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Publicado em 7 de outubro de 2023 às 18:56
Frio, fome, insegurança. Dores com as quais Jurandir Parrilha, de 67 anos, teve de conviver durante o tempo em que morou nas ruas de Vitória. Sem rumo depois de ter vindo de São Paulo e vivido por três anos com uma irmã em Guarapari, teve problemas com alcoolismo e entrou em depressão. Dormia em bancos de praças na Praia do Canto. Até que um motorista de aplicativo, com a ajuda de uma assistente social, o encaminhou para um abrigo municipal. Foi lá que o morador em situação de rua começou a reescrever a própria história.>
No abrigo, Jurandir obteve acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) e voltou aos estudos por meio de aulas na Educação de Jovens e Adultos (EJA). O esforço foi recompensado. Ele se tornou um dos 14 ex-moradores em situação de rua de Vitória aprovados no Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes). Hoje, frequenta o segundo período do curso técnico em Hospedagem.>
Jurandir Parrilha, 67 anos
Estudante do IfesDados da Secretaria de Assistência Social de Vitória apontam que, mensalmente, existem 420 pessoas em situação de rua, sendo que 225 vivem nas ruas e 195 estão sendo atendidas em um dos vários abrigos da Capital.>
De acordo com a secretária da pasta, Cintya Schulz, os motivos pelos quais as pessoas estão nas ruas variam de indivíduo para indivíduo e envolvem desde conflitos familiares a casos de trabalho infantil e dependência química. “A superação é diferente para cada pessoa”, pontua Cintya.>
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A abordagem a moradores em situação de rua ocorre por meio de uma equipe multidisciplinar, formada por assistente social, psicólogo e educador social. No abrigo, é elaborado um Plano Individual de Atendimento (PIA), que varia de acordo com a demanda de cada um. As pessoas acolhidas também recebem assistência psicológica, kit higiene, suporte e orientação. >
“Nosso grande objetivo, através de parcerias, cursos e orientação, é passar para as pessoas que elas podem, sim, mudar de vida", diz Rodrigo Trindade. “A permanência varia de acordo com cada caso. Porém, a ideia é que, em até seis meses, a pessoa seja reinserida na sociedade.”>
É nesse processo que se encontra Dermeval Cardoso, de 56 anos. Natural de Linhares, no Norte do Espírito Santo, chegou em Vitória em 2011, depois de enfrentar momentos difíceis após a perda da mãe. Depois de viver na Cidade Alta e passar por várias instituições em Guarapari e Piúma, no Litoral Sul, ele foi transferido para o abrigo em Santa Lúcia. Lá, retomou os estudos no EJA e também conseguiu ser aprovado no Ifes de Vitória, onde faz o curso técnico em Segurança do Trabalho.>
“Estou bem focado. Quero arrumar um emprego, alugar uma casinha e, mais para a frente, encontrar uma companheira”, planeja o estudante.>
Dermeval Cardoso, 56 anos
Estudante do IfesO pedagogo do Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (Proeja) do Ifes, Campus Vitória, Marcus Vinícius Cardoso Podestá, afirma que a instituição está sempre de portas abertas por meio de cursos técnicos integrados ao ensino médio e voltados para jovens e adultos. >
“Muitos alunos buscam o curso. Porém, mais que uma formação técnica, os estudantes encontram uma formação integral que permite a eles seguir para outros caminhos, como o acesso a uma universidade, ao mercado de trabalho ou mesmo ao empreendedorismo”, aponta Podestá.>
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