Há dez dias, uma família de Domingos Martins, na Região Serrana do Espírito Santo, vive momentos de terror e medo. Isso porque uma cobra apareceu no telhado da casa (veja vídeo acima) em um sítio onde vivem, na localidade de Fazenda do Estado, em Aracê.
Eles afirmam que, imediatamente, acionaram o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), mas receberam como resposta que o órgão só iria ao local caso tivesse a certeza de que o animal estava lá. Desde então, eles continuam no sítio, mas vivem com medo.
A lavadora Sara Mistura, de 38 anos, afirmou que no sítio moram oito pessoas, inclusive uma criança. “Tentei comunicar o Ibama, eles não vieram. Ela entrou no forro do teto, então ninguém tem certeza se ela ainda está lá ou se saiu. Estamos dormindo, mas com muito medo. Não é uma noite sossegada", desabafou.
A família, que vive há muitos anos no sítio, contou que outras cobras já apareceram na região, mas nenhuma de tamanho parecido com a que surgiu recentemente.
A reportagem de A Gazeta procurou o Ibama e questionou o porquê ninguém do órgão foi ao local desde que foram acionados pelos moradores. Eles informaram que, até o momento, não foram notificados sobre o caso.
O instituto ainda ressaltou que o resgate de animais silvestres presentes em ambientes urbanos é realizado pelo Batalhão Ambiental da Polícia Militar, pelo Corpo de Bombeiros e pelos órgãos ambientais estaduais.
"O Ibama é acionado em caráter supletivo quando o resgate apresenta maior complexidade, como no caso de grandes felinos. Os animais resgatados são encaminhados para os Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), para tratamento, recuperação e reabilitação a fim de que sejam recuperadas as condições físicas e comportamentais necessárias para retorno à natureza. Destaca-se que os Cetas não realizam resgate, apenas recebem os animais", completou o órgão, por meio de nota.
Em nota, a Polícia Militar Ambiental, o Corpo de Bombeiros e o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) informaram que não foram acionados para a ocorrência.
Segundo o biólogo Edson Valpassos, a cobra do vídeo é da espécie caninana, não-peçonhenta e pode atingir até dois metros e meio. O animal tem preferências por árvores, mas também pode ser encontrado no solo; gosta de se alimentar de diversos tipos de presas, em especial pequenos mamíferos. Ela também consome aves e, eventualmente, répteis e anfíbios.
"É um animal que as pessoas têm medo de serem picadas como o caso da jararaca, cascavel ou, até mesmo, uma cobra coral", comentou o biólogo.
No início deste mês, um caso chamou atenção. Um menino de três anos foi picado no pé direito por uma cobra jararaca dentro do Centro Municipal de Educação Infantil Bem-Me-Quer, no bairro Hélio Ferraz, na Serra, segundo relatado pela mãe dele, Thalita Matias.
A mulher utilizou a rede social para denunciar que a creche teria tratado o caso como um "tropeço", sem informar sobre o contato com o animal peçonhento. Gael Lopes Matias então foi levado para um hospital da Serra, onde foi constatada a picada da cobra.
O menino teve alta do hospital no dia seguinte. Conforme a mãe, a criança não corre riscos. "Gael está muito bem, e a médica pediu para ele ser observado", disse.
No hospital, a criança passou por uma raspagem, técnica utilizada para remover os ferrões de animais. Em crianças pequenas, o risco após picadas é de alterações sistêmicas que podem levar a casos graves. Por esta razão, isso exige soroterapia, o que foi realizado com Gael, de acordo com a mãe.
Após a publicação da reportagem, o Ibama enviou uma nota dizendo que não foi notificado sobre o caso e que outros órgãos são responsáveis pelo resgate. O texto foi atualizado.
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