uso de anticoncepcional, por exemplo. Cerca de 5 casos para cada 100.000 mulheres.

“O risco de trombose da vacina existe, mas é muito pequeno. Pode ocorrer um episódio trombose coronária, nas artérias ligadas ao coração, ou a trombose cerebral”, explica Melchior.

“Pode ser uma reação de defesa do organismo. O paciente que tem essa tendência pode realizar uma consulta e o médico avalia a necessidade de receitar um anticoagulante, para evitar um efeito adverso”, afirma. Mas o cardiologista orienta que a vacina ainda é recomendada.

“Mesmo nesses casos, a incidência de eventos é rara. E os médicos recomendam a vacinação, porque os riscos de complicações causadas pela Covid-19 são maiores para esses pacientes”, diz.

O QUE EXPLICA AS MORTES SÚBITAS?

Na verdade, algumas das mortes súbitas por AVC ou problemas no coração podem ter relação com a pandemia da Covid-19. Isso porque o vírus obrigou a população a se manter isolada dentro de casa. As mudanças de hábitos alimentares, falta de exercícios físicos e aumento dos estresse podem ser fatores que desencadeiam tais condições.

As doenças que antes eram ligadas a pessoas mais velhas, atualmente, não são mais raras na população jovem. “O AVC pode ocorrer em pessoas de qualquer idade, até mesmo uma criança pode ter. Não é raro que jovens sofram desse mal, e está se tornando cada vez mais comum, principalmente devido a fatores como consumo de álcool, sedentarismo e obesidade”, explicou o neurologista Fabio Fieni Toso.

De forma geral, a população passou a apresentar mais casos de obesidade, diabetes e hipertensão. Doenças que estão diretamente relacionadas aos acidentes vasculares cerebrais e infartos.

Segundo o neurologista, é possível evitar a doença. “Os maiores condicionantes são os fatores vasculares que podem ser evitados com exercícios. Com uma vida mais saudável, diminuem as chances de ter um AVC”, afirmou.

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