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Publicado em 23 de maio de 2025 às 16:49
A insatisfação de moradores e comerciantes da Enseada do Suá com o projeto da Prefeitura de Vitória, que prevê alterações viárias na rua Clóvis Machado e na avenida João Batista Parra, ficou evidente em assembleia realizada na quinta-feira (22) à noite. Depois de duas horas de discussão, o grupo decidiu encaminhar um ofício à administração municipal, solicitando a paralisação imediata das obras. Se o pedido não for acatado, a comunidade aprovou ingressar com uma ação civil pública na Justiça. >
Entre outras reivindicações, eles pretendem saber se o município dispõe de um estudo de impacto, sobretudo considerando os novos prédios que vão gerar mais demanda para o trânsito. Além disso, querem duas faixas em vez de três na Clóvis Machado, sentido Terceira Ponte, e só uma no fluxo contrário, para manter o estacionamento na via. O atendimento a esses pontos pode acabar com o impasse. >
A assembleia foi convocada pela Associação de Moradores, Empresários e Investidores da Enseada do Suá (Amei-ES), que chegou ao encontro com algumas propostas de alteração ao projeto original, depois de uma reunião na prefeitura conquistada a partir da veiculação de reportagem de A Gazeta sobre as reclamações da comunidade. >
Primeiro, o vice-presidente da entidade, Leandro Moulin, informou que o objetivo da administração municipal é fazer da rua Clóvis Machado uma via local, voltada a atender especialmente os moradores e trabalhadores da região. Já a avenida João Batista Parra se tornaria uma via coletora. Ou seja, com as mudanças propostas, passaria a absorver maior fluxo de veículos para a Terceira Ponte. >
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Na sequência, Moulin pontuou outras propostas de alteração, visando minimizar o impacto para a comunidade diante do projeto da prefeitura de tornar a Clóvis Machado mão dupla e retirar da via a área de estacionamento. No entanto, mesmo as sugestões que já tinham sido acatadas pela administração municipal, não foram aceitas pelos moradores e comerciantes presentes à assembleia.>
Um dos pontos levantados foi que, se a Clóvis Machado deveria ser uma via local, por qual razão vai ter três faixas em direção à Terceira Ponte? E por que retirar o estacionamento, que atende justamente quem reside e trabalha na via? Além disso, o grupo ponderou que, ao fazer da área destinada a estacionamento uma faixa para o tráfego, com possibilidade de paradas eventuais de transporte escolar e serviços de entrega, por exemplo, o risco de acidentes se tornaria maior. >
O empresário Rodolpho de Souza acredita que poderia até haver mais conflitos de trânsito, considerando que, se alguém para na faixa de rolamento para embarque ou desembarque, vai atrapalhar o motorista que segue atrás. >
Nessa discussão, em que várias possibilidades foram consideradas, a comunidade entrou no seguinte consenso sobre a Clóvis Machado: se a mão dupla é inevitável, a proposta é reduzir de três para duas faixas no sentido Terceira Ponte para que a faixa que "sobrar" seja usada no fluxo contrário, em direção à avenida Nossa Senhora dos Navegantes. Desse modo, não seria necessário retirar a área de estacionamento da rua e, assim, manteria a ideia de via local, forçando que mais motoristas sigam para a avenida João Batista Parra para acessar a ponte. >
Apesar de o foco principal do debate ter sido a Clóvis Machado, há também uma preocupação na comunidade sobre os impactos das mudanças na avenida João Batista Parra. Entre outros apontamentos, o servidor público Igor Peres fez considerações sobre comerciantes que atuam na via e que podem sofrer com o esvaziamento de seus estabelecimentos. É o pequeno restaurante, uma loja de material de construção, o vendedor de verduras. Se o fluxo de veículos for intenso, os moradores da região deixarão de circular a pé. >
Ao final da discussão, o síndico do edifício Giorno, Lanussy Pimentel de Rezende, fez o encaminhamento para votação. O grupo presente decidiu encaminhar um ofício à prefeitura sobre suas reivindicações e, paralelamente, informar o Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES) sobre a situação, na expectativa de uma resolução extrajudicial. Caso as obras prossigam sem os ajustes propostos, a Amei vai ingressar com a ação na Justiça. >
A Prefeitura de Vitória foi procurada pela reportagem nesta sexta-feira (23) para falar sobre o posicionamento dos moradores. Após a publicação da reportagem, a Secretaria Municipal de Obras (Semob) informou, em nota, que "as intervenções do Plano Mobilidade Leste, que abrangem os bairros Enseada do Suá, Praia do Canto, Santa Helena e Praia do Suá, foram construídas com base em diálogo direto com a população. A Prefeitura realizou recebeu sugestões e acatou diversas propostas apresentadas pelas comunidades, buscando soluções que atendessem aos reais anseios dos moradores.">
Ainda segundo a nota, o projeto é fruto de uma demanda histórica dos bairros envolvidos e foi amplamente debatido ao longo de 2022 e 2023, tanto antes quanto durante os 12 meses de obras. Todas as mudanças implementadas nasceram de reivindicações registradas junto à prefeitura e validadas por representantes das associações de moradores.>
Conforme afirmou o secretário de Obras, Gustavo Perin, em reportagem anterior de A Gazeta, “esse projeto é fruto de reivindicações que estão registradas na Prefeitura, de quem mora naquela região e precisa disputar saída com o fluxo da ponte. Na Clóvis Machado, serão mantidas três faixas no sentido da ponte e apenas uma no sentido contrário. Na João Batista Parra, os motoristas terão mais uma via para seguir em direção à ponte, com maior capacidade de absorção do tráfego”.>
Por fim, a nota aponta que as intervenções buscam melhorar a mobilidade, reduzir gargalos e tornar o trânsito mais seguro e eficiente, respeitando as características urbanas e sociais da região.>
Também após a publicação da reportagem, o vice-presidente da Amei-ES, Leandro Moulin, reafirmou que o objetivo da entidade é manter o diálogo com o município, encaminhando as demandas dos moradores e comerciantes, para a resolução do problema.>
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