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Publicado em 9 de fevereiro de 2025 às 17:25
“Não estou triste nem decepcionado por voltar, sinto que não era o momento preparado por Deus.” A frase é do agricultor capixaba Nicolas Campana, 30 anos, um dos brasileiros que tentaram entrar nos Estados Unidos pela fronteira com o México e foram deportados. Ele chegou na casa da irmã, em Colatina, no Noroeste do Espirito Santo, na tarde deste domingo (9). >
Ele estava em um avião fretado pelo governo americano que pousou em Fortaleza na tarde da última sexta-feira (7). De lá, seguiu em uma aeronave da Força Aérea Brasileira com outras 95 pessoas até Belo Horizonte, em Minas Gerais. Outras 15 ficaram no Ceará. >
Nicolas saiu do Brasil no dia 25 de outubro do último ano e seguiu rumo ao sonho de trabalhar no país norte-americano e dar uma vida melhor para a família. “Cheguei nos Estados Unidos no dia 7 de novembro e me entreguei para a patrulha da fronteira para iniciar o processo migratório, para não entrar como um ilegal. Eu fiquei na prisão desde então.”>
O agricultor juntou U$$ 5 mil durante cinco anos e fez a travessia por conta própria. “Na Guatemala, segui de ônibus até a fronteira. Lá, contratei um coiote local para me levar até o México. Na capital mexicana, comprei uma bicicleta e segui. Depois, de ônibus até chegar na fronteira com os Estados Unidos”, contou.>
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Durante a viagem, Nicolas contou que falava com a família o tempo todo e ainda compartilhava a localização, mas, no momento em que foi preso, todos os itens pessoais foram confiscados e devolvidos somente ao pisar em solo brasileiro. >
“Pude fazer uma ligação de três minutos e avisar que seria deportado. Não estou triste nem decepcionado por voltar, sinto que não era o momento preparado por Deus. Fiz boas amizades na prisão, de pessoas trabalhadoras em busca do mesmo sonho que eu. E sei que, enquanto eles não estiverem em suas casas e em seus países, eu sei que não estarei completamente no meu também”, desabafou. >
Desde o momento em que se entregou, Nicolas ficou em duas prisões diferentes nos Estados Unidos. “O tratamento era o mínimo do que os direitos humanos preveem. A comida era ruim, a cama era dura e fria, tinha gente que dormia no chão.”>
Durante a viagem de volta para o Brasil, o agricultor contou que já saiu algemado da prisão e ficou algemado dentro do avião fretado pelo governo americano até chegar em Fortaleza. >
O desejo de dar uma vida melhor para a família foi o que motivou Nicolas a fazer a viagem. “O motivo de ir era simples: busca por uma melhora financeira e tentar encontrar, nos dólares, uma esperança de ter e dar uma vida confortável para a família”, disse. >
Mesmo passando por todos esses momentos difíceis, ele afirma que ainda pretende voltar aos Estados Unidos. “O sonho continua, mas no governo do Trump não adianta nem tentar. O brasileiro não desiste fácil e não aconselho ninguém a atravessar a fronteira passando pelo México. A gente escuta muitas histórias tristes.”>
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