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Imóvel perto da praia: os cuidados para a erosão não surpreender

Imóvel perto da praia: os cuidados para a erosão não surpreender

Erosão registrada na Praia da Areia Preta, em Guarapari, assusta moradores de condomínios à beira-mar. Especialistas e prefeituras explicam como é possível construir nessas áreas

Publicado em 7 de maio de 2022 às 11:25

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Calçadão cede na Praia da Areia Preta, em Guarapari
Calçadão cede na Praia da Areia Preta, em Guarapari. (Fernando Madeira)

Os sinais de erosão provocados pelo avanço do mar em direção ao continente podem colocar em risco a segurança das construções às margens das praias, onde o fenômeno natural acontece.

Imóvel perto da praia - os cuidados para a erosão não surpreender

No mês de março, a força das águas derrubou um trecho do muro e do calçadão da Praia da Areia Preta, em Guarapari. O local foi interditado. Para conter os prejuízos, o Executivo municipal colocou pedras na região.

Por isso, é importante prestar a atenção em alguns pontos antes de construir um imóvel nessas áreas. Especialistas e as prefeituras de Vila Velha e Serra explicam como funciona esse processo nos municípios. O Executivo de Guarapari foi procurado, mas não respondeu à reportagem.

A arquiteta urbanista Priscila Ceolin é membro do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Espírito Santo (CAU-ES). Ela ressalta que o Plano Diretor Municipal (PDM) tem as diretrizes para esses casos.

O documento é um mecanismo que define como o solo urbano de uma cidade pode ser ocupado. Geralmente, todas as suas ferramentas são produzidas após mobilização da sociedade com audiências públicas que envolvem a população e poder público.

Aspas de citação

No PDU, a gente consegue ter várias ferramentas para impedir a construção muito próximo da costa porque a natureza tem seu curso de, às vezes, avançar e ceder

Priscila Ceolin
Arquiteta urbanista
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Priscila afirma que o PDU não tem o propósito de impedir o surgimento ou manutenção de cidades litorâneas, mas tem parâmetros que fazem o crescimento acontecer de forma ordenada.

“A gente pode manter um afastamento entre a costa e os prédios, ter uma faixa de semipreservação com um pouco da vegetação costeira e uma faixa de transição com um ambiente construído de forma mais natural, de baixo impacto ambiental”, sugere.

Levando em consideração a importância do PDU, ela classifica o documento como um “instrumento de controle da cidade".

Especificamente sobre a erosão, Priscila orienta que o poder público considere as avaliações técnicas e os estudos que apontem o impacto das condições climáticas sobre o comportamento do mar.

“Tem a questão também de priorizar prédios de menor altura, criar maiores acessos a praia, não deixar aquele paredão denso que impede a ventilação do interior da cidade e faça sombra na praia”, complementa.

CONSTRUÇÕES EM VILA VELHA

Os interessados em construir qualquer empreendimento na região costeira de Vila Velha devem consultar o Executivo municipal para saber se a obra é permitida na área pretendida.

O passo seguinte é dar entrada no processo de aprovação dos projetos arquitetônico e hidrossanitário. Se for aprovado, o município concede licença para o início dos trabalhos. Quando concluído, o edifício é vistoriado.

Praias da Sereia e da Costa, em Vila Velha, ficaram cheias neste feriado
Praias da Sereia e da Costa, em Vila Velha, ficaram cheias neste feriado. (Ricardo Medeiros)

"Entre outras verificações são observados: localização e propriedade do terreno, afastamentos, verificado se pode causar sombreamento na praia, e as licenças ambientais e de estudo de impactos. O prazo depende da apresentação dos documentos de acordo com as legislações previstas no Código de Obras e no Plano Diretor Municipal", informa a prefeitura, por nota.

COMO FUNCIONA NA SERRA

Na Serra, a prefeitura afirma que qualquer construção, seja na região litorânea ou não, tem de passar por diversas análises como, por exemplo, a consulta ao Plano Diretor Municipal (PDM).

"A análise consiste em vistoria seguida da elaboração de um relatório. Em casos mais elaborados também é necessário ter manifestação de órgãos ambientais estaduais e até federais como o IEMA e a SPU", destaca, por nota a prefeitura.

Quando o local é propício à erosão e o empreendimento afetará consideravelmente a área ou trará degradação permanente ou até mesmo se encontre em áreas de preservação permanente, "a prefeitura veta a construção de forma rápida e imediata. A análise pode durar desde uma semana a alguns meses dependendo do caso", finaliza.

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