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Bijuterias com metais tóxicos são apreendidas na Grande Vitória; veja riscos

Bijuterias com metais tóxicos são apreendidas na Grande Vitória; veja riscos

Concentração de uma das substâncias encontradas é 800 vezes maior do que o permitido pelo Inmetro, podendo causar até câncer; operação aconteceu em lojas de Vitória e Vila Velha

Publicado em 16 de maio de 2025 às 09:41

Bijuterias passaram por fiscalização na Grande Vitória para identificar metais pesados
Bijuterias passaram por fiscalização na Grande Vitória para identificar metais pesados Crédito: Secom/ES

Brincos e anéis com metais tóxicos, que podem até causar câncer, foram apreendidos durante uma operação realizada pelo Instituto de Pesos e Medidas do Espírito Santo (Ipem-ES) na Grande Vitória. Ao todo, 39 bijuterias passaram pela inspeção do órgão. Uma delas, inclusive, continha 8% de cádmio e outra 12% de chumbo. O valor de cádmio encontrado foi 800 vezes maior do que o permitido pelo Inmetro.

Apesar de várias lojas da Capital e de Vila Velha terem sido alvos da operação, as joias contaminadas com metais pesados foram encontradas apenas em Vitória. Os testes foram feitos durante a ação dos agentes, nos próprios estabelecimentos.

Concentração de metal tóxico em bijuteria apreendida

Metal: Cádmio

  • Quantidade encontrada: 8%
  • Limite máximo permitido: 0,01%
Metal: Chumbo
  • Quantidade encontrada: 12%
  • Limite máximo permitido: 0,03%
  • Fonte: Ipem-ES

    A portaria do Inmetro que regulamenta esse tipo de mercadoria define um limite de 0,01% de concentração de cádmio e 0,03% de chumbo. Acima desses percentuais, cádmio e chumbo em contato com a pele podem causar diversas reações, como explica a médica alergista e imunologista, Larissa Perim. 

    Pode causar reações cutâneas apenas com o contato com a pele, como dermatite irritativa e de contato (alérgica). Além disso, é absorvido pelo organismo em pequenas quantidades, que com o passar do tempo, se acumula e causa danos. Pode ocorrer também ingestão acidental das peças, nas crianças, mas também a ingestão ocorre por alimentos contaminados pelas mãos que manipulam essas bijuterias

    Larissa Perim

    Médica alergista e imunologista

    Larissa disse também que além de vermelhidão, coceira, descamação, bolhas e dor na pele, o uso desses metais podem causar outros sintomas. "O chumbo pode causar fadiga, sintomas gastrointestinais, anemia e alterações neurológicas e o cádmio, sintomas gastrointestinais, problemas renais e osteoporose. Além disso, o cádmio é considerado cancerígeno para humanos", reforçou. O alerta fica para o uso contínuo dessas bijuterias contaminadas. "O uso das bijuterias com níveis muito elevados desses metais, principalmente se houver absorção sistêmica, leva aos sintomas relatados de forma mais intensa e rápida", finalizou Larissa.

    Operação de rotina

    A operação aconteceu nas cidades de Vitória e Vila Velha e fez parte de uma ação nacional, que aconteceu em todos os estados do Brasil. O agente fiscal do Ipem, Luiz Langoni, que participou da ação, explicou que ela acontece todo ano desde 2018, quando a regulamentação começou a valer. "Foi uma operação nacional do Inmetro, em todos os estados brasileiros. Porém, nos outros estados o produto foi coletado para ser ensaiado no laboratório. Já aqui no Espírito Santo, a gente fez o ensaio in loco, nas lojas mesmo", explicou. Por isso os resultados saíram mais rápido. Mas outros produtos também foram levados para serem analisadas em laboratório.

    O objetivo era verificar a possível presença de materiais pesados prejudiciais à saúde nas peças vendidas. "Cádmio e chumbo são metais pesados e utilizados largamente na parte industrial. O chumbo é uma barreira de proteção para radiação, o cádmio é um metal mais quebradiço, mas é usado para dar corpo, liga a estruturas. Eles não podem ser utilizados em coisas que têm contato com o corpo humano", explicou Langoni.

    Segundo ele, os produtos reprovados não tinham identificação de importador ou dado fiscal que fosse capaz de identificar o fabricante. Langoni alertou ainda que, apesar das bijuterias apreendidas terem um baixo custo, isso não é indicativo de que a peça possa conter metais pesados. Em operações de outros anos, por exemplo, até mesmo joias foram apreendidas com esses metais. Não há, portanto, uma orientação sobre como identificar se o acessório tem esses metais, mas uma dica é nunca utilizar quando estiver descascado.

    "A gente costuma dizer que se começou a descascar, não utilize mais, porque uma bijuteria descascada vai tirar o banho externo e vai ter ainda mais acesso a cádmio e chumbo, se tiver. Então, se descascou, faz o descarte, não continua utilizando não", frisou Langoni.

    Dicas para evitar problemas com esse tipo de produto:

    • Checar se o produto tem procedência: identificação de importador ou dado fiscal que indique o fabricante.      
    • Nunca utilizar o produto quando ele estiver descascado.     
    • Não se deixar levar pelo preço; apesar das bijuterias apreendidas terem um baixo custo, não é o valor o indicativo de que a peça possa conter metais pesados.

    Outras operações

    O Inmetro, em conjunto com o Ipem, realiza essas operações regularmente. Langoni explicou que conseguiu ver uma melhora de um ano para outro. "Nossa última operação antes dessa teve foco em cidades do interior do estado e o índice de reprovação foi de 80% das amostras. Percebemos uma melhora nos produtos este ano em todo o Brasil, mas não temos ainda os dados completos da operação porque alguns produtos ainda estão sendo analisados", finalizou.

    Uma parceria também era realizada com o Porto de Vitória, local por onde esse tipo de mercadoria chegava ao Espírito Santo. As amostras que não tinham laudo de composição eram reprovadas e o produto impedido de entrar no Brasil. No entanto, as fiscalizações aconteceram até 2023, quando as cargas de bijuterias pararam de entrar pelo porto. Após a apreensão, a mercadoria passa por um processo de destruição segura, para evitar riscos para a saúde.

    *Com informações da repórter Viviane Machado, do g1ES

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