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Professores do ES relatam saudade dos alunos e mais aprendizado

Professores do ES relatam saudade dos alunos e mais aprendizado

Sem a interação comum da relação com os estudantes, educadores relatam como lidam com o afastamento imposto pela crise sanitária

Publicado em 15 de outubro de 2020 às 19:00

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Professora Mara Paixão e os alunos antes da pandemia
Professora Mara Paixão, de calça jeans clara,  entre alguns  de seus alunos antes da pandemia. (Acervo pessoal)

Um ano atípico, diferente, difícil. Todo adjetivo que cabe para 2020 é percebido, de uma maneira ou outra, por quem não está alheio aos impactos da pandemia da Covid-19. Na educação, o reflexo da crise sanitária pode ser descrito também de variadas formas, mas é no professor que se revela um dos sentimentos mais intensos: saudades dos alunos. 

Os longos meses de atividades remotas, sem interação presencial,  pesaram na relação professor-aluno. Por outro lado, o período também se mostrou de muito aprendizado, com o uso mais sistematizado das ferramentas tecnológicas para as aulas. De tudo, a certeza de que ninguém terminará o ano de 2020 como começou. 

Professora de Língua Portuguesa, Mara Paixão retomou esta semana as atividades presenciais na Escola Estadual Renato Pacheco. O reencontro com as turmas foi emocionante, segundo ela, mas ainda não aplacou toda a saudade do tempo em que ficaram longe uns dos outros.

"Escola é sinônimo de interação, afetividade, contato físico. A distância desses meses foi um complicador fora do comum. E, mesmo agora que voltamos, ainda precisamos ficar distantes", observa.

Mara Paixão conta que, devido ao protocolo de prevenção e controle da Covid-19, existe uma faixa que delimita o espaço de circulação do professor na sala. Para ela, que gostava de passear entre as carteiras para dar suas aulas, interagindo com os alunos, é mais um desafio.  "Não dá para ter noção do esforço que estamos fazendo para respeitar esse distanciamento. É uma das minhas angústias mais fortes porque é muito triste estar perto e não poder tocar, dar aquele carinho", comenta. 

Na volta às atividades presenciais, a escola promoveu uma roda de conversa com os alunos para um momento de acolhimento. Mara diz que muitos estudantes também relataram sobre a falta que sentiram de estar no ambiente escolar, ter contato com os professores e ressaltando quanto os profissionais são insubstituíveis no processo de ensino-aprendizagem. 

Com 33 anos de magistério, Sonali Caçador Brum já viveu muitas experiências nesta trajetória. "Eu fui do mimeógrafo para o on-line. Já passei por todas as etapas da educação ao longo destes anos, mas nada parecido com este momento", compara a professora do ensino fundamental da Escola da Ilha. 

Professora Sonali Caçador Brum em aula temática junina, durante a pandemia
Sonali Caçador Brum em sua aula temática no período junino: a maior dificuldade foi manter a distância dos alunos. (Acervo pessoal)

Sonali observa a capacidade de adaptação dos alunos ao ensino remoto, e até mesmo dela que, em mais de três décadas de Educação, nunca havia precisado deixar a sala de aula.  O uso dos recursos tecnológicos ou a preparação de atividades temáticas, como no período das festas juninas, não foram obstáculos. 

"Mas essa coisa do emocional, do toque, da referência professor-aluno, de poder chegar e dar um abraço, é algo insubstituível. A gente sente falta", ressalta. 

Para a professora Silvana Peixoto de Araújo Fagundes, do ensino fundamental I do Colégio Renovação, o sentimento é semelhante.  "Sentimos falta do dia a dia da escola, de estar junto, conversando, abraçando. Estamos com os alunos de outra forma, nas atividades pelo computador, mas não é a mesma coisa", sustenta. 

Silvana Peixoto de Araújo Fagundes, em aula remota durante a pandemia
Silvana Fagundes ressalta que a relação afetiva construída com os alunos não pode ser substituída pela tecnologia. (Acervo pessoal)

Silvana frisa que, por mais que a tecnologia seja um facilitador, auxiliando neste momento da pandemia, jamais ficará no lugar do professor ou terá condições de substituir o carinho desse relacionamento com os estudantes.

"Eu, Silvana, na minha forma de educar, em primeiro lugar está o afeto, a conquista daquele aluno. Então, quando essa relação afetiva está construída, estamos preparados para a troca de conhecimentos", conclui. 

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