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Conheça os tubarões mais comuns no litoral capixaba

Conheça os tubarões mais comuns no litoral capixaba

O Espírito Santo tem uma diversidade muito grande de tubarões. Estudo identificou 12 espécies no trecho que abrange o Estado que podem ser perigosas para banhistas

Publicado em 20 de fevereiro de 2022 às 08:42

Ícone - Tempo de Leitura 4min de leitura
Moqueca de cação
Tubarão-tigre é uma das espécies presentes no litoral capixaba. (Pexels)
Vinícius Brandão
Estagiário / [email protected]

Os mais de sete mil quilômetros de costa brasileira são habitados por pelo menos 100 espécies diferentes de tubarões. A lista extensa conta com espécies variadas que se distinguem pelos tamanhos, comportamento e status de conservação. Sendo que muitas dessas espécies estão ameaçadas de extinção.

Espírito Santo, por ter um litoral com mais de 400 km, registra ocorrência de todas as espécies de tubarão presentes na costa brasileira, não só os que são popularmente avistados nas regiões costeiras. Esses animais não respeitam as fronteiras e, por isso, não existe uma fauna específica do nosso Estado. É o que explica o oceanógrafo e professor da UFES, Agnaldo Martins.

“Estamos em uma região de transição, com algumas características subtropicais, de clima mais frio e também próxima da área tropical. Temos tubarões que gostam de águas mais frias e de águas mais quentes. O Espírito Santo tem uma diversidade muito grande de tubarões que ocorrem na costa brasileira.”

Agnaldo Martins ainda destaca um estudo do qual participou, que foi realizado entre os anos 1990 e 2000, no trecho entre o litoral da Bahia e norte do Rio de Janeiro (incluindo todo o litoral do Espírito Santo), que identificou 12 espécies de tubarões entre as que podem ser perigosas para banhistas.

Vitória
Tubarão-martelo é uma das espécies que eventualmente podem se aproximar de praias. (Lua Amaral/Projeto Amigos da Jubarte)

Dessas 12 espécies, sete ocorrem em áreas mais costeiras e podem eventualmente se aproximar da praia: cinco delas são espécies conhecidas popularmente como tubarão-cabeça-chata (cação-fidalgo, caçonete, cação-toninha), e espécies de tubarão-martelo e tubarão-tigre.

As cinco espécies restantes ocorrem somente em regiões oceânicas, no mínimo 40 a 50 quilômetros distantes da costa: tubarão galha-branca, tubarão-azul, tubarão cação-raposa e duas espécies de tubarão-anequim.

O estudo reforça que, das espécies mais costeiras, não foi possível estabelecer uma espécie mais abundante porque a ocorrência de todas foi bem ocasional. Já das espécies oceânicas (de alto mar), a espécie que é mais abundante do que as outras é o tubarão-azul.

Segundo o conservacionista e pesquisador do Instituto Orca, Lupércio A. Barbosa, esses animais são mais habitualmente avistados na Foz do Rio Doce, na região que engloba os municípios de São Mateus e Linhares, que fazem parte do banco de Abrolhos.

“É um baixio de pedra que se estende da Foz do Rio Doce e vai até o arquipélago de Abrolhos. Ali existe um banco de corais que está mais ou menos 50 metros de profundidade, que peixes, baleias, tubarões, enfim, animais marinhos gosta de ficar” conta Lupércio.

Uma das explicações para o local ser um paraíso marinho é o fato de ser uma região de passagem da água doce para a salgada, o que faz com que tenha uma riqueza muito grande de nutrientes que atraem os mais variados tipos de espécies.

No sul do estado, nas praias de Guarapari, Anchieta, Vila Velha, Linhares, Serra, São Mateus, Conceição da Barra existem registros de captura acidental em redes de pescadores. Lupércio explica que isso tem a ver com a época migratória desses animais ou da fartura ou não de alimentos. Além de situações em que esses animais possam estar debilitados.

A presença desses e outros animais marinhos em águas capixabas indica um fator de qualidade ambiental. No Estado não existe registro oficial de ataque de tubarões. 

Ocorrência no litoral capixabas

No Espírito Santo, as teorias para os poucos avistamentos de tubarões passam pela geografia da nossa costa que pode não ser favorável a eles a correntes do mar e dos ventos. Outra é que na Foz do Rio Doce onde eles são mais comumente avistados, seja por surfista ou por pescadores, é uma área de pesca extensiva.

"Infelizmente não se sabe ao certo a distribuição das espécies no Estado porque a própria pesca comercial não é fiscalizada. Não se sabe o que desembarcar nos portos. Então, quando chegam falam que tudo é cação: vendem tubarões de várias espécies, raias, peixes onde a pesca é proibida, como cação." destaca Lupércio.

Tubarão Azul
O tubarão-azul serve de base para as exportações de barbatanas destinadas ao mercado chinês. (Lupércio Barbosa/Instituto ORCA)

E quando se falada de pesca não fiscalizada podemos citar o exemplo do Tubarão Azul, que serve de base para as exportações de barbatanas destinadas ao mercado chinês e é em um dos pescados mais baratos que invade a seção de congelados dos supermercados, com rótulos como: cação azul, cação anjo ou apenas cação.

Embora esta espécie não tenha restrições de captura na nossa região, é atualmente o principal alvo das pescarias oceânicas, especialmente nos períodos em que as capturas de outros peixes comerciais são menores.

Ameaçados

Se por um lado o número de espécies típicas do Brasil chama atenção e evidencia a biodiversidade local, por outro, a quantidade de tubarões considerados ameaçados de extinção preocupa.

Temos um percentual alto, de mais de 30% das espécies brasileiras de tubarões e raias em algum estado de ameaça. Isso é mais do que o percentual de ameaça de todas as espécies do mundo.

Aspas de citação

Na minha opinião existe uma vista grossa do governo brasileiro em relação a captura de tubarões e raias, no sentido de estabelecer normas, áreas de exclusão, estabelecer fiscalização para as espécies que são protegidas e estão sendo capturadas e comercializadas

Lupércio A. Barbosa
conservacionista e pesquisador do Instituto ORCA
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