Com forte ligação com o samba capixaba e com a capoeira, morreu nesta terça-feira (06) o mestre Luiz Paulo Lima, aos 61 anos, vítima da Covid-19. Ele passou mal em casa e, segundo familiares, não recebeu socorro a tempo, apesar das tentativas de acionamento de uma ambulância.
Para uma das quatro irmãs, a pedagoga Leda Lima Barreto, de 54 anos, tudo aconteceu muito rápido. Ela contou que na semana retrasada ele estava com sintomas de gripe, mas suspeitou que se tratava de uma crise alérgica, que tinha de forma corriqueira. Também de acordo com a pedagoga, o irmão não apresentou dores de cabeça ou febre, mas apenas coriza e olho lacrimejando.
Após alguma insistência, Luiz foi realizar o teste para saber se havia sido infectado pela Covid-19. "De tanto que o perturbamos, ele foi fazer o exame. Mas não conseguiu ver o resultado na internet e falou que iria hoje (06) ver o médico. Durante a semana passada toda, ele falou em alguma fraqueza. Começou uma tosse no domingo, que eu ouvia durante a madrugada. Por whatsapp ele falou que estava tudo bem. Ontem (05) ele falou que estava cansado e hoje, quando cheguei em casa, comecei a chamar a ambulância", relatou.
Após três chamadas para a ambulância, o marido de Leda foi ver de perto o cunhado, que estava deitado no chão. "Ele ainda conseguiu sentar na cadeira. Meu marido foi lá usando máscara e luva, mas já era tarde e Luiz estava morto. Ele não era casado e não tinha filhos. Éramos em cinco irmãos com ele, só ele de homem. Filhos de Moacyr Lima e Leida Nunes Lima. Inclusive, ele nasceu e morreu na mesma casa onde morou, em Jucutuquara, em Vitória. Nascido pelas mãos da parteira Maria Coroa, que é uma das fundadoras da escola de samba Unidos de Jucutuquara", acrescentou.
Sobre a demora no atendimento pelo Samu, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) foi demandada pela reportagem e ainda não se manifestou. Esta publicação será atualizada quando houver resposta.
Para Leda, as principais lembranças que ficarão de Luiz Paulo são relacionadas ao ativismo em causas sociais. "Ele é um educador, gostava de trabalhar o social com crianças em risco, além de ter sido professor de capoeira por muitos anos. Era também pedagogo do Museu Capixaba do Negro, sempre teve isso de trabalhar com o povo, com as crianças, era o que mais gostava de fazer. Ele foi muito representativo na capoeira. Mas lembrarei também dele rindo, brincando, dizendo que tínhamos que fazer algo para tirar as crianças da rua. Ele era um líder social para mim", concluiu.
O sepultamento de Luiz Paulo Lima será realizado nesta quarta-feira (07), no cemitério de Maruípe, em Vitória. Devido à causa da morte, a cerimônia será restrita apenas a 15 pessoas.
Nas redes sociais, a agremiação Unidos de Jucutuquara publicou homenagem ao conselheiro da escola e ex-diretor, prestando solidariedade aos amigos e familiares pela perda.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta