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Publicado em 15 de abril de 2021 às 18:12
Você já viveu um relacionamento e achou que tudo estava indo bem quando, de repente, a outra pessoa sumiu e nunca mais voltou, sem qualquer explicação? A essa atitude é dado o nome de "Ghosting", termo que, traduzido do inglês, significa "virar fantasma". Sobre o tema, a psicóloga e comentarista da CBN e a Família, Adriana Müller, comentou que o fenômeno é mais comum do que se imagina. >
Segundo a especialista, a situação do ghosting acontece quando um relacionamento acaba porque um dos parceiros some sem avisar. O comportamento acontece com relativa frequência e, para ela, os relatos têm aumentado durante a pandemia da Covid-19, possivelmente porque as pessoas estão de fato mais afastadas umas das outras.>
"Tenho ouvido mais relatos de pessoas que somem do mapa, que bloqueiam nas redes sociais, não respondem, não atendem ligações, e fica uma situação constrangedora. No fundo, acho que isso evidencia a inabilidade que a pessoa tem para lidar com os sentimentos dela. Isso também é provocado pelo uso de aplicativos para encontrar um par, que geram uma percepção de que existe uma grande oferta de indivíduos dispostos a se relacionarem", disse a psicóloga.>
De acordo com Müller, as redes sociais tendem a evidenciar o lado bom da história. "Mas essa percepção acaba gerando também um sentimento de descartar facilmente quem está com você, na hora que achar que não está muito bom. Isso é muito preocupante, essa inabilidade de lidar com sentimentos. Relacionamentos têm aspectos bons e ruins, dias alegres e tristes e precisam ser construídos pelas duas pessoas que estão ali interagindo. Isso requer algumas habilidades socioemocionais, como confiar no outro, um aspecto que o ghosting vem contra", acrescentou.>
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Para evitar este tipo de comportamento, a especialista afirma que é importante conversar sobre o que está desagradando na relação, para tentar acertar as questões e para que, assim, o relacionamento possa continuar. "Sem culpabilizar o outro, sem cobrar, com a intenção de melhorar, olhando os aspectos positivos que unem o casal. Essas habilidades, quem pratica o ghosting costuma não possuir, não conseguem lidar com altos e baixos e desaparecem", refletiu.>
Para a especialista, para superar a situação do ghosting é importante olhar para si, reconhecendo o próprio valor e sabendo que foi feito o melhor. "Foi o outro que terminou de forma imprevisível. Se demos o melhor, tudo bem, devemos então seguir em frente, aprendendo a nos proteger dessa situação, ouvindo mais os amigos, não nos entregando tanto de forma imediata, verificando se há possibilidade de construção a longo prazo", recomendou. >
Para quem já pensou em praticar este comportamento, a psicóloga sugere tentar entender o que fez querer agir assim e também entender que isso magoa muito a outra pessoa, que fica sem saber o que aconteceu, sendo que o ideal é tentar encontrar um meio termo mais saudável para os dois lados. >
Para ela, o excesso de felicidade irreal demonstrada nas redes sociais cria uma "positividade tóxica", que espelha nas pessoas a ideia de que se o relacionamento entra em períodos ruins — que todo relacionamento tem — fica parecendo que não é bom o suficiente. "Achando isso, parece que é algo que a gente pode descartar, como se existisse uma grande oferta lá fora. Mas a gente não vai encontrar um relacionamento perfeito, o que deve ser buscado é construir um que tenha sentido para as duas pessoas, e isso é um processo, ou seja, se constrói o tempo todo ao longo da vida dos envolvidos", finalizou.>
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