Publicado em 21 de junho de 2022 às 18:43
Diante do aumento de casos de Covid-19 registrado nas últimas semanas no Espírito Santo, mais capixabas estão procurando os autotestes de detecção da doença em farmácias. Por meio deles, a própria pessoa colhe o material e tem o diagnóstico em casa, sem precisar recorrer aos serviços de saúde. Essa praticidade, no entanto, muito provavelmente está levando à subnotificação do número de infecções, alertam especialistas. >
Isso porque não há qualquer tipo de controle sobre os resultados dos exames caseiros, já que não são repassados às autoridades sanitárias. Com isso, infectologistas apontam que o número real de casos pode ser bem maior do que o registrados pelas secretarias de Saúde no país, mascarando as estatísticas nacionais. Sem um panorama fiel da pandemia, o planejamento de medidas pelos governos pode ser prejudicado, e a população pode ter uma ideia equivocada do momento que o país atravessa. >
"O controle dos dados é muito precário e não há dúvidas de que há subnotificação", comenta o infectologista Crispim Cerutti. "Se a pessoa tiver a conscientização adequada, o autoteste é uma medida muito boa e válida. Agora, se a pessoa tiver um resultado positivo e mudar de comportamento, é uma medida inócua.">
Os autotestes estão disponíveis para compra em farmácias brasileiras desde março deste ano, com preços que variam de R$ 35 a R$ 70. Desde que eles chegaram às prateleiras, as vendas no país cresceram e não foi diferente no Espírito Santo, segundo os estabelecimentos consultados por A Gazeta. Em algumas farmácias, os estoques esgotam-se em questão de dias. >
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A indicação de especialistas é utilizar o autoteste de antígeno. O procedimento é semelhante ao que é feito em unidades de saúde, por exemplo. Com ele, coleta-se uma amostra de fluidos nasal ou oral (da saliva) e, depois, é segue as orientações previstas na bula, que variam conforme o fabricante. O resultado sai em até 15 minutos. >
Contudo, não há um mecanismo que comunique o diagnóstico para a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). E não necessariamente quem testou positivo procura laboratórios oficiais para testar novamente e entrar para as estatísticas.>
Por meio de nota, a Sesa reforçou que a deliberação para a compra e venda de autoteste para detectar a infecção pela Covid-19 foi feita pelo Ministério da Saúde. "As secretarias estaduais não são notificadas sobre o resultado porque as pessoas realizam os testes em casa, não sendo possível o controle dos órgãos estaduais, já que o Ministério e a Anvisa não criaram mecanismos formais para esta notificação", informou a pasta. >
Nas justificativas apresentadas à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a aprovação do autoteste para Covid-19 no Brasil em janeiro deste ano, o Ministério da Saúde defendeu que os exames caseiros são uma estratégia é complementar ao plano nacional de testagem. Isso porque, com o resultado rápido, as pessoas postivadas podem iniciar imediatamente o isolamento, o que ajuda a interromper da cadeia de transmissão. >
Para o infectologista Lauro Ferreira Pinto, mesmo com a subnotificação de casos de infecção, o uso dos testes caseiros é importante. "Independentemente do autoteste, já há mais casos do que se tem registro oficialmente", aponta. >
Segundo o médico, o autoteste não tem precisão absoluta, mas é eficaz. "O teste não é tão perfeito quanto o molecular, mas tem índice de acerto de 80%. Se deu positivo, a pessoa tem o vírus. Se der negativo, mas continuar com sintomas, a orientação fazer o diagnóstico molecular", explica. >
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