Publicado em 24 de setembro de 2020 às 20:31
A taxa de transmissão (RT) do novo coronavírus na Grande Vitória está maior que nos municípios do interior do Espírito Santo. Dados do Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE) apontam que a diferença não era percebida, pelo menos, desde o dia 10 de julho. >
Informações extraídas no Painel Covid-19 na última segunda-feira (21) indicam que a atual taxa de transmissão da Covid-19 no Estado é 0.7, quando 100 pessoas transmitem o vírus para outras 70. Na Grande Vitória é 0.86. Neste cenário, 100 pessoas infectam 86. No interior, é 0.61, quando 100 passam a Covid para 61.>
Os números avaliados no dia 17 deste mês demonstram que no último dia 4 a taxa do Estado era de 0.47, quando 100 pessoas transmitiam o vírus para outras 47. Na Grande Vitória, era 0.41, sendo que 100 pessoas infectavam outras 41. No interior a taxa estava em 0.52, quando 100 passavam a Covid-19 para outras 52.>
O professor do Departamento de Matemática da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Etereldes Gonçalves, é membro do Núcleo Interinstitucional. Segundo ele, o aumento da taxa de transmissão pode estar relacionado à interação entre as pessoas durante o feriado de 7 de setembro ou ao inquérito sorológico do sistema prisional capixaba.>
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O estudo indicou que dentre os 22 mil presos do sistema penitenciário do Estado, cerca de sete mil teriam sido infectados. Na região Norte, 43,7% dos custodiados testados tiveram resultado positivo para a Covid-19; na região Metropolitana essa taxa foi de 28,7%, enquanto na Região Sul 19,8% dos presos testados tiveram contato com o vírus.>
Provavelmente, o aumento do RT está relacionado ao aumento da interação social, mas isso não se refletiu ainda em alteração importante no número de óbitos. Temos de ficar atentos para identificar se o aumento é uma variação natural que aconteceu outras vezes ou se é um aumento de casos mais sustentado que vai implicar no aumento de óbitos, pondera Etereldes.>
A taxa de transmissão é baseada em um cálculo que mede a velocidade em que o vírus se dissemina na população. A análise considera dados coletados durante o inquérito sorológico realizado com base em testagem por amostragem pela Secretaria de Estado de Saúde (Sesa), como o número de casos confirmados de Covid, registros de óbitos e percentual de prevalência. Também entram na conta quem ainda não se infectou e a parcela da população que está suscetível ao vírus. >
Questionados sobre a possibilidade do Espírito Santo enfrentar uma segunda onda de casos confirmados e de óbitos provocados pelo coronavírus, os membros do NIEE, Eteraldo Gonçalves, e a doutora em Epidemiologia e professora do Departamento de Enfermagem da Ufes, Ethel Maciel, destacam que o Estado não deve reviver um aumento significativo de novos registros.>
Ethel ressalta que o Estado alcançou o pico da pandemia no mês de junho e agora vive uma queda lenta em relação à redução de diagnósticos positivos e mortes de pessoas infectadas. >
"Vai ter uma variação do número de casos porque há aumento de circulação de pessoas e algumas delas ainda não tinham tido contato com vírus. O aumento é possível, mas uma segunda onda na mesma proporção da primeira, não. Se existir, será menor." >
Apesar do registro de novos surtos importantes da doença em outros países, Etereldes considera "pouco provável uma nova onda" e não acredita que os municípios capixabas possam reviver a realidade dos últimos meses.>
"A gente não tomou medidas restritivas muito severas e a população foi se contaminando numa velocidade em que o sistema de saúde foi dando conta. Acredito que a gente possa ter pequenas marolas, subir um pouco e voltar a cair, mas uma nova onda do tamanho da primeira, eu não acredito", afirma. >
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