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Professor do ES é demitido por criticar aluno que ajuda pais a vender água de coco

Professor do ES é demitido por criticar aluno que ajuda pais a vender água de coco

No quadro, o professor de Matemática questionou se era melhor vender água de coco ao invés de "se esforçar um pouco mais para ter um emprego melhor". Caso ocorreu em Vitória

Publicado em 19 de março de 2024 às 14:35

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Professor falou de aluno que ajuda família a vender água de coco no ES e foi demitido
Professor falou de aluno que ajuda família a vender água de coco no ES e foi demitido pela Sedu. ( Redes sociais)

Um professor de Matemática foi demitido de uma escola estadual da região de São Pedro, em Vitória, após escrever um comentário no quadro da sala de aula, para os alunos, sobre um adolescente de 16 anos que ajuda a mãe a vender água de coco na Capital capixaba.

A informação da demissão foi confirmada nessa segunda-feira (18) pela Secretaria de Estado da Educação (Sedu). O adolescente foi aluno da escola até fevereiro deste ano, mas passou a estudar em outro colégio há três semanas.

A mãe do rapaz contou nas redes sociais que o professor viu o menino ajudando a família a vender água de coco na Praia de Camburi na última quinta-feira (14). Um dia depois, de acordo com a mulher, o educador escreveu no quadro da sala de aula o seguinte texto: "Será que é melhor ir para o calçadão de Jardim Camburi vender água de coco ou se esforçar um pouco mais nos estudos para ter um emprego melhor".

Amigos do adolescente, que estavam na sala, tiraram foto do quadro e enviaram para a família do jovem. A mãe, quando soube do que tinha acontecido, postou um vídeo desabafando nas redes sociais. O vídeo repercutiu.

Professor do ES é demitido por criticar aluno que ajuda pais a vender água de coco

"Trabalho há três, quatro anos vendendo água de coco. É através da água de coco que eu levo sustento para a minha família, que eu pago as minhas contas e meu aluguel. Infelizmente, hoje eu fui surpreendida juntamente com meu filho. Ele estudou na escola e o professor teve uma fala infeliz. Ele viu meu filho trabalhando comigo e aí expôs meu filho, colocando no quadro essa reflexão", disse a mulher no Instagram.

O nome da mãe não está sendo divulgado na reportagem para preservar a identidade do adolescente, conforme prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente (Ecriad). A vendedora ambulante disse que o filho ficou triste quando viu a foto com o recado no quadro.

"Vou ler (o que o professor escreveu) para vocês terem a noção do quanto foi desagradável, o quanto que a gente ficou ofendido, o quanto que foi humilhante. Meu filho ficou triste, chateado", continuou a mulher.

A Superintendência Regional de Educação informou, em nota, que está acompanhando o caso e que não concorda com a postura do profissional. Segundo a Sedu, o professor teve seu contrato cessado. Além disso, informou que a mãe do aluno está sendo apoiada para buscar seus direitos junto às autoridades, através Boletim de Ocorrência. O nome do professor não foi divulgado pela secretaria.

"Breve reflexão"

O professor Marcos Lengrub publicou numa rede social uma mensagem sobre o que aconteceu. No texto, ele diz que "todas as pessoas que me conhecem sabem que sou um professor que trabalha com profissionalismo e ética, acreditando que a educação é primordial para que o ser humano possa transformar a sua realidade e modificar o seu destino".

"Infelizmente, na última semana, mais precisamente na sexta-feira, resolvi fazer uma breve reflexão em sala de aula sobre a importância da educação e da sua relação com o trabalho na idade escolar. De acordo com as leis vigentes, os adolescentes devem frequentar a escola até os 17 anos. Eu trabalho justamente com a faixa etária de 14 a 17 anos de idade e, por isso, entendo que a todos estes jovens deve ser assegurado o direito à educação, e que é na escola onde todos devem estar, nessa faixa etária. A reflexão que propus nesta aula foi essencialmente sobre isso", escreveu.

O professor continuou a mensagem falando sobre a relação entre educação e trabalho. 

"Falamos sobre a necessidade que muitos têm em relação ao trabalho, e que, qualquer seja ele, sendo realizado de forma honesta, seja em uma praia ou em uma feira livre como vendedor, não tenho e jamais terei qualquer tipo de discriminação e/ou preconceito, afinal, eu já estive nesse lugar. O que desejei destacar foi o quanto a educação escolar é essencial nesta fase da formação humana. O meu intuito sempre foi conscientizar nossos adolescentes-estudantes de que, por mais difícil que seja a realidade, por mais árduo que seja, por mais desigualdade que exista, a educação é o caminho para a transformação da nossa realidade".

*Com informações do G1 ES

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