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Seminaristas denunciam padre por obrigar aulas presenciais  em pandemia

Seminaristas denunciam padre por obrigar aulas presenciais  em pandemia

Os alunos estudam no seminário da Diocese de São Mateus e foram convocados a retomarem as atividades.  Diante da recusa, alegando que estavam em plena pandemia do novo coronavírus, eles relatam que foram expulsos da instituição

Publicado em 25 de abril de 2020 às 18:44

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Dois seminaristas da Diocese de São Mateus denunciaram o reitor por obrigá-los a participarem de aulas presenciais durante a pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Os fatos foram relatados em documento enviado para a Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Espírito Santo (OAB-ES) e, segundo os jovens, denunciados em um boletim on-line da Polícia Civil. Eles relatam ainda que foram expulsos do seminário.

Wilson Rodrigues Nascimento, 20 anos, seminirista da  Diocese de São Mateus
Wilson Rodrigues Nascimento, 20 anos, seminirista da Diocese de São Mateus. (Arquivo pessoal)

Por nota, a Diocese de São Mateus informou que está ciente das declarações dos seminaristas Wilson Rodrigues Nascimento e Pablo Antunes Colle. Informou que “já está tomando as medidas cabíveis para apurar os fatos de forma justa e transparente”. O reitor do seminário, padre Elder Malovini Miossi, não quis se manifestar sobre o assunto, segundo a assessoria de comunicação da Igreja.

Wilson, 20 anos, e Pablo, 27 anos, são naturais de Boa Esperança, Norte do Estado. A primeira etapa da formação deles ocorreu no Seminário Menor São João XXIII, localizado em São Mateus. Para a continuidade dos estudos, eles foram encaminhados para a unidade do Seminário Maior da Diocese de São Mateus, localizada no bairro Manoel Plaza, na Serra. As duas unidades são administradas pelo reitor Miossi.

Segundo Wilson, no mês de março, com o avanço da pandemia, o reitor fez uma reunião com os seminaristas autorizando que aqueles  que  assim o desejassem, poderiam retornar para as casas de suas famílias. “Com a autorização, parte dos 20 alunos que estão no seminário da Serra, retornaram para suas casas, foi o que também fiz”, conta.

Ele foi surpreendido no último dia 16 com uma convocação para que todos os alunos retornassem para o seminário para darem continuidade aos estudos. “Fiquei surpreso e enviei uma mensagem para o reitor ponderando que sou de família pobre, que dependeria de ônibus para seguir para a Serra. Lembrei ainda que em coletiva o governador Renato Casagrande tinha informado que Serra era uma cidade na área de risco mais elevado de contaminação. Minha intenção foi pedir a ele para rever sua decisão, diante do cenário de pandemia, o que não aconteceu”, relatou Wilson.

A mesma atitude teve o seminarista Pablo, que desde 2019 estuda no seminário localizado na Serra. Tanto ele quanto Wilson deveriam retornar no dia 21 de abril, segundo a convocação. “Informei a ele que diante do quadro da pandemia, que minha família estava muito preocupada, e que eu temia por minha vida e que não retornaria, não atendendo a convocação.  Decidiram me expulsar e me mandaram voltar ao seminário para buscar as minhas coisas e trancar a matrícula”, relatou Pablo.

Pablo Antunes Colle, 27 anos, seminirista da  Diocese de São Mateus
Pablo Antunes Colle, 27 anos, seminirista da Diocese de São Mateus. (Arquivo pessoal)

Wilson chegou voltar para o seminário, mas alega que foi apresentado a ele um documento que teria que assinar, se responsabilizando pelo que acontecesse com ele enquanto estivesse no seminário. “Me recusei a assinar porque estava naquele local por convocação deles. A decisão do reitor foi de me expulsar. Consegui ajuda com a paróquia da minha cidade para retornar para minha casa, em Boa Esperança”, relata.

Ele decidiu fazer uma denúncia ao Conselho de Direitos Humanos da OAB-ES e ainda um boletim on line na Polícia Civil. “Tentei ainda relatar minha situação ao bispo de São Mateus, mas não obtive sucesso”, conta Wilson. Ele destaca, no entanto, que o que gostaria é de um diálogo com a  Diocese, para que a situação fosse resolvida. "Estamos abertos ao diálogo e queremos uma solução para esta situação", disse. 

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A reportagem tentou contato com a presidente do Conselho de Direitos Humanos da OAB-ES, Rodrigo Horta, que não foi localizado.

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