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Publicado em 8 de junho de 2021 às 09:56
Oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o teste do pezinho é capaz de garantir aos recém-nascidos diagnósticos precoces a doenças que, sem tratamento, interferem no desenvolvimento mental, psicológico e motor do paciente. >
Atualmente, o exame denominado oficialmente de triagem neonatal, pode identificar seis doenças: a fenilcetonúria, o hipotireoidismo congênito, a anemia falciforme, a hiperplasia adrenal congênita e a deficiência de biotinidase.>
A partir de maio de 2022, com a sanção do Projeto de Lei n° 5043/2020, que altera o Estatuto da Criança e do Adolescente, a análise completa passará a englobar 14 grupos de doenças, que poderão identificar até 53 tipos diferentes de enfermidades e condições específicas de saúde.>
Com a ampliação do serviço, poderão ser detectadas doenças como toxoplasmose congênita, além de doenças derivadas de Erros Inatos do Metabolismo (EIM), Erros Inatos da Imunidade (EII) e a Atrofia Muscular Espinhal (AME), entre outras. >
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O presidente do Departamento Científico de Genética da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Salmo Raskin, informou que todas essas doenças são consideradas raras. A doença menos rara afeta um em cada 10 mil nascidos.>
“São doenças terríveis. Podem levar à convulsão, retardo mental, neurodegeneração (a criança regride). São doenças gravíssimas Mas se você faz o teste rapidamente e trata, as crianças podem ter uma vida muito próxima do normal”, ressaltou o médico, em entrevista recente à Agência Brasil.>
O procedimento consiste na coleta de gotas de sangue do calcanhar do recém-nascido entre o terceiro e o quinto dia de vida. Os profissionais avaliam a quantidade de cada substância no sangue do bebê para identificar a possível existência de anormalidades.>
Foi o que aconteceu com Enzo Gabriel, de 7 meses de vida. O teste do pezinho apontou que ele tem hipotireoidismo congênito. O resultado assustou a mãe dele, a dona de casa Tatiane Rosa. Em entrevista à TV Gazeta, ela disse que o menino fará tratamento.>
Tatiane Rosa
Mãe do Enzo
Cassius Cley completou dois meses de vida neste domingo (6). O filho da assistente de departamento pessoal Amanda Cândido Freitas da Silva, de 40 anos, foi submetido ao teste do pezinho no dia 22 de abril. O resultado deu negativo para qualquer doença. >
Amanda Cândido
Mãe do Cassius
O teste do pezinho começou a ser feito no Brasil na década de 1970, com uma doença chamada fenilcetonúria, que sem diagnóstico causa crises convulsivas e deficiência intelectual. Em junho de 2001, a Portaria 822 do Ministério da Saúde instituiu, no âmbito do SUS, o Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), que obriga hospitais públicos e particulares a realizar o exame.>
No Espírito Santo, a coleta de sangue no pezinho do bebê é feita nas unidades de saúde dos municípios e a amostra é enviada para exame laboratorial na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Vitória, órgão credenciado como serviço de referência do Ministério da Saúde no Estado.>
No posto de coleta, os profissionais de saúde preenchem uma ficha cadastral da criança com dados de identificação e endereço atualizado. Se o resultado indicar uma predisposição para doenças, a criança deve fazer exames confirmatórios. >
Na avaliação da coordenadora do centro de diagnóstico da Apae Vitória, Cristina Bravin, a implementação do teste mudou o destino de milhares de bebês. Além de diagnosticar, o teste possibilita que as crianças recebam tratamento adequado logo no início da vida, evitando complicações.>
Ela informou que, em média, a Apae faz quatro mil testes do pezinho por mês pelo SUS. Segundo a coordenadora, a doença falciforme é a mais frequente entre os recém-nascidos capixabas. O segundo maior diagnóstico é o hipotireoidismo congênito.>
"Um paciente a cada 1.600 nascidos tem doença falciforme. Temos, em média, três pacientes diagnosticados de doença falciforme por mês. Hipotireoidismo congênito está em torno de um paciente a cada dois mil nascidos", explicou Cristina. >
O texto da lei diz que as atualizações serão implementadas de forma escalonada, respeitando cinco etapas de progressão. >
"A delimitação de doenças a serem rastreadas será revisada periodicamente, com base em evidências científicas, considerados os benefícios do rastreamento, do diagnóstico e do tratamento precoce, priorizando as doenças com maior prevalência no país, com protocolo de tratamento aprovado e com tratamento incorporado no Sistema Único de Saúde", determina a legislação aprovada.>
Conforme explicou a coordenadora do centro de diagnóstico da Apae Vitória, Cristina Bravin, a oferta de novas triagens passará a valer à medida que o governo federal pactuar convênio com o governo do Estado. Segundo ela, antes do diagnóstico ser apresentado, o Ministério da Saúde deve criar o protocolo clínico de diretrizes terapêuticas.>
"Na primeira fase são sete doenças. Aqui na Apae já fazemos a triagem de seis. No próximo ano, assim que autorizado pelo governo do Estado, a toxoplasmose congênita será incluída porque já existem os protocolos clínicos e as diretrizes terapêuticas definidas. Criado o fluxo de trabalho, tratamento e acompanhamento, será possível a implantação do diagnóstico dessas doenças para que as crianças recebam toda assistência necessária", explicou. >
Confira as etapas de inclusão de diagnósticos por fases: >
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