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Iema aponta melhora na qualidade do ar da Grande Vitória durante isolamento

Iema aponta melhora na qualidade do ar da Grande Vitória durante isolamento

Instituto afirma que a diminuição da circulação de pessoa e veículos impactam diretamente na quantidade de poluentes lançados na atmosfera

Publicado em 18 de junho de 2020 às 18:47

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Vila Velha - ES - Prédios na orla do município.
Prédios na orla do município de Vila Velha. . (Vitor Jubini)

Com o isolamento social, a qualidade do ar melhorou na Grande Vitória — e esta não é só uma impressão. Um estudo realizado pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), resultou no relatório "Avaliação dos Efeitos das Medidas de Afastamento Social sobre a Qualidade do Ar na Região Grande Vitória", que comprovou que as medidas de isolamento social, necessárias para conter a disseminação do novo coronavírus, afetaram positivamente a qualidade do ar da região.

Foram avaliadas as concentrações horárias de partículas inaláveis (MP10), dióxido de enxofre (SO2), ozônio (O3), dióxido de nitrogênio (NO2), monóxido de nitrogênio (NO) e monóxido de carbono (CO) registradas no período de 24 de março a 30 de abril dete ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. O estudo foi realizado na estação de monitoramento da Enseada do Suá, em Vitória, com dados meteorológicos registrados na estação de Carapina, município da Serra.

De acordo com o Iema, por conta da estação Enseada do Suá ficar em um ponto central da Grande Vitória, o local é diretamente impactado por fontes de emissão veiculares e industriais oriundas, principalmente, do Complexo de Tubarão.

DADOS DO RELATÓRIO

O relatório aponta que as amostras dos dados foram representadas na forma de estatísticas descritivas e gráficas para avaliação do comportamento das variáveis. Além disso, visando a comparação entre os cenários em estudo, as amostras foram testadas utilizando o teste estatístico de hipóteses de Kruskal-Wallis ao nível de confiança de 95%.

De acordo com os dados do relatório, houve redução aproximada de 65% de monóxido de nitrogênio (NO), de 34% de monóxido de carbono (CO), de 24% de dióxido de nitrogênio (NO2), além de queda de 23% das partículas inaláveis . O índice de ozônio (O3) não indicou diferenças significativas entre os cenários avaliados e houve aumento aproximado de 31% de dióxido de enxofre (SO2), porém, deve ser levado em consideração que os valores medidos são bem baixos, dentro da incerteza do analisador, não sendo possível afirmar, sob o aspecto operacional, diferenças na concentração deste poluente.

Segundo o relatório, ao contrário de outros poluentes primários gasosos, para o dióxido de enxofre verificou-se um aumento da concentração atmosférica na comparação entre os cenários. Para a região da Grande Vitória, as fontes industriais são a principal fonte de emissão de dióxido de enxofre na atmosfera. As fontes localizadas no Complexo de Tubarão são responsáveis por 88% das emissões de SO2 de origem industrial.

IMPACTO DAS MEDIDAS

Para enfrentamento da pandemia da Covid-19, o Governo do Estado do Espírito Santo já adotou diversas medidas para conter a transmissão do vírus. Entre elas estão a suspensão das aulas nos estabelecimentos de ensino, a suspensão de eventos que envolvam aglomeração de pessoas, e outros. Todas essas medidas tiveram seu início entre os dias 17 e 20 de março de 2020, impactando na circulação de pessoas e veículos em todo o Espírito Santo.

A diminuição da circulação de pessoas, veículos e, em alguns casos, da produção industrial, impactam diretamente na quantidade de poluentes que são lançados na atmosfera, segundo constatou o relatório da qualidade do ar do Iema. Os resultados apresentados indicam que a redução das atividades sociais e econômicas impostas pelas medidas de afastamento social impactaram na qualidade do ar da Região da Grande Vitória, no entanto, tal impacto não acontece de forma linear e proporcional.

O relatório ressalta que é importante destacar que a dinâmica dos poluentes na atmosfera não é uma equação de fácil solução, sendo objeto de estudos de complexos modelos matemáticos com a capacidade de ligar as causas aos efeitos, ou seja, as concentrações ambientais dos poluentes. Sendo assim, as características existentes na região da Grande Vitória são únicas, não sendo recomendável a comparação direta com outras localidades.

ENTENDA

Monóxido de Nitrogênio (NO): houve redução aproximada de 65%. O comportamento do monóxido de nitrogênio segue a mesma tendência do dióxido de nitrogênio, no entanto, a diferença entre cenários avaliados é mais evidente. Importante destacar que as concentrações de NO2 e NO registradas na estação da Enseada do Suá também são influenciadas por fontes industriais, especialmente das situadas no Complexo de Tubarão, cerca de 73% das emissões.

Monóxido de Carbono (CO): houve redução aproximada de 34%. As medidas de afastamento social implicaram na redução das concentrações atmosféricas do poluente avaliado. A redução no tráfego de veículos, queda de 50%, pode ter impactado nas concentrações avaliadas, uma vez que, os veículos automotores são fontes significativas de emissão deste poluente. Importante destacar que as concentrações de CO registradas na estação da Enseada do Suá também são influenciadas por fontes industriais, especialmente as situadas no Complexo de Tubarão, cerca de 96% das emissões.

Dióxido de Nitrogênio (NO2): houve uma redução aproximada de 24%. O tráfego veicular é uma das principais fontes de emissão de óxidos de nitrogênio. Tal redução pode ter sido ocasionada pela queda no tráfego de veículos, especialmente na Terceira Ponte e em horários de pico, uma vez que impacta diretamente nas medições desse poluente na estação da Enseada do Suá.

Partículas Inaláveis (MP10): houve redução aproximada de 23%. A queda pode estar associada à redução do fluxo de veículos. As concentrações de MP10 registradas na estação da Enseada do Suá também são influenciadas por fontes industriais, especialmente as situadas no Complexo de tubarão, cerca de 68% das emissões. Um resultado importante verificado foi uma menor variabilidade dos dados para o cenário de isolamento, demonstrando que a diminuição na circulação de veículos resultou em menos eventos de concentração de pico associados a horários onde o trânsito é mais intenso.

Ozônio (O3): sob aspecto operacional da medição, não foi possível verificar diferenças nas concentrações desse poluente para os cenários avaliados. As concentrações de ozônio monitoradas na estação da Enseada do Suá podem estar associadas à transformação fotoquímica de poluentes percussores emitidos por fontes localizadas a centenas, ou até mesmo milhares de quilômetros da região da Grande Vitória, conferindo ao poluente uma característica de escala de longo alcance.

Dióxido de Enxofre (SO2): houve aumento aproximado de 31%. Ao contrário dos outros poluentes primários gasosos, para o dióxido de enxofre, verificou-se um aumento da concentração atmosférica na comparação entre os cenários. Porém, deve ser levado em consideração que os valores medidos são bem baixos, dentro da incerteza do analisador, não sendo possível afirmar, sob aspecto operacional, diferenças na concentração deste poluente. Para Região da Grande Vitória, as fontes industriais são a principal fonte de emissão de dióxido de enxofre na atmosfera. As fontes localizadas no complexo de tubarão são responsáveis por 88% das emissões de SO2 de origem industrial.

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