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Fim da pandemia ou nova onda de Covid? Especialistas dizem o que esperar em 2022

Fim da pandemia ou nova onda de Covid? Especialistas dizem o que esperar em 2022

O avanço da vacinação acena com perspectivas de controle da disseminação do novo coronavírus, mas não a curto prazo, como destacam especialistas. O trunfo de 2022 é o desenvolvimento de medicamentos que vão ajudar a tratar e evitar mortes

Publicado em 1 de janeiro de 2022 às 09:52

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O desenvolvimento de novos medicamentos e a vacinação estão entre as ferramentas que, em 2022, têm mais força para viabilizar o controle da Covid-19. Mas, até lá, o uso das máscaras ainda será necessário. O fato ocorre dois anos após o mundo registrar o aparecimento dos primeiros casos da doença causada pelo coronavírus.

O grande desafio neste novo ano, pondera o diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia, Estevão Urbano, será o avanço da vacinação. É a imunização, pondera, que permitirá o mundo evoluir da condição de pandemia - decretada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 11 de março de 2020 -, para uma endemia.

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Em um cenário onde a maioria das pessoas se vacine, pelo menos 70% a 80%, nas mais diversas regiões e países, e sem novas variantes de perigo, nós poderíamos ter um controle bastante bom do vírus. Sairíamos do estado de pandemia para endemia

Estevão Urbano
Diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia
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Entre as novidades que vão ajudar nesta caminhada estão as vacinas - agora até para crianças - e os novos medicamentos que oferecem tratamento para a doença, podendo evitar os casos mais graves e as mortes.

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Até que enfim vamos ter um tratamento inicial eficaz, comprovado cientificamente, e isso estará, em breve, ao alcance do SUS

Lauro Ferreira Pinto
Infectologista
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Para 2022, a expectativa, segundo o diretor de Integração e Projetos Especiais do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Pablo Lira, é de manter a tendência de queda de casos confirmados e de óbitos. 

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Dificilmente vamos ver tendência de aumento como no final de 2020 e início de 2021, pelo nível de imunização

Pablo Lira
Diretor de Integração e Projetos Especiais do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN)
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CONFIRA ALGUMAS AVALIAÇÕES SOBRE A PANDEMIA PARA 2022:

Vacinação heteróloga

Já temos dados de que a vacinação heteróloga - de fabricantes diferentes -, dão uma resposta melhor. E mais, que três doses de vacina, incluindo o reforço, parecem proteger contra as novas variantes. “Informações preliminares apontam que pessoas que tomaram a terceira dose, provavelmente, têm proteção contra a variante Ômicron e das formas mais graves de Covid”, aponta Lauro Ferreira.

Anticorpos evitam agravamento da doença

Anticorpos monoclonais podem ser indicados para pacientes com alto risco de progressão da Covid-19 nas formas graves da doença, como idosos, imunossuprimidos, transplantados ou com muitos fatores de risco. “Em algumas cidades americanas, como Illinois, as pessoas chegam no Pronto Socorro já tomando os anticorpos monoclonais. A Astrazeneca apresentou um coquetel de anticorpos monoclonais com eficácia de mais de 80% para evitar internamento e morte”, relata Lauro Ferreira.

As previsões da ciência para a pandemia de Covid-19 em 22
O avanço da vacinação e a chegada de novos medicamentos vão ser importantes para conter o avanço do vírus. ( Miguel Á. Padriñán/Pixabay)

Antivirais para tratamento inicial

Novos antivirais, como molnupiravir (MSD americana), e o novo, da Pfizer, vão ser dados em forma de comprimidos, na fase inicial da doença, e há perspectiva de que reduzam a hospitalização e mesmo a morte. “Vão ajudar a lidar com a Covid grave. Até que enfim vamos ter um tratamento inicial eficaz, comprovado cientificamente, e isso estará em breve ao alcance do SUS”, destaca Lauro Ferreira.

Uso de máscara

Para o infectologista Lauro Ferreira Pinto, ainda não dá para abrir mão da máscara. "Estamos vendo o que acontece com a gripe, porque ainda temos muita circulação de variantes e esse tipo de cuidado ainda é necessário”.

Para Estevão Urbano, as máscaras deverão ser mantidas por um tempo ainda indefinido. "Até que tenhamos uma circulação viral pequeníssima e sustentada por meses, sem que haja qualquer indício de recorrência. Isto não aconteceu na grande maioria dos locais do mundo”, assinala.

Pós-pandemia, quando será?

Pode ser que o cenário de pós-pandemia apareça em 2022 ou 2023, quando a doença virar endêmica, com menos casos, com vacinação de mais rotina. Ele será alcançado, segundo o infectologista Lauro Ferreira Pinto, com imunidade de rebanho mais efetiva por vacina, mas será preciso vacinar um número bem maior de pessoas, inclusive as crianças.

Sinergia entre os países para acelerar vacinação

Na avaliação de Estevão Urbano, é preciso uma política pública que entenda a pandemia, não apenas em algum país. "Vai depender muito da vontade política, de ações convergentes e sinérgicas entre os países, entendendo que este é um problema global, que não pode ser tratado apenas localmente, porque neste mundo globalizado, o que acontece a sua distância acaba chegando até você." "É precisa homogeneizar a cobertura vacinal contra o coronavírus no país", acrescenta Lauro Ferreira Pint.

Tempo de imunidade garantida pela vacina

Estevão urbano destaca que ainda não sabemos qual o tempo a imunidade conferida pela vacina, se as três doses vão ser suficientes ou se vai ser necessário uma complementação da imunização. 

"São controvérsias que podem ser importantes na flutuação da pandemia, não só as variantes, mas o comportamento das vacinas nos seres humanos, especialmente o nível de duração e a possibilidade de eventualmente cobrir novas variantes. Então, ainda não temos estratégias melhores do que esta para o controle e domínio do vírus", observa.

Tendências de queda de casos de Covid

Na avaliação de Pablo Lira, o início do novo ano será bem melhor do que 2021, que começou com a boa notícia do início da vacinação, mas registrou elevados picos da doença. "O cenário é começar 2022 mantendo estas tendências de queda de casos confirmados e de óbitos. Podem ocorrer variações, mas especialmente teremos menos óbitos. Dificilmente vamos ver tendência de aumento como em 2020, pelo nível de imunização."

Desaparecimento do coronavírus

Para o infectologista Estevão Urbano, dificilmente o coronavírus desaparecerá de boa parte do planeta no ano que vem. “Diria que teremos um cenário possível de uma manutenção do que temos hoje, ou se der tudo certo, uma coabitação, com número reduzido na maioria dos países e uma redução dos casos graves devido ao efeito rebanho produzido pela vacina, que não só impede uma maior transmissão, como permite um adoecimento mais leve”, diz.

Preocupação

O que gera preocupação, segundo Pablo Lira,  são as diferenças da vacinação nos países africanos com percentuais bem abaixo do restante do mundo. "É uma preocupação é um risco grande", observa.

Cenário em 2022

Estevão Urbano avalia que teremos um mundo com flutuações no número de casos da Covid-19. "É difícil pensarmos neste momento em estabilidade global. O comportamento deverá ser dinâmico e aleatório do vírus em regiões e países distintos. Geralmente costumamos piorar nossos índices alguns meses após a Europa, e é possível que isto aconteça, inclusive no Brasil, independente da nova variante. É óbvio que temos vantagem de estarmos com um índice de vacinação maior do que o de países europeus, mas não dá para descartar piora no Brasil", assinala.

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