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Ufes e Ifes perdem R$ 31,5 milhões com bloqueio de verbas para Educação

Ufes e Ifes perdem R$ 31,5 milhões com bloqueio de verbas para Educação

Bloqueio de 14,5% do orçamento foi anunciado na última semana pelo governo federal. Perda de verba impactará principalmente os gastos com manutenção da Ufes e do Ifes

Publicado em 1 de junho de 2022 às 10:50

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Juntos, a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e o Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) deixarão de receber R$ 31.510.196,00 em 2022 devido ao bloqueio de 14,5% da verba destinada às universidades federais, feito na última sexta-feira (27) pelo Ministério da Educação.

De acordo com a Ufes e o Ifes, a redução do repasse impactará principalmente os gastos com manutenção das instituições, afetando as condições do funcionamento presencial.

Murais de mosaico na Grande Vitória
Mural de Raphael Samú no campus da UFES em Goiabeiras. (Vitor Jubini)

Na Ufes, a perda de verba anual chega aos R$ 17.908,387, dos quais R$ 11,2 milhões seriam usados no custeio (manutenção e funcionamento da universidade). Os outros R$ 6,6 milhões seriam usados em investimentos em obras e compra de equipamentos.

Já no Ifes, o bloqueio orçamentário no valor de R$ 13.601.809,00 foi feito integralmente sobre a verba de custeio.

Fachada do Ifes de Vitória: processo de seleção para a instituição é marcado por críticas
Fachada do Ifes em Vitória. (Ricardo Medeiros)

Em comunicado oficial, o Ifes afirmou que o desenvolvimento de todas as atividades básicas será prejudicado, assim como o pagamento de despesas já previstas e assumidas, como de energia, água, telefonia e contratos terceirizados.

"Todas as áreas da instituição serão impactadas, uma vez que esse recurso é utilizado em todas as despesas correntes de funcionamento, inclusive, pesquisa e extensão, com o pagamento de bolsas e desenvolvimento de projetos que já estão em andamento", explicou o Ifes.

Bloqueio para cumprir teto, diz governo federal

Ao fazer o bloqueio, o governo federal disse que o contingenciamento é necessário para cumprir o teto de gastos, regra que limita o crescimento das despesas públicas.

O bloqueio feito em 2022 deve ser maior que o previsto, no entanto, porque o Executivo tenta encaixar nesse limite a promessa de dar reajuste aos servidores públicos federais. Ao todo, R$ 14 bilhões devem ser bloqueados em todo o governo federal para garantir um reajuste de 5% em ano eleitoral.

A decisão também afeta, na mesma proporção de 14,5%, o orçamento dito "discricionário" de entidades vinculadas ao MEC como a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) (que gerencia hospitais universitários) e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que auxilia estados e municípios a garantir educação básica de qualidade.

Governo coloca em risco a formação de estudantes, diz Ufes

Em texto assinado pelo reitor Paulo Vargas e pelo vice-reitor Roney Pignaton, a Ufes afirmou que existem outras maneiras de se assegurar o reajuste de servidores e enfatizou que a redução da verba anual coloca em risco a formação dos estudantes.

"Tais justificativas são inaceitáveis, pois não é necessário recorrer ao orçamento da educação, da ciência e da tecnologia para promover a recomposição de perdas do funcionalismo que, a propósito, são muito maiores do que os 5% que estão sendo prometidos. Há outras fontes que podem ser acionadas sem causar prejuízos tão amplos para a população, no presente e no futuro. Ao travar o orçamento da educação, o Governo Federal coloca em risco a permanência dos estudantes na universidade e a formação de inúmeros jovens que dependem do sistema educacional público para se posicionarem social e economicamente", diz o texto.

A universidade argumenta ainda que para que o retorno ao sistema presencial seja feito após o período de pandemia são necessários recursos para recompor a infraestrutura e fazer melhorias que garantam a segurança dos universitários.

O Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) também se posicionou contra o bloqueio.

"A situação é grave, pois o bloqueio ocorre nos recursos destinados à manutenção das instituições. Ou seja, atividades essenciais de ensino, pesquisa e extensão, visitas técnicas e insumos de laboratórios serão cortadas dos estudantes. Serviços de limpeza e segurança também deverão ser afetados, acarretando em demissões e, consequentemente, em desemprego, em um momento de tentativa de aquecimento econômico pós-pandemia", disse.

O conselho reforçou a importância dos investimentos, especialmente no retorno ao ensino presencial.

"Em 2022, todos os campi da Rede Federal voltaram a ter estudantes presenciais, que retornaram ávidos por conhecimento e socialização. Os eventos científicos, culturais e esportivos entraram em nosso planejamento e, algumas instituições com licitações em andamento ou contratos assinados. O ano que devia propiciar uma volta à normalidade, pode ser tornar um pesadelo. Mais do que nunca, nossos estudantes precisam de uma escola que ofereça condições mínimas para o seu desenvolvimento e para recuperação da aprendizagem".

*Com informações da repórter Maíra Mendonça

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