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Movimento de luta por moradia ocupa antigo prédio do TRT-ES no Centro de Vitória

Movimento de luta por moradia ocupa antigo prédio do TRT-ES no Centro de Vitória

Mais de 100 pessoas, incluindo mães solo, crianças e idosos, estão no Edifício Castelo Branco e reivindicam soluções para o déficit habitacional na Grande Vitória

Publicado em 9 de setembro de 2025 às 08:46

Antigo prédio da Justiça do Trabalho é ocupada no Centro de Vitória
Antigo prédio da Justiça do Trabalho é ocupada no Centro de Vitória Crédito: Alberto Borém

Integrantes do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM) no Espírito Santo estão ocupando o Edifício Castelo Branco, no Centro de Vitória — antiga sede do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-ES) — desde o último sábado (6). De acordo com Valdeni Ferraz, líder da ocupação, mais de 100 pessoas, incluindo crianças e idosos, estão no local.

Em entrevista à reportagem da TV Gazeta, que esteve no edifício na manhã desta terça-feira (9), Valdeni destacou que o movimento não tem relação com a Ocupação de Vila Esperança, que realizou protestos em frente ao Palácio Anchieta. Segundo ele, os ocupantes são moradores dos bairros Maria Ortiz, Santo André e Caratoíra, na capital, que viviam de aluguel ou em casas cedidas.

O líder da ocupação do Edifício Castelo Branco explicou que a saída dos integrantes do MNLM do prédio depende de uma negociação com a Caixa Econômica Federal (CEF), proprietária do imóvel.

O objetivo é pressionar os governos federal, estadual e municipal para resolverem os problemas de habitação na Grande Vitória. Sabemos do déficit habitacional e estamos em um grupo reduzido de 72 famílias, com 112 pessoas. A maioria delas é composta por mães solo. Queremos que sejam resolvidos os problemas não apenas dessas famílias, mas também de outras

Valdeni Ferraz

Líder do MNLM no ES

O líder disse que, no caso do município de Vitória, o cadastramento das pessoas que estão desassistidas estaria desatualizado.

Além do TRT-ES, o Edifício Castelo Branco também já foi utilizado pela Caixa Econômica Federal e pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU). Atualmente, existe uma discussão sobre a possível mudança da sede da Câmara Municipal de Vitória para o prédio. Em maio deste ano, o presidente da Casa, Anderson Goggi (PP), esteve em Brasília para uma reunião com representantes da direção nacional da Caixa, com o objetivo de avaliar a transferência do Legislativo municipal — hoje instalado ao lado da Prefeitura — para o local.

"Estamos com o mesmo objetivo, todos precisando de moradia. Não está havendo baderna, estamos todos calmos, não destruímos patrimônio. Eu morava na Serra, mas está complicado pagar aluguel. Nosso objetivo aqui não é destruir", desabafou Eliana, uma das ocupantes do edifício.

O presidente da Câmara de Vitória, vereador Anderson Goggi (PP), lamenta a ocupação do prédio, ação que trata como invasão. Em sua avaliação, se o processo de negociação não fosse tão burocrático, a Casa de Leis já estaria instalada no novo prédio e a situação não teria chegado a esse ponto.

“Agora, vamos esperar o desfecho disso tudo para saber as condições em que o prédio vai ficar para saber se seguiremos negociando a transferência da Câmara para lá”, afirmou.

Procurada, a Prefeitura de Vitória informou, em nota, que desenvolve programas como o Casa Feliz e Segura, voltado para garantir moradia digna a famílias que precisaram deixar suas casas por riscos estruturais, geológicos, ambientais ou por ocuparem áreas inadequadas. O programa também promove pequenas reformas para melhorar a segurança dos imóveis, como troca de telhado, portas, janelas, reforma de banheiros e cozinhas, além da regularização fundiária. Atualmente, 600 famílias estão cadastradas para receber melhorias habitacionais.

Sobre o acompanhamento das pessoas e famílias em situação de vulnerabilidade, a Prefeitura citou ações como atendimentos individuais, reuniões informativas, encaminhamentos, visitas domiciliares e técnicas, estudos de caso e articulações com outras secretarias, com o objetivo de garantir direitos e superar fragilidades sociais.

A Secretaria de Patrimônio da União (SPU) e a Caixa Econômica Federal também foram procuradas, mas não se manifestaram até a publicação desta matéria.

Prefeitura de Vitória | Nota na Íntegra

"Entre os programas em andamento está o Casa Feliz e Segura, que atua em diferentes frentes, assegurando moradia digna a famílias que precisaram deixar suas casas devido a riscos estruturais, geológicos, ambientais ou pela ocupação de áreas inadequadas; e ainda realizando pequenas reformas que tornam o imóvel mais seguro, como troca de telhado, porta ou janela, construção de acessos, reforma de banheiros e cozinhas, e ainda o projeto de regularização fundiária. Atualmente, 600 famílias estão cadastradas aptas para receber essas melhorias habitacionais. Nesse contexto, Vitória tinha 550 famílias recebendo benefício transitório. 

Hoje, esse número foi reduzido quase pela metade. Nos últimos cinco anos foram entregues mais de 250 residências a famílias em situação de vulnerabilidade ou ocupantes de áreas de risco, que passaram a ter seu imóvel. Além disso, foram concedidos aproximadamente 3 mil títulos de regularização fundiária (escrituras de imóveis) a moradores de diferentes regiões da cidade, garantindo segurança jurídica e segurança habitacional às famílias. A atual gestão aumentou o valor do Bônus Moradia, que alcançou o maior patamar de sua história: hoje o benefício, que era de R$ 60.000,00 chega hoje a R$ 100 mil, ampliando as possibilidades de uma nova moradia, digna e em condições mais seguras. Na frente destinada à regularização fundiária, a Prefeitura já entregou três mil títulos de regularização fundiária (escrituras de imóveis) devidamente registradas em cartório, transformando posseiros em proprietários de suas casas, dando tranquilidade para as famílias e possibilidade para financiamentos e investimentos aos moradores. 

Dando prosseguimento a essa frente, neste ano de 2025, Vitória lançou o maior investimento em regularização fundiária do Espírito Santo, abrangendo bairros como Bonfim, Consolação, Da Penha, Gurigica, Itararé e São Benedito, além de processos em andamento em Resistência, Ilha das Caieiras e Redenção, com novas áreas já em fase de licitação. Com esses resultados, Vitória reafirma seu compromisso com políticas habitacionais sólidas, que unem dignidade, cidadania e futuro para as famílias capixabas. No que se refere à pessoa em situação de rua, a Sedec destaca que o município já conta com programa habitacional voltado para esse público. 

O atendimento habitacional a essa população foi iniciado por meio da Lei nº 8473/2013, que alterou a Lei 6592/2006 e a incluiu no Programa Morar sem Risco, da política municipal de habitação "Habitar Vitória", que ficou popularmente conhecido como Projeto Moradias Alternativas (PMA). O PMA tem por objetivo disponibilizar à população em situação de rua o acesso à moradia digna através de uma rede de serviços do município, oferecendo assistência multi e interdisciplinar, saúde, cidadania e dignidade, além da inclusão ao benefício habitacional transitório, Bolsa Moradia (aluguel), e/ou benefício habitacional definitivo, Auxílio Moradia, que consiste em uma carta de crédito no valor de até R$ 100 mil para aquisição de imóvel em qualquer município do estado.

 A inclusão de pessoas em situação de rua em programa habitacional se dá obrigatoriamente por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) e que os munícipes requerentes devem estar referenciados na Rede de Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidade do município de Vitória, por período mínimo de um ano ininterrupto e atender aos demais critérios estabelecidos. Para o acompanhamento das pessoas e/ou famílias em situação de rua incluídas no PMA, são realizados atendimentos individuais, reuniões informativas sobre os benefícios habitacionais, encaminhamentos, visitas domiciliares, visita técnica de habitabilidade, estudos de caso, reuniões técnicas e articulações com as secretarias visando proporcionar a garantia de direitos e a superação das vulnerabilidades."


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