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Pequenos guerreiros: 542 crianças lutam contra o câncer no ES

Pequenos guerreiros: 542 crianças lutam contra o câncer no ES

Médico alerta que, quanto antes for o diagnóstico do câncer infantil, maiores são as chances de evitar a metástase e alcançar a cura

Publicado em 23 de novembro de 2020 às 13:56

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Raquel Zambom
Raquel Zambom, de 11 anos, está em tratamento contra câncer ósseo. (Acervo pessoal)

“Uma menina alegre, que canta e desenha maravilhosamente bem. Muito parceira.” É com palavras que Lauren Zambom, 39, descreve a filha Raquel, de 11 anos.  Nos últimos dias, a parceria entre ela, os pais e o irmão mais velho ganhou ainda mais força ao ser diagnosticada com um câncer ósseo na coxa direita. No total, 542 crianças, assim como a Raquel, vivem uma batalha com a doença no Espírito Santo.  

Lauren conta que foi em meados de julho deste ano, após a filha queixar-se de dores no joelho e na coxa, que a família procurou ajuda médica. No entanto, por Raquel estar em fase de crescimento, ter histórico de Sinovite Infrapatelar (inflamação do tecido que reveste a parte interna de algumas articulações) e ter caído, machucando os joelhos quando tinha oito anos, o diagnóstico certeiro não veio logo de cara.

Com a persistência das dores da menina, os pais recorreram a outros médicos. Em outubro e após uma série de ressonâncias e exames de raio-x, o câncer foi confirmado. De lá para cá, a família de Raquel, que mora na Serra, foi em busca de uma vaga na Oncologia do Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória, em Vitória, para que a criança, que já estava internada e medicada para as fortes dores, pudesse realizar os procedimentos necessários e iniciar a quimioterapia. Havia pressa.

Na última terça-feira (17), a boa notícia chegou. Raquel conseguiu a vaga de que precisava na Oncologia para começar o tratamento contra o tumor. Na quarta-feira (18), tiveram início as sessões de quimioterapia. “Passamos muita leveza para ela. Ela tem certeza de que vai dar tudo certo no final. É uma menina fascinante”, destacou Lauren.

CÂNCER INFANTIL 

Segundo dados da Secretaria estadual de Saúde do Espírito Santo (Sesa), o Estado registrou, de janeiro a outubro de 2020, 542 crianças e adolescentes em tratamento contra algum tipo de câncer. Os mais comuns, segundo a Sesa são: leucemias, linfomas, tumor do sistema nervoso central, tumor renal, neuroblastoma e tumor de células germinativas.

Em 2019, de janeiro a dezembro, foram contabilizadas pela secretaria 543 crianças em tratamento e acompanhamento médico. Já entre 2015 e 2020, 208 pacientes receberam alta dos serviços hospitalares no Estado.

A estimativa para a incidência de casos de câncer infanto-juvenil apresentada pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) para 2020 foi divulgada em maio. Para o Espírito Santo, foram estimados 130 casos da doença, sendo 80 masculinos e 50 femininos, o que resulta em uma taxa bruta de incidência de câncer de crianças e adolescentes de 115,53 por 1 milhão. Já com relação ao Brasil, a estimativa apresenta o total de 8.460 casos, sendo 4.310 masculinos e 4.150 femininos, com taxa bruta de incidência de 138,44.

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

Quanto mais precoce for o diagnóstico do câncer infantil, maiores são as chances de evitar a metástase da doença, que acontece quando uma célula do tumor sai de uma parte do corpo e vai para outra. É o que explica o médico oncologista pediátrico Carlos Magno Bortolini. Segundo ele, diagnosticar a doença precocemente facilitará o tratamento, seja por meio da quimioterapia, radioterapia ou de procedimento cirúrgico, por exemplo.

De acordo com o médico, as leucemias, os linfomas e os tumores cerebrais somados representam um total de 60% de todos os tumores da infância. Sobre a cura, Carlos Magno explica que o percentual global de pacientes curados gira em torno de 70%. “Alguns tumores têm expectativa de cura maior do que outros. Nos renais, por exemplo, a expectativa pode chegar a 95%, enquanto que os cerebrais têm, em média, 30%”, pontuou.

Como não é possível precisar exatamente o que pode causar um câncer na infância, o especialista destacou algumas situações que, caso ocorram, precisam ser investigadas por um médico, já que acendem um alerta sobre a doença:

  1. Febre persistente por mais de 3 semanas e que não tenha sido causada por infecção;
  2. Aparecimento de ínguas no corpo: qualquer caroço, seja na axila, pescoço, região inguinal, sem dor (as dolorosas geralmente estão ligadas a processos infecciosos), sem vermelhidão ou que aumente de tamanho;
  3. Vômitos, dores de cabeça e perda de equilíbrio - alteração no comportamento do paciente;  
  4. Sangramentos anormais ou manchas roxas pelo corpo, sem que seja devido a traumatismo e geralmente seguidas de palidez cutânea;
  5. Dor em qualquer parte do corpo que limite atividades, como em pernas e abdômen, por exemplo; 
  6. Emagrecimento, analisado dentro do conjunto de outros sintomas;
  7. Dor do crescimento: excluídas outras causas, não pode ser banalizada porque por trás dela pode estar uma doença mais séria.

O oncologista ressalta ainda que o mais importante de tudo é o diagnóstico correto e conclusivo para começar o tratamento da doença: “A partir do diagnóstico correto, haverá protocolos e modalidades específicas para cada tipo de doença. Um tumor pode ser sensível à radioterapia, outros à quimioterapia. Alguns podem necessitar de um transplante de medula, por exemplo. Por isso, quanto mais cedo for diagnosticado, melhor para tratar”, finalizou.

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Maiara Dal Bosco é aluna do 23º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta, sob orientação da editora Joyce Meriguetti. 

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