Publicado em 16 de março de 2024 às 14:52
Uma adolescente de 14 anos surpreendeu médicos durante um procedimento cirúrgico. Isabely Amaral Faria estava sendo operada para retirar um tumor cerebral e começou a cantar durante o procedimento (veja vídeo acima). A cirurgia demorou 10 horas e foi realizada com a jovem acordada, conversando e cantando com a equipe médica.>
O procedimento foi realizado no Hospital Estadual Infantil Nossa Senhora da Glória (HINSG), localizado em Vitória, na quinta-feira (14).>
Durante o vídeo gravado pela equipe, os médicos conversaram com Isabely e perguntaram se ela gostaria de cantar algo. Ela, então, respondeu sobre um louvor. Os médicos disseram para escolher um que gostasse mais e ela começou a cantar a música "Perto de Ti", composta por Cláudio Louvor.>
Quando Isabely finalizou, os médicos a parabenizaram e depois pediram para que ela apertasse a mão do médico que estava filmando como um sinal de que estava respondendo bem. A jovem é moradora da Serra, na Grande Vitória.>
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O momento do vídeo foi feito quando os médicos estavam localizando a área da fala e a área motora no cérebro da paciente. Por isso ela tinha que ficar acordada, para ter a resposta na mesma hora de que nenhuma dessas partes estaria comprometida.>
De acordo com o neurocirurgião que participou da cirurgia, esse foi um caso inédito no estado de um procedimento de retirada de tumor cerebral infantil em que a criança ficou acordada.>
Walter Fagundes
NeurocirurgiãoPara a família, o resultado da cirurgia trouxe alívio. "Estamos agradecidos a Deus por ter dado tudo certo, estamos aliviados. Ela sempre cantava louvor na igreja e já tinha dito que ia tentar cantar durante a cirurgia. Mesmo antes de fazer, ela já estava confiante de que ia dar tudo certo", disse o pai de Isabely, João Batista.>
O neurocirurgião acompanhou desde a descoberta do tumor em Isabely, há um ano, até a decisão para a operação.>
"Ela começou com crises convulsivas e, a partir disso, ela foi para o Hospital Infantil. Fizeram exames, ressonâncias e identificamos essa lesão tumoral. Inicialmente, optamos por acompanhar clinicamente, mas o tumor começou a crescer e ai decidimos operar", disse o médico.>
O médico pontuou que o local onde o tumor estava era uma área muito delicada e que, se o procedimento fosse feito com Isabely acordada, poderia evitar possíveis sequelas após a cirurgia.>
"Inicialmente, ela não quis ficar acordada, ela tomou um susto, mas aí eu expliquei e falei que ela ia ficar dormindo e acordando. Expliquei a importância dela acordar durante o procedimento. E a mãe dela também foi super positiva e ela topou. Explicamos como cada etapa ia funcionar, no sentido de tentar deixar o ambiente o mais confortável e menos estranho possível", explicou Walter. >
Uma equipe de oito pessoas participou da retirada do tumor cerebral da adolescente: uma anestesista, uma anestesista assistente, um neurocirurgião, dois assistentes, uma instrumentador cirúrgica e duas enfermeiras que circulavam pela sala.>
"Como o tumor estava na área da fala, memória e da motricidade do lado direito, qualquer movimento de compressão ou de manipulação natural da cirurgia poderia causar uma dificuldade de fala, memória e uma perda da força do lado direito. E como a gente pôde monitorar a atividade cerebral continuamente durante a retirada da lesão, a gente conseguiu identificar durante a cirurgia qualquer alteração", relatou o neurocirurgião.>
O médico comentou que durante todo o procedimento a equipe foi conversando com Isabely, fazendo algumas perguntas, e que a jovem não cantou só naquele momento.>
Walter Fagundes
NeurocirurgiãoApós a cirurgia, a jovem foi levada para a unidade semi-intensiva, onde ficou sendo monitorada e realizando exames.>
A expectativa dos médicos é que Isabely tenha alta ainda neste sábado (16). A adolescente vai continuar sendo acompanhada e é necessário aguardar o resultado da biópsia, que deve demorar até 30 dias.>
"Ela está bem, conversando e depois vamos ter o resultado do estudo patológico para saber se o tumor é maligno ou beligno. De acordo com o tipo de lesão, vamos poder saber se ela está curada ou não, se precisa e algum tratamento de quimioterapia ou radioterapia", explicou.>
Com informações de Viviane Lopes, do g1 ES.>
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