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Publicado em 17 de junho de 2025 às 10:22
O Tribunal de Contas do Espírito Santo (TCES) determinou que o Departamento de Edificações e de Rodovias do Estado do Espírito Santo (DER-ES) apresente, no prazo de 15 dias, cronograma formal e completo sobre a obra no Cais das Artes, em Vitória. >
A determinação da Corte está em acórdão revelado nesta segunda-feira (16). A relatoria do processo é do conselheiro Davi Diniz. O DER afirma que ainda não foi notificado sobre a decisão do TCES.>
O processo do TCES diz que o DER deixou de cumprir integralmente outra decisão da Corte de Contas, proferida em fevereiro deste ano, em que era determinado o envio do cronograma de atuação da Coordenação Executiva de Obras Estruturantes e Prioritárias (CEOE-III), para adotar os prazos estabelecidos na reprogramação de execução das etapas do empreendimento.
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A decisão de fevereiro deste ano apontava que, ao ser questionado, em novembro de 2024, sobre os atrasos no cronograma de execução das obras do Cais das Artes, o DER respondeu à área técnica do TC com a justificativa de que havia sido determinada a alteração na estrutura organizacional do órgão visando à criação da Coordenação Executiva de Obras Estruturantes e Prioritárias (CEOE-III).>
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À época, o DER informou ao TCES que a criação desse núcleo, por meio de uma minuta de decreto, seria "capaz e suficiente para atender a necessidade de aceleração do ritmo da obra sob acompanhamento". >
No entanto, os auditores do tribunal constataram, em despacho da Diretoria Setorial de Obras de Edificações (Dired), ligada ao DER, que a minuta citada pela autarquia "ainda estaria em estágio embrionário".>
Já no acórdão revelado nesta segunda-feira (16), ao qual a reportagem de A Gazeta teve acesso, o parecer da área técnica do TCES, seguido pelos conselheiros de contas, assevera que, embora o início das atividades da CEOE-III tenha sido noticiado, não houve a apresentação formal do cronograma cobrado em fevereiro deste ano. >
Caso não encaminhe a resposta ao TCES dentro do prazo estipulado no acórdão, o DER-ES poderá ser responsabilizado por não atender reiteradamente as determinações da Corte.>
No novo acórdão, o TCES também concluiu que a Secretaria-Geral de Controle Externo (Segex) da própria Corte de Contas deixou de cumprir determinações impostas na decisão colegiada de fevereiro. >
Entre as medidas que não teriam sido cumpridas pela Segex está a inclusão de análise detalhada da execução orçamentária das obras no Cais das Artes (montantes empenhados, liquidados e pagos, e sua aderência ao cronograma físico-financeiro) nos próximos relatórios técnicos encaminhados ao relator da ação.>
Conforme o TCES, isso se deu pela ausência de elementos que demonstrem o aperfeiçoamento dos mecanismos de monitoramento contínuo da execução contratual nos moldes exigidos pelo acórdão proferido no início do ano.>
A Corte de Contas ainda considerou parcialmente cumprida a determinação para que a Segex enviasse, ao relator do processo, de maneira mais ágil, informações sobre o andamento da obra. Isso garantiria, conforme os autos, "análises compatíveis com a necessidade de decisões ágeis e efetivas". >
"Apesar da entrega formal das informações dentro do prazo de três meses, o documento apresentado (Protocolo 06027/2025-7) se limitou a relatar eventos ocorridos no período, sem contemplar o cronograma físico-financeiro atualizado e consolidado com vinculação entre etapas executadas, marcos de medição e previsão de término de cada unidade (teatro, museu e edifício anexo), nem a situação do saldo contratual discriminando valores originais, medidos, pagos, remanescentes e montantes vinculados a aditivos", diz trecho do acórdão sobre a atuação da Segex.>
Por fim, os conselheiros consideraram que a determinação para notificar o Consórcio Andrade Valladares – Topus – Cais das Artes para manifestação foi considerada cumprida. "Mesmo que a manifestação tenha sido intempestiva, as providências adotadas pelo DER-ES, nesse caso, atenderam ao comando decisório.">
O TCES foi procurado via assessoria de imprensa, na segunda-feira (16), para comentar o acórdão em que é apontado que a Segex teria deixado de cumprir determinações da própria Corte. O tribunal informou que não comentaria o assunto.>
A obra do Cais das Artes começou oficialmente em 2010, no fim do segundo mandato do então governador Paulo Hartung. O investimento total seria de R$ 115 milhões. A previsão inicial de entrega do empreendimento era para 2012, mas uma série de contratempos e judicializações resultou no atraso da obra. >
Em 2013, um novo contrato foi firmado para continuidade das obras. Porém, em 2015, foram constatadas irregularidades na execução do projeto, inclusive com pagamentos indevidos. Já em 2023, oito anos depois da paralisação e dois anos após a morte do arquiteto Paulo Mendes da Rocha (autor do projeto), Casagrande anunciou a retomada diante do acordo judicial com o consórcio Andrade Valladares - Topus, prometendo a entrega do espaço até janeiro de 2026.>
À época, o governo do Estado divulgou que seriam desembolsados R$ 183 milhões para as operações, sendo R$ 20 milhões para recuperação e limpeza do canteiro de obras e R$ 163 milhões para as demais atividades. Até ali, já haviam sido pagos R$ 56 milhões à Santa Bárbara, primeira empresa que executou a obra, e outros R$ 76 milhões destinados para o Consórcio Andrade Valladares - Topus para a parte do projeto que foi executada até a paralisação de 2015.>
O desenho original do complexo cultural prevê um teatro com 600 metros quadrados, que deve comportar 1,3 mil lugares, e um museu com espaço de 2,3 mil metros quadrados. Além disso, o Cais das Artes deve contar com um auditório para 225 pessoas, salas de exposições, biblioteca, cantina, recepção, cafeteria e espaços para espetáculos e exposições ao ar livre.>
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