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Saiba por que infectados por Covid-19 podem testar negativo para a doença

Saiba por que infectados por Covid-19 podem testar negativo para a doença

A fase de contágio em que se encontra a pessoa e o tipo de exame realizado fazem a diferença para um diagnóstico mais preciso

Publicado em 17 de junho de 2020 às 11:39

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A tosse é um dos sintomas da Covid-19
A tosse é um dos sintomas da Covid-19. (Divulgação/Shutterstock)

O primeiro caso de coronavírus (Sars-CoV-2) no Espírito Santo foi registrado no início de fevereiro, mas, ainda hoje, há muitas dúvidas relacionadas ao comportamento da Covid-19. Um questionamento bastante recorrente é por que pessoas infectadas testam negativo para a doença. A resposta não é nenhum mistério para a ciência: a fase do contágio e o tipo de exame realizado fazem diferença para o diagnóstico. 

O cardiologista e paliativista Henrique Bonaldi explica que as fases de evolução da Covid-19 vão indicar se a pessoa ainda está com o vírus ativo,  ou se já desenvolveu anticorpos que vão lhe garantir imunidade à doença. Para cada etapa, há testes distintos. 

Toda infecção viral, esclarece Bonaldi, tem três fases. E com a Covid-19 não é diferente. Na primeira, chamada de viremia (vírus no sangue), a detecção do agente infeccioso se dá por meio do exame swab, aquele feito com a utilização de uma espécie de cotonete inserido nas vias nasais e na garganta. Para esse teste, o paciente precisa apresentar sinais gripais - para haver amostra a ser analisada - e deve ser realizado, idealmente, entre o segundo e o sétimo dia do aparecimento dos sintomas. Mas, de acordo com o médico, pode também ser realizado no primeiro ou no oitavo dia.

"Se a pessoa não tiver sintomas, as chances são muito pequenas de achar o vírus nas cavidades. Aí, pode dar negativo, e ela achar que não foi infectada", aponta Bonaldi.

O swab é o teste, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), considerado padrão-ouro no diagnóstico da Covid-19, em que a confirmação é obtida por meio da extração do RNA (molécula) do SARS-CoV-2. Esse é o teste feito no Laboratório Central do Espírito Santo (Lacen-ES).

PRÓXIMAS FASES

As duas etapas seguintes estão relacionadas ao desenvolvimento de anticorpos, cuja velocidade varia entre as pessoas. Na segunda fase da evolução da doença, quem foi infectado pelo coronavírus começa a produzir IgM (imunoglobulina-M) - um anticorpo que é formado rapidamente, mas é temporário. "É a primeira a dizer que 'aqui este vírus não entra mais'", frisa Bonaldi. Na sequência, começa a produção de IgG, chamada de imunoglobulina de memória porque fica no organismo para o resto da vida. 

A detecção desses anticorpos é feita, com maior segurança, a partir do 12º dia do surgimento dos sintomas, embora em algumas pessoas apareça antes. O teste é feito por meio da coleta de amostra de sangue e é chamado de sorologia. Nesse momento, o exame já não identifica o vírus no organismo, mas é capaz de indicar se pessoa teve a doença pelo fato de desenvolver os anticorpos, quer dizer, imunidade.

O exame ainda é indicado a quem não apresentou sinais da Covid-19, mas teve contato íntimo com pessoas infectadas. O teste rápido também pode ser feito por esse público, por meio da coleta de uma gota de sangue, mas sua capacidade de detecção dos anticorpos é menor que a sorologia. "Ele é péssimo para o início da doença, mas ótimo em inquérito sorológico", avalia Bonaldi.

E  é esse tipo de exame que a Sesa usa no inquérito que está promovendo no Estado, por meio do qual identifica a resposta imunológica do organismo em relação ao vírus. "É importante entender que cada testagem funciona de uma forma tendo a sua própria sensibilidade de detecção dentro da janela de exposição do paciente ao vírus. Cada paciente também tem uma resposta individual em relação à produção de anticorpos", finaliza a Sesa, em nota.

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